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Cultura | Boa safra sonora traz jazz, pop e MPB de primeira

A música ganha destaque nas dicas da edição graças a quatro lançamentos de artistas com obras sólidas

O álbum Begin Again de Norah Jones (Divulgação)

O álbum Begin Again de Norah Jones (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de abril de 2019 às 05h16.

Última atualização em 24 de julho de 2019 às 17h22.

POP

Piano suave e voz rouca

Quando despontou em 2002, a americana Norah Jones tinha certo potencial de estrela pop, com seu álbum de estreia lhe rendendo cinco Grammys. Ela se recusou a seguir o caminho fácil de celebridade e buscou rumos artisticamente mais recompensadores. Sempre com um pezinho no jazz para construir suas canções, ela vem agora com um álbum breve (sete músicas em 28 minutos) e, com seus 40 anos de idade, maduro. Com muito piano e a voz rouca de Norah, Begin Again tem como ponto alto a faixa Wintertime, com uma guitarra solitária de sabor country pontuando o trabalho do teclado.

Begin AgainNorah Jones | Blue Note | Disponível em streaming


EXPERIMENTAL

O Brexit como tema

O inglês Matthew Herbert desenvolveu sua carreira com música eletrônica e um tempero experimental que o levou a “musicar” uma edição do jornal The Guardian. Entre seus vários projetos está o The Matthew Herbert Big Band, que agrega músicos de jazz ou de formação clássica, e que retorna agora em The State Between Us com o apelido opcional de The Brexit Big Band. É que o conceito do álbum é a reflexão sobre o que é ser britânico neste momento turbulento de separação do Reino Unido da União Europeia. Brilhante é a cover de Moonlight Serenade, clássico do bandleader de jazz Glenn Miller.

The State Between Us The Matthew Herbert Big Band | Accidental Records | Disponível em streaming


MPB

Baladas mineiras

O mineiro Lô Borges consagrou-se precocemente, aos 20 anos em 1972, como coautor com Milton Nascimento de Clube da Esquina, uma obra-prima da MPB. No mesmo ano, fez seu trabalho solo mais famoso, um LP com seu nome chamado de “disco do tênis” por causa do par de calçados na capa. Depois de recriar esse álbum em CD ao vivo em 2018, o autor do clássico O Trem Azul segue embalado no novo Rio da Lua, com dez canções cheias de violões de seu tradicional folk-pop com sábia calma mineira. Destacam-se Inusitada, uma balada elegante, e Antes do Tempo, com um aconchegante órgão ao fundo.

Rio da luaLô Borges | Deck | Disponível em streaming


JAZZ

O início de um gênio

John Coltrane é um mito do jazz pelo que fez com seu quarteto na primeira metade dos anos 60 em discos transcendentais. Mas, antes disso, já era um peso-pesado do sax tenor que acompanhou outros deuses, como Miles Davis e Thelonious Monk. Nos anos finais da década de 50, começou a desenvolver-se como artista solo e a formar seu conceito autoral. A compilação Coltrane ’58: The Prestige Recordings reúne 37 faixas de Coltrane gravadas em 1958 pelo selo Prestige. As releituras de standards como Lush Life e Time After Time são um deleite. Para quem não se contenta com formatos digitais, há a versão em caixa de cinco CDs.

Coltrane ’58: The Prestige RecordingsJohn Coltrane | Craft | Disponível em streaming

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