Revista Exame

As lições dos unicórnios: 10 startups brasileiras que chegaram ao bilhão

Da Ideia ao Bilhão, livro do jornalista Daniel Bergamasco, conta práticas de gestão e bastidores de 99, QuintoAndar, Nubank, Stone e outras

Escritório da Movile: ambiente descontraído chama a atenção, mas passa longe do segredo para o sucesso (Divulgação/Divulgação)

Escritório da Movile: ambiente descontraído chama a atenção, mas passa longe do segredo para o sucesso (Divulgação/Divulgação)

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Marcelo Sakate

Publicado em 8 de outubro de 2020 às 05h06.

Última atualização em 11 de fevereiro de 2021 às 16h15.

Crachá para cachorro, máquina que libera shake de whey protein, vestiário com chuveiro em forma de Darth Vader. Essas são algumas das curiosidades adotadas pelos unicórnios brasileiros, como são chamadas as startups que atingiram pelo menos 1 bilhão de dólares em valor de mercado. As revelações estão no lançamento Da Ideia ao Bilhão — Estratégias, Conflitos e Aprendizados das Primeiras Start-ups Unicórnio do Brasil, do jornalista Daniel Bergamasco. O livro traz lições, histórias de inovação e bastidores de dez empresas que atingiram esse ­status no país: 99, Arco Educação, Ebanx, Gympass, Loggi, iFood, Movile, Nubank, QuintoAndar e Stone.

As curiosidades chamam a atenção, mas não são fora de propósito. Ainda assim, nem de longe são, segundo o autor, o que faz a diferença nas empresas retratadas. Ao lado de métodos para criar e aprimorar modelos de negócios, são as práticas de gestão que constroem a “magia” desses unicórnios. “Muitas companhias tradicionais erram ao acreditar que basta trazer tecnologia para a operação”, diz. “O ponto de partida é envolver o time todo, sem divisão entre poucos inovadores iluminados e apertadores de botão que poderiam ser — mas não são — cumpridores de ordem.”

A pedido da EXAME, Bergamasco separou sete das práticas mais interessantes que conheceu nos 12 meses de apuração para escrever o livro e explica os significados. O convite é para que o leitor possa avaliá-las e pensar se funcionariam em sua empresa.

(Divulgação/Divulgação)

PERGUNTAS ANÔNIMAS PARA O CEO
Na Arco Educação, o CEO e outros líderes participam de uma reunião mensal com as equipes, na qual celebram os aniversariantes do mês e compartilham resultados. E abrem espaço para perguntas anônimas à liderança, que ficam visíveis a todos em uma plataforma digital.

Comentário do autor:
“Há outros unicórnios com uma prática parecida. Vez ou outra, há questões duras da equipe e certo incômodo. Mas avalia-se que a percepção de transparência compensa as saias justas.”

PROCESSO SELETIVO COM LIVRO
Em uma etapa do Recruta, o concorrido programa de trainee da Stone, o candidato precisa escolher ler um livro em uma lista de sete, que inclui obras como Empresas Feitas para Vencer, do guru de negócios Jim Collins, e Por Que Fazemos o Que Fazemos?, do filósofo Mário Sergio Cortella. A ideia é que o candidato faça conexões entre os aprendizados da obra, sua vida e o que enxerga na empresa.

Comentário do autor
“Livros são tão importantes na cultura da Stone que há vários títulos em uma vitrine na recepção, ao lado de troféus. O fundador Andre Street tem sempre indicações de leitura na ponta da língua.”

AJUDA PARA CONTRATAR O CHEFE
Funcionários da Arco Educação são frequentemente chamados para participar da escolha em processos seletivos de cargos mais altos — muitas vezes são profissionais em ascensão na empresa, mas ainda não preparados para dar o salto de que a área precisa.

Comentário do autor
“Funciona sempre? Não. Às vezes, o profissional se frustra por não ser promovido para a posição e deixa a empresa, mas muitos entendem o ganho de trazer uma liderança mais sênior.”

HONEST MARKET
No escritório principal (quando os funcionários não estão em home office, claro) e no centro de distribuição da Loggi em Cajamar, quem quer comprar lanches e snacks no meio do dia pode se dirigir a um espaço chamado de Honest Market. Não há fiscal nem câmeras: cada um escolhe na maquininha e honra o pagamento.

Comentário do autor
“Não há nada de banal no mercadinho. Ele se torna símbolo de uma cultura que dissemina autonomia e confiança.”

TRAGA SEUS PAIS PARA O TRABALHO
Sabe aquela tradição americana em que os funcionários levam os filhos para conhecer seu local de trabalho? O Gympass promove encontros para receber os pais das pessoas da equipe. É um evento com comes e bebes e também uma palestra para detalhar o modelo de negócios da empresa.

Comentário do autor
“Nem todo gestor estará preparado para encarar os questionamentos de pais zelosos pelo bem-estar de seus filhos. Mas a festa do Gympass teve um clima alto-astral [e um pai que revelou estar aliviado porque os salgadinhos não eram fitness].”

VOLTA DA MATERNIDADE
Na Movile, as mulheres que voltam de licença-maternidade recebem um vídeo de boas-vindas dos colegas em que contam os principais acontecimentos em sua ausência. O objetivo é que as funcionárias consigam ficar “na mesma página” do restante do time. Até recentemente, esse material era impresso.

Comentário do autor
“É uma ação que precisa ter coerência dentro da cultura da empresa. A Movile costuma contratar mulheres em diferentes estágios de gravidez e adota diferentes incentivos, o que passa a percepção de que se trata de uma preocupação genuína.”

EM INGLÊS
O Nubank tem profissionais de várias nacionalidades. Para que essa diversidade não se torne uma barreira operacional, a empresa instituiu trocas de e-mails e reuniões em inglês entre os pares, de modo a não excluir quem veio de fora e não fala português.

Comentário do autor
“Cada vez mais as empresas têm percebido que a diversidade só acontece plenamente se existir adaptação e preocupação com as demandas de cada um. Esse é um bom exemplo, ainda que alguns funcionários se queixem.”

(Arte/Exame)

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