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Aquele amassado que está na moda

Tecidos rústicos, como linho, e tons pastel dão o tom da estação. Mas não se espante com eventuais brilhos e paetês

Ivan Padilla

Ivan Padilla

Publicado em 5 de novembro de 2020 às 07h33.

Última atualização em 5 de novembro de 2020 às 07h33.

Os olhos do mundo da moda estavam todos voltados para o desfile da Dior na Semana de Moda de Paris, no fim de setembro. Era, afinal, a primeira grande apresentação de uma grife na era do novo coronavírus. Prevaleceu o bom senso na passarela. Em tempos de isolamento, conforto é o que veste melhor. As peças de verão estavam confeccionadas com tecidos de linho e malha. Até a Bar Jacket, tradicional paletó feminino da marca, bem ajustado, foi apresentada agora em uma versão mais solta.

A tendência se confirmou em outras apresentações nas semanas de moda europeia e se aplica à realidade brasileira. Linho já é tradicionalmente o tecido do verão e está em alta há algumas temporadas. “Neste momento as pessoas estão atrás do que é mais básico, minimalista, estão com um olhar voltado para dentro”, diz Leo­nardo Hallal, diretor de produtos da Focus Têxtil e organizador do evento Focus Fashion Summit, que apresentou no fim de outubro as novidades do mercado de vestuário.

Outros dois movimentos paralelos devem aparecer neste verão e também foram apresentados no Focus Fashion Summit. O primeiro está sendo chamado de joy (“alegria”, na tradução do inglês). É justamente o rompimento com essa moda rústica. É o desejo de romper com a calma, um anseio por liberdade, vontade de ousar. É um espírito mais condizente com um futuro próximo, espera-se, quando a epidemia tiver ficado para trás, mas que já começa a despontar, antecipadamente. As peças de roupa refletem esse anseio em materiais como bordados e jacquards, em estampas mais chamativas, em camisas de viscose de cores ácidas.

A terceira onda que aparece na moda é a dos chamados wearables, ou tecidos inteligentes. São materiais com fibras elásticas, impermeáveis, térmicas, que permitem ao corpo respirar melhor, não amassam, já estão presentes até em costumes de grifes como Ermenegildo Zegna e Hugo Boss, atendem plenamente ao anseio por conforto pedido pelo home office e devem perdurar, mesmo com a volta aos escritórios. A procura por fios tecnológicos só deve crescer de agora em diante, principalmente para o dress code corporativo.

Essas três correntes, tão diferentes e até antagônicas, devem aparecer ao mesmo tempo? “Certamente”, crava Hallal. “Peças mais rústicas estão em evidência agora, mas vamos perceber essas influên­cias diversas. Até alguns anos atrás, tendências mais uniformes prevaleciam, mas o mundo hoje está mais plural, com maior diversidade, maior circulação de informação. Há mais espaço para as diferenças.” Ainda bem.


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