Revista Exame

Como as marcas 'limpas' estão ganhando espaço no mercado de cosméticos

Feitas de insumos saudáveis, nomes como Simple Organic e Biossance quebram estereótipos e crescem no mercado de cosméticos

Itens da marca Care: produtos para o corpo todo com vitaminas naturais (Care/Divulgação)

Itens da marca Care: produtos para o corpo todo com vitaminas naturais (Care/Divulgação)

JS

Julia Storch

Publicado em 16 de setembro de 2021 às 05h42.

Última atualização em 24 de setembro de 2021 às 11h21.

Assim como é importante saber quais alimentos ingerir, também é essencial estar informado sobre as formulações que utilizamos em nossa pele. “Da mesma forma que lemos as embalagens de alimentos, passamos a ler os rótulos da indústria da beleza”, diz Bruna Ortega, especialista em tendências da consultoria WGSN. Por uma beleza limpa, ou seja, que se preocupa desde a extração e a qualidade dos insumos até o pós-consumo, marcas crescem com consumidores mais atentos e preocupados com a saúde e o planeta.

O que os empreendedores de sucesso têm em comum? Inovação será a chave de 2021. Fique por dentro em nosso curso exclusivo

Entre milhares de marcas desse mercado, o segmento de beleza limpa foi criado como “um antídoto para o espaço de beleza verde confuso e não padronizado”, segundo a Euromonitor International, provedora global de pesquisas de mercado. “Com muita pesquisa envolvida, a beleza limpa assume a abordagem do minimalismo, simplicidade e segurança, independentemente da proveniência do ingrediente natural, derivado naturalmente ou sintético”, aponta um relatório do instituto.

Sim, os cosméticos considerados limpos podem até ser sintéticos. É o caso da Biossance, marca da empresa de biotecnologia Amyris, que entre outras pesquisas desenvolveu o esqualano, versão sintetizada do esqualeno, composto orgânico proveniente originalmente do fígado do tubarão. A versão do laboratório é feita da cana-de-açúcar. Porém, mais do que produtos, a beleza limpa também é um estilo de consumo consciente para o corpo e o meio ambiente. Com esse mindset, marcas nascem das necessidades das próprias fundadoras.

“É nossa obrigação entregar para o consumidor a sustentabilidade. Não estamos fazendo algo a mais, mas o que acreditamos que deve ser feito”, comenta Patricia Lima, fundadora e CEO da Simple Organic. A marca foi lançada em 2017, por uma preocupação materna. Enquanto mamava, sua filha passava a mão no rosto da mãe e depois levava à boca os pigmentos da maquiagem.

Na época, dona de uma agência de publicidade e editora de uma revista de moda, Lima procurava por cosméticos que não tivessem insumos tóxicos em sua composição. Não encontrou. Em 2015, decidiu encerrar sua empresa no auge e montar sua marca de beleza limpa.

Adquirida pela Hypera Pharma no ano passado, a Simple Organic conta com 26 lojas físicas e 100 SKUs, com um portfólio que abrange maquiagens, produtos de ­skincare, wellness e sexual care. “Nos posicionamos como uma marca com opção de port­fólio, que é cada vez mais amplo. Quando olhamos para o sexo, entendemos o consumidor como um todo”, diz Lima.

No mesmo ano de 2017, a empresária Luciana Navarro enfrentava sessões de quimioterapia e ouviu do médico que não poderia usar diversos tipos de maquiagens e cosméticos. Com a falta de insumos aprovados para produtos de beleza, Navarro se aproximou da amiga Patricia Camargo, que na época trabalhava como diretora jurídica de uma multinacional de cosméticos, mas se via insatisfeita com o mercado. Juntas, entraram de cabeça no universo dos cosméticos limpos e de alta performance e lançaram a Care Natural Beauty em 2018. O sinal de que estavam no caminho certo foi a aprovação em um processo de seleção para um programa de aceleração pela Sephora no Vale do Silício.

Batizado de skincare colorido, a linha de maquiagens da Care contém ingredientes de alta performance, como o Duo, que pode ser usado em todo o rosto como iluminador, sombra e batom, com ácido hialurônico vegetal, vitamina E e antioxidantes da Amazônia em sua formulação. Produtos multifuncionais são uma tendência no cenário pandêmico. “Em meio à crise econômica, política e de saúde, a realidade minimalista se faz presente. Muitas pessoas perderam o emprego e procuram por produtos que consigam cumprir mais de uma função em apenas uma embalagem”, explica Ortega, da WGSN. Com o perfil alinhado aos propósitos da Care, a marca cresceu 370% em 2020. Para este ano, a meta é multiplicar por 3 o faturamento.

O risco do mercado de beleza limpa é o greenwashing. Ser vegano não é necessariamente ser clean, por exemplo. “O termo é um pouco complicado, pois permite que muitas marcas que não utilizam a sustentabilidade ou a fórmula limpa retirem um ou dois ingredientes e falem que são clean, confundindo o consumidor”, afirma Lima.

No início de setembro, a Simple Organic inaugurou sua primeira loja 100% carbono neutro no Shopping Iguatemi JK, em São Paulo. Altamente tecnológico, o espaço conta com espelhos interativos para testagem e compra dos produtos. “Não estamos à frente do mercado, é o mercado que está atrasado”, diz a empresária.


(Publicidade)

Acompanhe tudo sobre:ComprasCosméticosEXAME-no-Instagramindustria-de-cosmeticos

Mais de Revista Exame

Linho, leve e solto: confira itens essenciais para preparar a mala para o verão

Trump de volta: o que o mundo e o Brasil podem esperar do 2º mandato dele?

Ano novo, ciclo novo. Mesmo

Uma meta para 2025