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A Tigre além das fronteiras

Com queda de vendas no mercado brasileiro, a Tigre aumentou as exportações e acelerou a estratégia de internacionalização

Olsen: agressividade na conquista de mercados no exterior e ajustes internos para ganhar mais eficiência

Olsen: agressividade na conquista de mercados no exterior e ajustes internos para ganhar mais eficiência

DR

Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2011 às 11h16.

Reforçar bases de atuação no exterior, aumentar exportações, investir em novos produtos, reduzir custos e ganhar mais eficiência comercial. Essas providências estratégicas, seguidas à risca, valeram à Tigre a posição de número 1 entre as melhores do setor pelo segundo ano consecutivo.

A receita, de 600 milhões de dólares, teve queda de 11%, repetindo exatamente o mesmo desempenho do setor, mas a Tigre foi a segunda em rentabilidade, com retorno de 18,5% sobre o investimento, a quarta em liderança do mercado e a quinta em investimento no imobilizado e em liquidez. Uma marca muito comemorada foi a geração de caixa, medida pelo Ebitda, que passou de 67 milhões de dólares em 2004 para 81 milhões de dólares. "É o melhor resultado em vários anos", diz Amaury Olsen, presidente da Tigre.

O ano foi de muitos ajustes internos. Ganhos de eficiência no planejamento da produção permitiram baixar os estoques. A revisão das aplicações financeiras e corte rigoroso nos custos contribuíram para reduzir o endividamento. Na área comercial, foi mantida a estratégia de ampliar o portfólio de produtos, com a abertura de novos mercados.

Um exemplo é a linha Claris, de portas e janelas de PVC, que em menos de três anos passou a gerar o equivalente a 20% da receita. Outra característica da Tigre é ter presença constante na mídia -- investe anualmente cerca de 10 milhões de reais em publicidade, independentemente do comportamento do mercado e das oscilações da economia.

O cenário projetado para 2005 acabou frustrando as expectativas dos fabricantes. Os investimentos em infra-estrutura não aconteceram e as parcerias público-privadas (PPPs) não saíram do papel. "O resultado foi uma queda de 11% nos negócios", diz Melvyn Fox, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). No varejo, as vendas registraram um pequeno crescimento, em torno de 3%, segundo Cláudio Conz, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco).

Com o setor de construção andando devagar, a Tigre apostou no aumento das exportações, abrindo frentes em Dubai, no Oriente Médio, e nos Estados Unidos, onde entrou com as marcas Schedule, de conexões, e DWW, de produtos para drenagem, esgoto e ventilação.


Como a Tigre, um número cada vez maior de empresas está explorando essa opção -- 20% da produção da indústria brasileira de material de construção segue para o exterior. Mas as vendas externas da Tigre, de 14,6 milhões de dólares, ainda representam pouco mais de 2% do seu faturamento e, com o real valorizado, o caminho ficou mais difícil. Entre as indústrias de revestimentos cerâmicos, a Eliane não conseguiu aumentar os volumes vendidos ao exterior e a Cecrisa fechou o ano com queda.

Os executivos da Tigre sabem que, além de ter receita em dólar, é preciso investir em escala para garantir competitividade, e decidiram dar um passo mais ousado. Desde 1977, a empresa é sócia da Tubopar, líder do mercado de tubos do Paraguai, em associação com empresários locais. Mas, a partir de 1997, com a aquisição de uma indústria no Chile, a internacionalização passou a fazer parte do planejamento estratégico.

Em busca de escala, a Tigre comprou mais três empresas chilenas e conquistou a vice-liderança do mercado. Em 1999 e 2000, foram abertas operações na Argentina e no Chile. Os negócios no exterior respondem atualmente por um quarto da receita da companhia. O lance mais recente, em maio de 2006, foi o investimento de 8 milhões de dólares na instalação de uma nova unidade industrial, também no Chile, a economia que registra expansão mais consistente na América do Sul.

Com a atividade no exterior, a Tigre reduziu a dependência do mercado brasileiro, que cresce abaixo da média, e ganhou músculos para competir globalmente. Foi o que também fizeram dois grandes produtores de cimento: depois da Votorantim, dona de indústrias no Canadá e nos Estados Unidos, a Cauê, do grupo Camargo Corrêa, adquiriu em 2005 a Loma Negra, líder de mercado na Argentina, com participação de mais de 45%.

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