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Volta dos IPOs deve ser incentivado por capital estrangeiro

A migração de investimentos da Ásia para a América do Sul traz os holofotes de volta para a renda variável do Brasil

IPOs: com o ciclo de cortes da Selic, o mercado aguarda volta da ofertas públicas de ações (Germano Lüders/Exame)

IPOs: com o ciclo de cortes da Selic, o mercado aguarda volta da ofertas públicas de ações (Germano Lüders/Exame)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 21 de dezembro de 2023 às 06h00.

Última atualização em 22 de dezembro de 2023 às 12h20.

Há exatos dois anos, desde dezembro de 2021, o mercado de ações brasileiro não registra uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês). A estagnação teve início na alta da taxa básica de juros, que passou de 2% para 13,75% em menos de um ano. Com a renda fixa mais atrativa, a janela de oportunidade para IPOs fechou, como explica Leonardo Resende, superintendente de relacionamento com empresas na B3.

A consequência da Selic alta foram os resgates nos fundos de ações e multimercados, que somaram 238,44 bilhões de reais de janeiro de 2022 a novembro de 2023, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais. Mas não só os juros brasileiros estavam altos em 2023, como também os de outros países, o que refletiu em uma saída do capital estrangeiro durante seis de 11 meses do ano. Só em agosto, setembro e outubro, foram retirados 14,78 bilhões de reais de investimento externo na B3.

Para 2024, o cenário é mais otimista. Com o ciclo de cortes da Selic, os holofotes se voltam para a renda variável, somada a uma captação já positiva dos fundos de ações e ao retorno do investidor externo. No maior aporte mensal desde março de 2022, novembro registrou 21 bilhões de reais de entrada de investimento estrangeiro na B3. “Observamos uma migração de investimento da Ásia para a América Latina. Ainda não é grande, mas mostra que, dentre as opções, o Brasil é uma boa escolha”, afirma Daniel Bassan, CEO do UBS BB.

Os especialistas do Santander Brasil, Leonardo Cabral, diretor de Investment Banking, e Pedro Leite, responsável pela área de mercado de capitais, também acrescentam que o perfil das ofertas vai mudar, o que contribui para a vinda de capital externo. “Nós vimos em 2020 e 2021 empresas em estágio inicial fazerem IPO. Em 2024, devemos ver companhias mais maduras. Isso também faz o investidor de fora olhar com mais zelo para o Brasil”, afirma Leite. Só no Santander, já há 15 mandatos de empresas que visam o IPO. A aposta é que o setor de infraestrutura se destaque. “É um setor que demanda muito capital, e o IPO  pode ser um caminho”, diz Cabral.

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