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A vez da infraestrutura social? Brasil tem R$ 15 bi em leilões para 2026

Com mais de 120 bilhões de reais em projetos mapeados para os próximos anos, a expectativa é de leilões de Parcerias Público-Privadas (PPPs) para gestão de ativos de educação, saúde e habitação em 2026

Escolas estaduais de São Paulo: quase 2 bilhões de reais em investimentos previstos para a construção e manutenção (Antonio Cruz/ Agência Brasil/Agência Brasil)

Escolas estaduais de São Paulo: quase 2 bilhões de reais em investimentos previstos para a construção e manutenção (Antonio Cruz/ Agência Brasil/Agência Brasil)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 06h00.

Última atualização em 18 de dezembro de 2025 às 06h11.

Os números da infraestrutura econômica, que trata de rodovias, saneamento, portos e aeroportos, são superlativos. Depois de mais de 90 leilões neste ano, são esperados mais de 300 bilhões de reais em investimentos executados em 2026. Nesse círculo virtuoso de leilões, uma nova modalidade avança no Brasil, a da infraestrutura social. São contratos que tratam de escolas, hospitais, habitação e administração de serviços públicos.

Na prática, o modelo consiste em reunir os diferentes serviços de zeladoria, que já são prestados por empresas privadas, em um único contrato. Nos últimos cinco anos, o número de leilões agendados do segmento cresceu. Foram dois em 2021 e 16 em 2025. No total, o Brasil já teve 33 contratos assinados. “O número de leilões agendados em 2025, em comparação a 2021, é oito vezes maior”, diz Guilherme Naves, sócio da consultoria Radar PPP.

Para os próximos anos, a expectativa é de que os mais de 200 projetos vivos, ou seja, com perspectiva de realização de leilão nos próximos anos, gerem mais de 120 bilhões de reais em investimentos. O avanço se deu, segundo a Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), pelo trabalho de estruturação realizado pela Caixa, BNDES, bancos regionais e organismos multilaterais.

Os modelos desses contratos em sua maioria são de Parceria Público-Privada (PPP). As empresas recebem uma contrapartida mensal pelo cumprimento do serviço enquanto realizam investimentos que o setor público não tem capacidade de executar por restrições orçamentárias e de gestão.

Nos últimos anos, vários projetos saíram do papel. O destaque, em volume de investimento, fica para os dois lotes das novas escolas estaduais de São Paulo. São quase 2 bilhões de reais em investimentos previstos para a construção e manutenção de 33 novas escolas.

A primeira unidade deve ser entregue em fevereiro de 2026. “São PPPs de infraestrutura escolar e não envolvem nenhum aspecto do ensino ou pedagógico”, diz José Aliperti Jr., sócio-fundador da Astra Infra, empresa de educação que faz parte do consórcio vencedor do Lote Leste de escolas do estado de São Paulo.

Outros projetos em execução são da PPP do Complexo Hospitalar Souza Aguiar, no Rio de Janeiro, com investimentos previstos de 850 milhões de reais, e do Hospital e Maternidade Dona Regina, do governo do Tocantins, com 473 milhões de reais. Em dezembro de 2025, o governo de Mato Grosso do Sul leiloou o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS). Serão 966 milhões de reais para investimentos em reformas e ampliações e 7,3 bilhões de reais em recursos de operação durante os 30 anos de contrato.

O governo de Minas Gerais também realizou dois grandes leilões: o Complexo de Saúde Hope e a Gestão de Sistema Socioeducativo, que representam mais de 2,5 bilhões de reais em investimentos.

Para 2026, a estimativa é de muitos certames. São 123 projetos com modelagem iniciada, 39 deles em fase de consulta pública, etapa mais avançada do processo licitatório. Esses projetos quentes somam 15,5 bilhões de reais em investimentos.

Entre os destaques está a PPP da nova sede administrativa do governo de São Paulo. O projeto, que tem mais de 5 bilhões de reais de investimentos previstos, aconteceria neste ano, mas foi adiado. A iniciativa é acompanhada de perto por construtoras como a Acciona e a CS Infra, do grupo Simpar.

Leilões de infraestrutura escolar em São Paulo, no Paraná e no Rio Grande do Sul também estão previstos para 2026, com cifras bilionárias.

“São projetos de grande proporção como esses que vão mudar o jogo para a infraestrutura social”, diz Naves. “A administração pública percebeu a conveniência de recorrer à iniciativa privada por meio de uma nova lógica.”

Essa movimentação atrai atores tradicionais, como construtoras e empresas relacionadas à educação e à saúde, por exemplo, mas também fundos de investimentos ou empresas de outras áreas da infraestrutura.

As gestoras Kinea, Prisma e o fundo IG4 Capital são alguns que já venceram ou participaram de leilões nos últimos dois anos. Mesmo com o riscos, como a judicialização, o setor espera um 2026 cheio de leilões para ampliar os 10 bilhões de reais já contratados até 2030.

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