Armazém de grãos em Santos: o agronegócio brasileiro exportou 100 bilhões de dólares em 2013 (Germano Lüders/EXAME)
Da Redação
Publicado em 5 de junho de 2014 às 08h29.
São Paulo - O ano de 2013 não foi dos melhores para o comércio exterior brasileiro. As exportações somaram 242 bilhões de dólares, com queda de 0,2% em relação ao ano anterior, e o país fechou a balança comercial (diferença entre exportações e importações) com saldo de 2,6 bilhões de dólares, o superávit mais baixo desde 2000.
Quando são analisados somente os números da elite empresarial, no entanto, o quadro muda de figura. De acordo com os dados de Melhores e Maiores, que EXAME publicará na próxima edição, as vendas externas do conjunto das 500 maiores empresas do país atingiram 131 bilhões de dólares em 2013, um avanço de 9% sobre o ano anterior — o melhor resultado em cinco anos.
Esse grupo de empresas representa apenas 1% das companhias brasileiras que realizaram negócios com o exterior no ano passado, mas foi responsável por 54% das exportações do país.
Os números da tropa de elite dos exportadores brasileiros poderiam ter sido melhores se não fosse o desempenho ruim da Petrobras. Com a queda na produção de petróleo, a estatal reduziu as vendas externas 27% no ano passado e se distanciou da mineradora Vale, a maior exportadora do país.
Um destaque positivo foi o avanço das receitas das empresas de agronegócio, as principais responsáveis pelo superávit na balança comercial brasileira. Juntas, elas exportaram 100 bilhões de dólares, ou 41% do total obtido pelo país em 2013. A demanda chinesa, mais uma vez, foi o grande impulso.
Os preços de produtos agrícolas, como a soja, oscilaram ao longo do ano, mas proporcionaram bons ganhos. “Apesar do recuo da cotação média na bolsa de Chicago, conseguimos aproveitar as janelas de oportunidade para fechar negócios a preços melhores”, diz Martus Tavares, vice-presidente de assuntos corporativos da Bunge Brasil, uma das maiores companhias do agronegócio. As exportações da Bunge cresceram 20%.
Conquistar clientes lá fora é um trabalho de formiguinha para quem ainda está organizando a estrutura de vendas no exterior. Esse tem sido o maior desafio da mato-grossense Amaggi, que abriu o primeiro escritório na Europa em 2008, na Holanda. No ano seguinte, instalou um posto na Noruega e, em 2013, na Suíça.
“Estamos formando uma equipe de profissionais familiarizados com a cultura dos mercados que queremos atingir”, diz Judiney Carvalho, diretor-geral da Amaggi Commodities, o braço comercial do grupo. O trabalho tem surtido efeito.
Em cinco anos, a empresa avançou do 30º para o 11º lugar no ranking das maiores exportadoras. No ano passado, sua receita com exportações foi de 2,9 bilhões de dólares, 38% mais do que no ano anterior. “Até 2015, teremos um escritório na Ásia”, afirma Carvalho.
Para o analista Bruno Lavieri, da consultoria Tendências, além de tudo, o esforço do governo para criar “campeãs nacionais” nos últimos anos deu um fôlego extra para algumas empresas ampliarem as exportações. “Houve muita concessão de crédito subsidiado”, diz Lavieri, sem citar nomes.
Entre as que tiraram bom proveito dos empréstimos oficiais está a JBS. As vendas externas do frigorífico, oitavo maior exportador do país, cresceram 36%. O agronegócio brasileiro não para de conquistar espaço no exterior.