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Exportação foi vital para a ArcelorMittal crescer na crise

Decisão contribuiu para a geração de 233 milhões de dólares de lucro no ano passado. Boa parte desse resultado saiu da unidade de Tubarão

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Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2017 às 05h14.

Última atualização em 10 de agosto de 2017 às 05h14.

Há três anos, a siderúrgica ArcelorMittal tomou uma decisão que talvez tenha soado estranha aos ouvidos de quem acompanhava as dificuldades do setor no Brasil: desligado desde a eclosão do colapso financeiro global de 2008, o terceiro alto-forno da unidade de Tubarão, localizada na região metropolitana de Vitória, no Espírito Santo, seria reativado.

Religar o equipamento, em que o minério de ferro é fundido para depois ser transformado em aço, era sinônimo de aumentar a produção. Mas, na época, se avizinhava a crise econômica atual, uma das mais graves da história do país. Haveria demanda para as 7 milhões de toneladas de aço plano — usado na indústria automobilística e na fabricação de eletrodomésticos — que a companhia voltaria a produzir? Aqui, talvez não.

“Mas exportamos cerca de 65% da produção de Tubarão”, diz Benjamin Baptista Filho, presidente da empresa. “Operar a plena capacidade era fundamental para assegurar a competitividade de nossos produtos, porque isso ajuda a diluir o custo fixo da produção.”

Benjamin Baptista Filho, presidente da ArcelorMittal: a empresa subiu duas posições no ranking das maiores exportadoras | (Leandro Fonseca/EXAME)

Foi da exportação que veio em torno de 40% da receita de 4,8 bilhões de dólares da ArcelorMittal Brasil no ano passado. A empresa, além dos aços planos, também tem unidades produtoras de aços longos, voltados principalmente para a construção civil. Em 2016, a companhia foi a 11a maior exportadora entre as empresas analisadas por MELHORES E MAIORES, duas posições à frente da que ocupou em 2015.

A exportação foi vital para a geração de 233 milhões de dólares de lucro no ano passado. Boa parte desse resultado saiu da unidade de Tubarão, beneficiada pelo alcance global do grupo. Um dos maiores clientes das placas de aço produzidas lá é outra empresa do conglomerado ArcelorMittal, uma laminadora no estado americano do Alabama.

“Com a retração do mercado interno e o câmbio mais favorável, exportar foi uma saída viável para algumas siderúrgicas”, diz Marco Saravalle, analista da XP Investimentos. Mais ainda para a ArcelorMittal: a fábrica de Tubarão tem porto próprio e é servida por rodovias e ferrovias, o que ajuda a baratear o preço de venda ao exterior.

Atuar de maneira equilibrada nos dois grandes segmentos da siderurgia é uma vantagem. “A ArcelorMittal não é tão dependente dos aços planos quanto a Usiminas, nem dos longos quanto a Gerdau”, diz um executivo do setor. Em tempos de crise, foi um alívio.

Com a freada da construção civil nos últimos dois anos, as vendas de aços longos no Brasil recuaram mais de 15% — e a expectativa de Baptista é que a recuperação seja lenta. “Os investidores ainda estão cautelosos por causa da instabilidade política”, afirma.

No início do ano, a empresa anunciou a fusão das suas operações de aços longos com as da Votorantim — uma operação que, se aprovada pelo Cade, o órgão de defesa da concorrência, vai ampliar a presença da ArcelorMittal em regiões até agora pouco atendidas por ela.

“Continuamos investindo para manter o estado da arte das operações”, diz Baptista. Afinal, com crise ou sem crise, é para a frente que se tenta andar.

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