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Do vôlei para o mundo dos negócios: a sacada do ex-atleta Tande para o empreendedorismo

Ídolo nas quadras, o ex-jogador de vôlei Tande busca valor em novos negócios

Tande, sócio do Spoleto e da Bodytech: “O grande  erro de muitos atletas é  não saber se reinventar após a primeira morte” (Arquivo Pessoal/Divulgação)

Tande, sócio do Spoleto e da Bodytech: “O grande erro de muitos atletas é não saber se reinventar após a primeira morte” (Arquivo Pessoal/Divulgação)

Publicado em 25 de julho de 2024 às 06h00.

Nos próximos dias, o noticiário será tomado por histórias de quase 11.000 atletas de mais de 200 países competindo nos Jogos Olímpicos de Paris, na França. Conquistas, derrotas e histórias de superação estarão sob os holofotes, misturadas com explosões de sorrisos e lágrimas. Chegar à Olimpíada é o ponto máximo para atletas de 45 modalidades esportivas. Para alguns, mais experientes, marca também o fim de uma jornada como profissional. Ex-jogador de vôlei de quadra e de praia, e campeão olímpico, Tande chama essa fase de “a primeira morte”. É o momento de definir os próximos passos, longe de quadras, pistas, campos e arenas esportivas.    

“O grande erro de muitos atletas é não saber se reinventar após a primeira morte. O atleta morre em vida quando ele para de jogar pela primeira vez.  Muitos acham que terão o mesmo dinheiro e continuarão a ser produtivos”, diz o ex-atleta. Palestrante nos dias de hoje, ele é sócio do Spoleto e da Bodytech, dois negócios nos quais começou a investir quando já estava no vôlei de praia. “Como é difícil as pessoas entenderem que é preciso se reinventar constantemente na vida para não precisar pedir emprestado amanhã.”

Ponteiro de “nascimento”, Alexandre Ramos Samuel, seu nome de batismo, fez história com o time que conquistou a primeira medalha de ouro do vôlei brasileiro, na Olimpíada de Barcelona, na Espanha, em 1992. O feito marcou a primeira vez que o país subiu ao lugar mais alto do pódio em um esporte coletivo. “Os Jogos Olímpicos de 92, sem dúvida, foram os que mais marcaram a minha carreira. Em comunidades, víamos crianças fazendo a rede do vôlei com barbante, algo que era mais comum para o futebol”, afirma Tande. Em quadra, ele foi um dos responsáveis por eternizar o saque “jornada nas estrelas”, criado por Bernard e apresentado ao mundo na Olimpíada de Los Angeles, em 1984, quando o Brasil ficou em segundo lugar e o time liderado por Renan, Montanaro, Bernardinho e Xandó passou a ser conhecido como “geração de prata”.

276 atletas brasileiros estarão na delegação do Brasil na Olimpíada de Paris. Pela primeira vez na história, as mulheres são a maioria entre os representantes nacionais

Na volta às Olimpíadas, em Atlanta, nos Estados Unidos, em 1996, e em Sydney, na Austrália, em 2000, os acessórios usados por Tande nos jogos já eram outros. Óculos, boné e regata começaram a integrar o figurino — e os tênis deixaram de ser necessários. Na transição de carreira para o vôlei de praia, as oportunidades de negócios apareceram. “Eu costumava almoçar em um restaurante em Ipanema, e o dono chegou até mim e ofereceu a oportunidade de eu ser sócio de uma operação que ele viu funcionar no Canadá e que tinha como slogan ‘velocidade de fast food com qualidade de restaurante’”, conta. Assinado o cheque, virou sócio do então “Spoletinho”. Hoje, o conhecido Spoleto, com 364 restaurantes espalhados pelo Brasil, tem um faturamento médio mensal de 187 milhões de reais. Em 2024, a empresa estima alta de 9,6%, depois de crescer 11,7% de 2022 a 2023.

“Tenho hoje participação de 25% no Spoleto e de 0,95% na Bodytech, meu outro negócio”, afirma, em referência ao segundo convite que chegou no mesmo ano dos Jogos de Sydney. Aluno da primeira unidade da Bodytech, academia que nasceu no bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro, Tande recebeu a proposta para ser um dos primeiros sócios da rede. Mais tarde, a academia conhecida pelo apelo junto à classe A atraiu outros esportistas do vôlei, como o técnico Bernardinho e as ex-jogadoras Fernanda Venturini e Adriana Samuel (irmã de Tande), e o ator Rodrigo Santoro. Com 92 academias e 150.000 clientes, a rede tem hoje capilaridade nacional. Em 2024, estima um faturamento superior a 580 milhões de reais.

Tanto nos tempos das quadras quanto com o chapéu corporativo, em rotinas de reu-niões e decisões estratégicas Tande aprendeu máximas que guiam os seus passos. Para ele, o esforço, a partir de certo momento, acaba por se sobrepor ao talento. “Você vê um jogador muito talentoso que, por não ter uma condição física boa, vai perdendo esse ‘talento’ no meio do jogo. O segredo dos atletas e executivos de sucesso é que eles tiveram resiliência e disciplina para passar pelos degraus da dificuldade, não desistiram no primeiro desafio, não ignoraram a saúde e não se contentaram com pouco”, diz. “Uma frase que levo no vôlei para a vida é que em algum lugar, neste exato momento, tem alguém treinando intensamente para tentar ser melhor do que você.” 

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