Copa do Catar terá orçamento de US$ 200 bi, 14 vezes maior que da Rússia
Estive em Doha, no Catar, em dezembro de 2019, em visita oficial para os jogos finais do Torneio de Clubes da Fifa. Foi o último evento esportivo de grande escala antes da tão aguardada e debatida Copa do Mundo Fifa de 2022, que pela primeira vez será sediada em um país do Oriente Médio.
O que vi por lá impressionou e já indicava a grandeza do que está por vir. Alguns estádios prontos e outros em fase de finalização, e um país inteiro comprometido e mobilizado com a entrega do que será um dos mais interessantes e impactantes eventos já realizados. A começar pela época do ano na qual ele será disputado — o maior torneio esportivo do mundo ocorrerá excepcionalmente durante o mês de novembro, em decorrência das condições climáticas da região, que nos tradicionais meses de junho e julho atinge temperaturas proibitivas de mais de 50 graus Celsius.
Com um orçamento estimado em mais de 200 bilhões de dólares (em comparação, a Copa da Rússia em 2018 teve um custo de cerca de 14 bilhões de dólares), o pequeno país peninsular árabe com pouco mais de 2,5 milhões de habitantes promete entregar uma experiência única ao público com seus estádios de arquitetura arrojada e totalmente climatizados, além de uma infraestrutura de transporte e acomodação, responsável por mais de 80% do orçamento, que permitirá ao torcedor assistir confortavelmente a até duas partidas no mesmo dia.
Há ainda algo em jogo além das quatro linhas. O Catar busca relações internacionais baseadas na paixão pelo esporte e enxerga a Copa do Mundo de 2022 — e sua audiência estimada em mais de 3,5 bilhões de espectadores — como uma oportunidade única de conexão orgânica com o resto do mundo.
Eventos como esse, assim como o primeiro Grande Prêmio do Catar de Fórmula 1, realizado neste ano, são planejados para construir um legado social e cultural que resulte na criação de uma identidade nacional que legitima o anfitrião como protagonista no cenário mundial antes, durante e depois da competição esportiva.
Afinal, na era moderna do esporte e com todas as suas complexas variáveis geopolíticas e socioculturais, os participantes do maior evento esportivo do planeta necessitam, além dos 11 jogadores em campo, do resto do mundo para ser campeões.

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