Magozo, da FAB Homes: executivo de empresas no Brasil virou empreendedor ao se mudar para os Estados Unidos para acompanhar estudos da esposa em Stanford (Bernardes Arquitetura/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 15 de julho de 2021 às 05h55.
Última atualização em 18 de agosto de 2021 às 12h03.
Uma startup fundada por um brasileiro tem a missão de levar o trabalho de arquitetos brasileiros para o Vale do Silício. Fundada em 2019, a incorporadora FAB Homes recebeu 35 milhões de reais em investimentos de lá para cá — 70% disso veio nos últimos dois meses. Por trás do interesse dos investidores está a percepção da FAB Homes de estar no lugar certo na hora certa.
A startup constrói condomínios residenciais com pegada ESG, com telhados solares, encanamentos sem desperdício de água, madeiras vindas de fontes certificadas e por aí vai. Tudo isso feito sob medida para agradar aos jovens empregados em grandes empresas de tecnologia, como Google e Facebook, sediadas nos arredores.
Os projetos são de arquitetos renomados no Brasil, como Thiago Bernardes, neto do ícone modernista Sérgio Bernardes, e Arthur Casas, autor dos hotéis Emiliano, no Rio de Janeiro, e Four Seasons, em São Paulo. Em tempos de trabalho em qualquer lugar, e de um dólar ainda bastante valorizado na comparação com o real, a mão de obra dos profissionais de ponta daqui acaba saindo bem em conta para os clientes de lá.
“Além disso, os arquitetos brasileiros estão acostumados a acompanhar a execução de uma obra do começo ao fim”, diz André Magozo, fundador da FAB Homes. “Nos Estados Unidos, o usual é cada etapa ser monitorada por um profissional diferente, elevando custos.”
Formado em administração e com carreira consolidada no Brasil em empresas como a Vivo, Magozo foi morar na Califórnia para acompanhar os estudos da esposa na Universidade Stanford. “Empreendi para não ficar parado.” Em dois anos, a FAB Homes já faturou 28 milhões de reais.
Boa parte dos clientes são brasileiros endinheirados dispostos a investir numa região com uma das economias mais sólidas dos Estados Unidos — e, talvez, do planeta. O mercado imobiliário da área de 250.000 habitantes espalhados por seis cidades ao redor de Stanford fatura 40 bilhões de reais por ano, equivalente ao da cidade de São Paulo, onde moram 12 milhões de pessoas.
A julgar pelos projetos em carteira, a expectativa de Magozo é alta. “Queremos faturar 250 milhões de reais já em 2023”, diz. A demanda aquecida movimenta até o mercado local de imóveis antigos. “Casas com mais de 70 anos e 200 metros quadrados levam só 25 dias para ser compradas, em média por 17,5 milhões de reais”, diz. Meio sem querer, Magozo achou um “oceano azul” (termo para nichos pouco explorados) no Vale do Silício — para a alegria de arquitetos e investidores brasileiros.