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Ratos africanos gigantes são treinados para combater o tráfico de animais selvagens e outros crimes

Roedores estão sendo preparados para detectar minas terrestres e identificar patógenos de tuberculose

Rato-gigante-africano em ação de inspeção: esses animais usam um colete especial com um dispositivo sonoro que é ativado ao detectar sinais de contrabando. (Apopo/Divulgação)

Rato-gigante-africano em ação de inspeção: esses animais usam um colete especial com um dispositivo sonoro que é ativado ao detectar sinais de contrabando. (Apopo/Divulgação)

Mateus Omena
Mateus Omena

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Publicado em 5 de novembro de 2024 às 10h36.

Última atualização em 5 de novembro de 2024 às 10h44.

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Pesquisadores treinaram ratos gigantes para detectar atividades ilegais envolvendo o comércio de animais silvestres, como chifres de rinoceronte e escamas de pangolim, reforçando o combate ao lucrativo tráfico de vida selvagem.

Os roedores demonstraram sucesso em dois testes realizados em um porto de Dar es Salaam, na Tanzânia, e agora estão sendo preparados para uma atuação mais abrangente, incluindo a inspeção de contêineres e armazéns. Essa iniciativa amplia as funções dos roedores, que já são usados para detectar minas terrestres e identificar patógenos de tuberculose.

De acordo com o Financial Times, estima-se que o tráfico de produtos ilegais da vida selvagem movimente até US$ 20 bilhões por ano, considerado um dos maiores mercados ilícitos globais pela Interpol.

"Nosso estudo mostra que podemos treinar ratos-gigantes-africanos para detectar vida selvagem traficada ilegalmente, mesmo quando ela foi ocultada entre outras substâncias", declarou Isabelle Szott, pesquisadora da Fundação Okeanos e coautora de um artigo publicado na semana passada na revista científica Frontiers in Conservation Science.

"As maiores vantagens dos ratos são seu tempo de treinamento relativamente curto, flexibilidade para trabalhar com diferentes treinadores e custo-efetividade."

Como foi a preparação?

Esses ratos-gigantes-africanos, que podem atingir até um metro de comprimento, foram treinados em várias etapas. Depois de vária tarefas, eles ganham como recompensas objetos aromatizados.

Inicialmente, esses animais aprenderam a identificar cheiros-alvo, como presas de elefantes, e depois a ignorar aromas comuns, como cabos elétricos e café, frequentemente usados para disfarçar mercadorias ilegais.

Treinados pela organização sem fins lucrativos Apopo, os ratos se mostraram tão eficientes quanto cães em relembrar cheiros após meses sem contato.

Alguns dos roedores — batizados de Kirsty, Marty, Attenborough, Irwin, Betty, Teddy, Ivory, Ebony, Desmond, Thoreau e Fossey — homenageiam conservacionistas e ativistas de preservação da fauna.

O próximo desafio dos ratos será trabalhar no porto com coletes especiais. Ao detectar produtos contrabandeados, eles puxam uma bola em seus coletes para emitir um alerta sonoro.

Cada rato custa entre US$ 7.000 e US$ 8.000 (cerca de R$ 40,5 mil a R$ 43,6 mil) para ser treinado, um valor relativamente baixo em comparação com tecnologias eletrônicas de inspeção, como scanners e raios-X.

"A imagem negativa dos ratos como animais sujos esconde o fato de que são disciplinados e muito limpos, inteligentes e simpáticos", explicou Kate Webb, outra coautora do estudo e professora assistente da Universidade Duke. "Quando nossos ratos estão trabalhando, eles estão focados no trabalho", disse Webb.

A demanda por espécies exóticas, seja para animais de estimação ou para uso em medicamentos tradicionais e artigos de luxo, tem impulsionado o comércio ilegal. Organizações criminosas estão cada vez mais envolvidas, o que representa um risco à saúde pública, pois o tráfico de vida selvagem pode disseminar doenças infecciosas.

Para Tim Redford, coordenador da Fundação Freeland, o uso de roedores é uma "ótima ideia", dada a habilidade desses animais em acessar espaços estreitos em contêineres e em áreas onde até cães podem ter dificuldades de alcance.

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