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Juliette: entenda o aneurisma cerebral, diagnosticado na ex-BBB e em outros famosos

Condição que levou à morte da irmã da vencedora do 'BBB21' já afetou celebridades como as atrizes Sharon Stone e Emilia Clarke

Aneurisma: estima-se que 2% da população mundial tenha algum tipo de anomalia (Instagram/Reprodução)

Aneurisma: estima-se que 2% da população mundial tenha algum tipo de anomalia (Instagram/Reprodução)

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Agência O Globo

Publicado em 4 de junho de 2022 às 19h00.

Última atualização em 4 de junho de 2022 às 19h01.

A cantora Juliette lançou nesta semana a música “Solar”, que compôs em homenagem à irmã mais nova Julienne, que morreu aos 17 anos em decorrência de um AVC (acidente vascular cerebral) provocado por um aneurisma cerebral — mesma condição diagnosticada na vencedora do "BBB21" em agosto do ano passado, ao realizar exames de rotina.

“Quando eu saí (do exame), a médica já tinha reunido uma equipe de neurologistas e disse: ‘Você tem um aneurisma exatamente no mesmo lugar que a sua irmã teve’”, contou a ex-BBB em entrevista ao programa "Conversa com Bial", em março.

O mesmo diagnóstico já afetou outras estrelas, como as atrizes Sharon Stone, que revelou ter levado 7 anos para se recuperar de um aneurisma cerebral que sofreu em 2001, aos 43 anos, e Emilia Clarke, que identificou dois aneurismas ao final das gravações da primeira temporada da série "Game of thrones".

— As artérias de dentro do crânio costumam fazer muitas curvaturas, e podem ter algumas irregularidades em suas paredes que não são aneurismas, mas que os exames interpretam como se fosse — explica o neurocirurgião vascular Bruno Parente, da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN).

O que é o aneurisma cerebral

Estima-se que 2% da população mundial tenha algum tipo de aneurisma, que é uma dilatação anormal de uma artéria do corpo que forma uma espécie de balão de sangue, que pode crescer de tamanho e se tornar cada vez mais frágil até se romper. Quando essa anomalia acontece no cérebro, o rompimento pode provocar um AVC e, em casos mais graves, uma hemorragia cerebral.

A maioria dos casos são assintomáticos, com a dilatação podendo ficar por anos no cérebro da pessoa sem que ela saiba. Geralmente, os sintomas aparecem apenas no momento em que o aneurisma se rompe. Nesse caso, os principais sinais são dores de cabeça muito fortes associadas à rigidez de nuca, náusea, vômitos e oscilação do nível de consciência.

Parente destaca que os diagnósticos têm sido identificados de maneira cada vez mais precoce, e o risco de rompimento é o que determina a gravidade do aneurisma. Aqueles que têm o tamanho maior, superiores a 8 milímetros, o formato irregular e que sejam localizados em artérias mais finas têm um risco maior de ruptura. Já os que são regulares, menores que 5 milímetros e em artérias mais espessas apresentam risco menor.

— Quanto maior o risco, maior a chance do neurocirurgião indicar um tratamento. Em casos leves, pode ser indicado apenas o acompanhamento — diz o neurocirurgião.

Formas de tratamento

No caso de ruptura, o paciente deve ser levado o mais rapidamente possível para o hospital para que seja realizado o fechamento do aneurisma. O tratamento mais utilizado chama-se embolização, em que um catéter (uma espécie de tubo) é introduzido pela virilha do paciente e chega até o aneurisma, onde consegue fechá-lo. No outro método, cirúrgico, o aneurisma é exposto para que seja colocado um clipe em seu início, que impede o recebimento de sangue.

— Quando o tratamento é feito no aneurisma descoberto de forma precoce, antes da ruptura, as chances de sucesso superam 95%, e o risco associado à cirurgia varia de 0,5% a 1,5%, um risco baixo. Quando o aneurisma é diagnosticado após o rompimento, a taxa de sucesso é reduzida a menos de 50%, e os riscos são bem mais altos — diz Parente.

O ideal, explica o especialista, é estar atento aos fatores de risco que podem levar ao desenvolvimento do problema e, se for o caso, que a pessoa mantenha um acompanhamento médico.

Causas do aneurisma

De acordo com Parente, pode haver uma tendência genética em determinadas pessoas para que as artérias sejam mais resistentes ou mais frágeis, mas na maioria das vezes o que determina o desgaste dos vasos que venha a formar o aneurisma são os hábitos de vida e outros problemas de saúde.

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Os de maior relevância são a hipertensão arterial, o aumento do colesterol do sangue (porque ele agride as paredes do vaso), a diabetes e o hábito do tabagismo. Algumas doenças também podem contribuir para a fragilidade dos vasos, como as renais ou reumatológicas.

Além disso, a idade é o fator principal junto aos hábitos, sendo mais comum o diagnóstico entre os 40 e os 55 anos, reforça o neurocirurgião.

Por isso, Parente destaca que pessoas que tenham mais de 40 anos e um dos fatores de risco, e experimentem uma forte dor de cabeça atípica, ou qualquer sinal de disfunção neurológica, devem procurar imediatamente um neurologista.

Ele reforça, no entanto, que o tratamento tem bons resultados quando o diagnóstico é precoce e, mesmo em casos de rompimento, está cada vez mais eficiente.

— Nos últimos 15 anos, talvez tenha sido uma das áreas da medicina que mais avançou. Essas taxas elevadas de sucesso dos tratamentos são graças a esses avanços, que devem continuar nos próximos anos — afirma o especialista.

Como prevenir

Como forma de prevenção, a principal recomendação dos especialistas é que aqueles que sofrem de hipertensão tenham a pressão arterial controlada; que seja evitado o hábito de fumar; que sejam praticados exercícios físicos de forma rotineira e que os níveis de glicose e colesterol do sangue sejam monitorados.

Além disso, pessoas com dois ou mais parentes de primeiro grau que têm ou já tiveram um aneurisma devem começar a consultar um neurologista a partir dos 16 anos de idade para monitorar o possível surgimento do problema.

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