Succession: série da HBO está disponível no streaming da empresa (Warner Bros/Reprodução)
Repórter
Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 09h10.
Última atualização em 5 de dezembro de 2025 às 10h52.
A Netflix (NFLX) saiu vencedora do leilão da Warner Bros. Discovery (WBD) e, nesta sexta-feira, 5, anunciou um acordo pela compra dos ativos da empresa por US$ 72 bilhões. A oferta da Netflix tem um valor de mercado de aproximadamente US$ 82,7 bilhões.
A gigante do streaming fez uma proposta de cerca de US$ 28 por ação para adquirir os estúdios de cinema e TV da Warner, além da plataforma de streaming HBO Max — acima dos US$ 24 oferecidos pela Paramount. A oferta, que em grande parte foi feita em dinheiro, marca um ponto de virada importante no mercado de entretenimento.
Se a compra realmente acontecer, a Netflix se posicionará para expandir ainda mais seu império de conteúdo e se tornar uma potência não apenas no streaming, mas também na produção de filmes e programas de TV. Antes de a compra ser concluída, a Warner continuará a cisão planejada dos canais a cabo, incluindo CNN, TBS e TNT.
A compra da Warner é uma mudança estratégica significativa para a Netflix, que até então se manteve focada na criação de conteúdo original e na expansão de sua base de assinantes.
Com a aquisição da WBD, a Netflix ganha acesso a um catálogo vasto e valioso, incluindo franquias de peso como Harry Potter, Game of Thrones, DC Comics, além dos títulos renomados da HBO, como The Sopranos e Succession. A Warner Bros. Studios, com suas capacidades de produção física e portfólio de conteúdo vasto, fortalece ainda mais a posição da Netflix no mercado global.
Mas o processo de venda não foi — e não será — simples. Desde outubro, a Warner estava aberta a propostas, após recusar três ofertas consecutivas da Paramount, que também estava interessada na aquisição. A Paramount acusou a WBD de favorecer a Netflix no processo de venda e de conduzir um leilão “viciado”.
Embora a Paramount tenha argumentado que sua proposta seria mais favorável aos reguladores, a Netflix se manteve firme, e ofereceu não apenas uma quantia significativa por ação, mas também uma taxa de rescisão de US$ 5 bilhões caso o acordo não seja aprovado pelos reguladores.
O maior obstáculo que ainda paira sobre o acordo é a questão regulatória. A fusão entre duas das maiores plataformas de streaming do mundo — Netflix e HBO Max — pode levantar questões antitruste, especialmente em mercados como os Estados Unidos e a União Europeia.
O mercado de streaming já está altamente aquecido há anos, e a concentração de poder nas mãos de uma única empresa pode ser vista como prejudicial aos consumidores, o que atraíria a atenção das autoridades reguladoras.
As autoridades antitruste, tanto nos EUA quanto na Europa, provavelmente examinarão de perto a combinação de dois gigantes do entretenimento. A Paramount, em uma tentativa de bloquear o acordo, insistiu que a fusão entre a Netflix e a Warner representaria uma ameaça ao mercado, argumentando que tal união poderia resultar em uma monopolização do setor de streaming.
Se o acordo for aprovado, a Netflix não apenas consolidaria sua liderança no mercado de streaming, mas também se tornaria uma das maiores potências da indústria de conteúdo e distribuição.
A aquisição traria para a plataforma um portfólio de propriedade intelectual que rivaliza com o de qualquer outra empresa no setor, incluindo a Disney e a Amazon. A Netflix também ganharia acesso a uma vasta infraestrutura de produção e distribuição, o que permitiria à empresa expandir ainda mais sua presença global.
A Warner, por outro lado, resolveria seus problemas financeiros, que se agravaram desde a fusão entre WarnerMedia e Discovery em 2022. A empresa perdeu quase 60% de seu valor de mercado e teve um prejuízo contábil de US$ 9,1 bilhões no ano anterior. A venda para a Netflix seria uma maneira de aliviar esses desafios financeiros e garantir a continuidade de suas operações.
A aquisição da Warner também colocaria a Netflix em uma posição mais forte no mercado de franquias e merchandising, com grandes IPs como Harry Potter e DC Comics, áreas nas quais a Netflix ainda está buscando expandir suas operações. A empresa poderia, por exemplo, explorar oportunidades de parques temáticos, merchandising e até mesmo jogos, diversificando ainda mais suas fontes de receita.
O processo ainda não está concluído, e há muitos passos a serem dados antes que o acordo se concretize.
A Netflix terá que navegar pelas questões regulatórias e garantir que a transação seja aprovada pelos órgãos responsáveis. Além disso, o valor da proposta e a taxa de rescisão de US$ 5 bilhões oferecem um sinal claro de que a empresa está disposta a enfrentar qualquer obstáculo para concretizar a aquisição.
Para os fãs de conteúdo e para os investidores do setor de entretenimento, o acordo pode reconfigurar o mercado de forma dramática. A Netflix, ao integrar o portfólio da Warner, não apenas expandiria seu alcance, mas também fortaleceria ainda mais sua posição como líder no streaming e no desenvolvimento de franquias de entretenimento.
Ainda assim, o futuro da Warner está longe de ser decidido. A negociação continua em andamento, e a batalha por seus ativos deve marcar um novo capítulo na evolução do mercado de mídia. O que está em jogo é mais do que uma simples aquisição de estúdios e plataformas de streaming; trata-se de um movimento estratégico que pode mudar para sempre o cenário do entretenimento global.