Você provavelmente nunca ouviu falar desta startup
A Meituan Dianping entrega alimentos em casa, vende mantimentos e ingressos de cinema, oferece críticas de restaurantes e anuncia descontos para compradores
Da Redação
Publicado em 20 de outubro de 2017 às 17h43.
Última atualização em 20 de outubro de 2017 às 17h54.
A chinesa Meituan Dianping acaba de se tornar a quarta startup mais valiosa do mundo, com uma avaliação de US$ 30 bilhões que a coloca à frente de grandes nomes como Airbnb e Space X.
Nunca ouviu falar da Meituan? Você não é o único. A empresa com sede em Pequim, dirigida por Wang Xing, é quase desconhecida fora de seu país natal.
Ela entrega alimentos em casa, vende mantimentos e ingressos de cinema, oferece críticas de restaurantes e anuncia descontos para consumidores que compram em grupo. É uma espécie de mistura entre Groupon, Yelp, Foodpanda e Uber Eats.
O apelo da Meituan para os investidores é a posição dominante que ela ocupa em um mercado de mais de um bilhão de pessoas.
Ela foi formada por meio da fusão da Meituan.com com a Dianping.com em 2015, que criou a principal operadora de serviços de internet solicitados através de aplicativos de smartphone.
Na última rodada, ela captou US$ 4 bilhões da Tencent Holdings, da Sequoia Capital e da Priceline Group, o colosso americano das viagens.
“É quase um monopólio construído a partir do estômago de 1,4 bilhão de pessoas”, disse Keith Pogson, líder de seguros globais para mercados bancários e de capitais da consultoria EY em Hong Kong.
Wang fundou a Meituan.com em 2010, como um site de compras grupais parecido com o Groupon, onde as pessoas podem obter descontos comprando juntas produtos eletrônicos ou refeições em restaurantes.
A Dianping foi fundada em 2003 em Xangai com críticas de restaurantes e de outros comércios locais e depois se diversificou com descontos grupais. No momento da fusão, há dois anos, as empresas estavam avaliadas em US$ 15 bilhões.
A Meituan Dianping se expandiu muito além dos negócios originais. Com alguns toques em seus aplicativos de smartphone, os clientes chineses podem pedir refeições quentes, mantimentos, massagens, cortes de cabelo e manicures em casa ou no escritório.
Um serviço popular: lavar o carro enquanto o dono estiver no trabalho ou ele estiver estacionado na rua – você recebe uma foto pelo celular para conferir o serviço terminado. A Meituan afirma que agora tem 280 milhões de usuários anuais ativos e trabalha com 5 milhões de comerciantes.
As ofertas, conhecidas coletivamente como serviços O2O (on-line to off-line), poderiam acabar tendo mais sucesso na China do que nos EUA. Os custos da mão de obra são mais baixos na China, as cidades estão mais densamente habitadas e a população é maior.
O mercado O2O do país disparou 72 por cento, para 762 bilhões de yuans (US$ 115 bilhões) no ano passado, segundo estimativas da consultoria IResearch.
No entanto, Pogson, da EY, alertou que as avaliações na China podem estar ficando um pouco superaquecidas. Ações de empresas privadas como Meituan e Uber não são negociadas todos os dias nos mercados líquidos, por isso as avaliações quase não mudam e costumam crescer.
Além disso, muitas das rodadas de financiamento na China e nos EUA são feitas com “catracas” (ratchets), ou seja, proteções para que os investidores sejam compensados se as avaliações caírem depois.
“Esses números não devem ser levados tão a sério”, diz ele.
Este conteúdo foi publicado originalmente no site da Bloomberg .