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“Uber dos caminhões”: CargoX dará R$ 300 mi em crédito para crescer

Startup que conecta encomendas a transportadoras aposta em dar benefícios aos empreendedores de logística, como linha de financiamento de capital de giro

Federico Vega, da CargoX: aproximação com os serviços das fintechs é uma das peças para a criação de um “ecossistema logístico com clube de benefícios” (Marcelo Pereira/FOTOKA/CargoX/Divulgação)

Federico Vega, da CargoX: aproximação com os serviços das fintechs é uma das peças para a criação de um “ecossistema logístico com clube de benefícios” (Marcelo Pereira/FOTOKA/CargoX/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 23 de julho de 2019 às 18h07.

Última atualização em 24 de julho de 2019 às 19h30.

A CargoX, startup de logística que ficou conhecida como “Uber para caminhões”, ampliou seu escritório e seu leque de estratégias para expandir a presença pelo país. A profissionalização dos caminhoneiros atendidos, seja por serviços financeiros ou tecnológicos, é o plano da CargoX para continuar ampliando sua base de transportadoras ativas em 20% mensalmente.

O principal serviço para essa profissionalização -- uma linha de financiamento ao capital de giro de transportadoras -- representa uma aposta de 100 milhões de reais. Ela será expandirá para 300 milhões de reais em 2020, nos planos do fundador Federico Vega. “Mudamos nosso posicionamento para atender as pequenas transportadoras, mais que os autônomos de um caminhão só.”

Uma cara de fintech à logística

A virada de foco da CargoX não vem por acaso. Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres, o Brasil tem cerca de 150 mil transportadoras, com uma média de 7,6 caminhões. Essas empresas, como muitas outras, sofrem com o capital de giro necessário para suportar o tempo entre investir na entrega (compra do caminhão, contratar o motorista, colocar combustível) e receber o pagamento de seu cliente.

“É um mercado pequeno para os grandes bancos se desdobrarem em uma oferta específica de financiamento. Ao mesmo tempo, é uma demanda considerável para uma empresa desse nicho, como nós, atender.”

Dos 100 milhões de reais reservados no último mês para a linha de financiamento ao capital de giro, 80 milhões de reais já foram concedidos. No ano que vem, a linha de 300 milhões de reais será estruturada em um fundo de investimentos, balanceando diversos perfis de risco de crédito e tornando-se uma nova fonte recorrente de ganhos para a CargoX.

Além do financiamento ao capital de giro, a startup de logística estuda fornecer outros serviços típicos das startups de serviços financeiros, ou fintechs. O negócio estuda criar seu próprio meio de pagamento e já melhora seus seguros por meio da inteligência artificial. O estudo dos históricos de rotas reduz os riscos de desvios de carga -- 0,1% de todas as encomendas transportadas por caminhões são roubadas e a CargoX reduz a porcentagem pela metade.

A aproximação com os serviços das fintechs é apenas uma das peças para a criação de um “ecossistema logístico com clube de benefícios”, segundo Vega.

A CargoX criou uma “sala VIP” para seus caminhoneiros em Santa Bárbara d'Oeste (São Paulo) em maio deste ano, atendendo 250 caminhoneiros por mês com locais de descanso e abastecimento de combustível em parceria com a rede de postos Petrobras. No futuro, venderá peças de reposição aos caminhões e chegará a 100 locais do tipo até 2020. A startup afirma gerar uma economia de custos de 14 mil reais por ano e por caminhão com tais benefícios.

A expansão de benefícios acompanha o aumento de posições no escritório da CargoX, no bairro Vila Olímpia (São Paulo). A startup tem 450 funcionários atualmente, mas pretende chegar ao ano que vem com 700 membros em um espaço de 2.000 m².

Novo escritório da CargoX

Novo escritório da CargoX (CargoX)

Números e internacionalização

Fundada em 2013, a CargoX tem 350 mil caminhões conectados a seu aplicativo, que atendem 8 mil empresas como Ambev (bebidas), Unilever (bens de consumo) e Votorantim (indústria pesada). O aplicativo conecta corporações com necessidade de levar cargas a transportadoras que rodam caminhões com ociosidade ou não possuem carga ao voltar de uma entrega, por exemplo. A parcela de veículos rodando sem carga chega a 43%, num país em que quase 80% dos serviços de transporte utilizados são rodoviários. A startup cobra das empresas donas das cargas pelo transporte e faz o repasse para os caminhoneiros, adiantando pagamentos.

A internacionalização é outro plano para a startup de logística. Apesar de ainda haver potencial de expansão pelo Brasil, Vega não descarta levar a CargoX a países vizinhos -- algumas entregas já saem do país e têm como destino Argentina, Paraguai e Uruguai. A expansão internacional deve ocorrer apenas no final de 2020.

A CargoX faturou 500 milhões de reais em 2018. A empresa não comenta sua avaliação de mercado atual, que será redefinida apenas em uma nova rodada de aportes. A startup de logística acumula 95 milhões de dólares em investimentos feitos por entidades renomadas no mercado de startups e de mobilidade. O banco Goldman Sachs, o fundo de investimento Blackstone, o megainvestidor Blackstone e o cofundador da Uber Oscar Salazar fazem parte da lista de aportadores na CargoX. Recentemente, o cofundador da 99 Paulo Veras entrou para o conselho de administração da CargoX.

A startup tem números e apostadores de peso -- e, agora, trará os caminhoneiros cada vez mais para seu lado.

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