Startups brasileiras recebem US$ 87 mi em investimentos em julho
No total, as empresas brasileiras já acumulam mais de 927 milhões de dólares recebidos ao longo de 2020 em 222 rodadas
Carolina Ingizza
Publicado em 12 de agosto de 2020 às 11h10.
Última atualização em 12 de agosto de 2020 às 18h25.
O mercado de venture capital seguiu ativo em julho. Levantamento feito pela empresa de inovação Distrito sobre o ecossistema brasileiro de startups mostra que as empresas fundadas no país receberam um total de 87 milhões de reais, distribuídos em 37 rodadas de investimento , ao longo do último mês.
O total é 81% menor que os 462 milhões de dólares recebidos no mesmo mês em 2019, mas é 117% maior que julho de 2018. Segundo Gustavo Geirun, cofundador do Distrito, o aporte de 400 milhões de dólares recebido pela fintech Nubank em julho do ano passado causa essa diferença nos números. A rodada série F do Nubank concentrou 86% do volume investido naquele mês.
"Foi um investimento fora da curva e, se o considerarmos à parte, percebemos que o montante total de aportes realizados em julho de 2020 apresenta um número relevante e saudável para o ecossistema de startups do mercado brasileiro”, afirmou Geirun.
No acumulado, as startups brasileiras já somam 997 milhões de reais, em um total de 222 rodadas. Na comparação com o mesmo período de 2019, há uma queda de 49% no total investido. Apesar disso, o número de cheques realizados até julho deste ano já é o maior da história do país.
Principais rodadas de julho
O levantamento aponta que as principais rodadas de julho foram as séries B da gestoras de investimento Warren e Magnetis. No dia 9, a Warren, fundada em 2017 em Porto Alegre, anunciou ter recebido 22,3 milhões de dólares em uma rodada liderada pelo fundo americano fundo americano QED Investors (Nubank, Loft).
No final do mês, a concorrente Magnetis também divulgou ter recebido 11 milhões de dólares em uma rodada liderada pelo fundo Repoint eventures (Creditas, Gympass) e com participação da Vostok Emerging Finance. Criada em 2015, a gestora ficou conhecida por montar carteiras de investimento administradas por robôs.
Além delas, o Distrito destaca também o aporte série A recebido pela Solfácil, startup que financia projetos de energia solar. O aporte de 4 milhões de dólares foi liderado pelo fundo americano Valor Capital Group (Stone, Gympass).
Fusões e aquisições
Ainda que os investimentos não tenham sido interrompidos, muitas startups precisaram recorrer a fusões e aquisições para se fortalecer durante a crise causada pelo coronavírus. 2020 já é o ano com mais eventos do tipo na história do mercado brasileiro: ao todo, foram 63. O número é 80% maior que o do mesmo período do ano passado, quando somente 35 acordos assim aconteceram. Só em julho deste ano, foram 18.
De acordo com Gierun, as fusões e aquisições devem se intensificar ao longo do segundo semestre. “A pandemia acelerou o processo de digitalização da economia e alterou o comportamento das pessoas. Isso gerou oportunidades enormes. As grandes empresas entenderam que inovar e ser digital é mandatório e, portanto, deverão buscar a aquisição de startups", diz o sócio da Distrito.
O especialista também aposta em um movimento forte de fusões e aquisições entre as próprias empresas de tecnologia com objetivo de consolidar mercado ou oferecer uma jornada mais completa aos seus clientes.