Adriano Santucci, CEO da Fabenne: startup de vinhos na caixa quer levar bebida ao dia a dia da população (Arthur Garutti/Fabenne/Divulgação)
O varejo digital não foi o único setor beneficiado com a pandemia. Com o isolamento social e o maior tempo em casa, o consumo de vinho cresceu 72% nos últimos meses de 2020, segundo dados da consultoria Ideal Consulting. E neste ano a tendência se mantém: o consumo já cresceu 4% frente ao mesmo período de 2020. Atenta a esse cenário, a Fabenne, startup de vinhos na caixa, espera surfar a onda do e-commerce, enquanto aposta na sustentabilidade e economia para continuar lucrando.
A Fabene mantém o ritmo de crescimento do setor como um todo e, apenas nos primeiros seis meses deste ano, dobrou o número de vendas quando comparado ao mesmo período do ano passado, chegando a 50.000 caixas, o equivalente a 1 milhão de taças. Vale, nesse caso, a explicação: a Fabenne faz uso do modelo bag-in-box, no qual os vinhos não são vendidos nas tradicionais garrafas, mas sim em caixas de 3 litros, com uma pequena torneirinha acoplada que impede a passagem de ar. O sistema faz com que, depois de aberto, o vinho tenha validade de até um mês.
Quem ganha, nesse caso, são os consumidores, segundo Adriano Santucci, CEO e fundador da startup. “Queremos democratizar o acesso a essa bebida no país, e deixar de lado a ideia de que vinho é algo chique e inacessível”, diz.
Fundada em 2017 por Santucci e os sócios Thiago Santucci e Arthur Garutti, todos familiares, a Fabenne começou como um negócio voltado para o food service, com foco especial em restaurantes. Foi em 2020, com a pandemia de covid-19 e o boom nas vendas digitais, que a empresa decidiu mudar seu modelo de negócios para o B2C, de olho no consumidor final.
A aposta foi certa: 5%, o B2C passou a representar 95% das vendas da empresa. Ao mesmo tempo, a Fabenne triplicou o número de vendas anual, quando comparado ao ano de 2019 e faturou 4 milhões de reais. Em 2021, a empresa já atingiu essa marca — seis meses antes do final do ano.
Na prática, a empresa quer tirar a ideia da democratização do vinho do papel de duas formas: com as caixas de 3 litros de vinhos mais simples, mas também com a ajuda do e-commerce, canal que mobilizou grande parte dos novos esforços estratégicos da empresa. O racional por trás da decisão está no volume de informações que podem ser obtidas no canal online, dos hábitos de compra ao tíquete médio, explica Santucci.
“O bag-in-box foi a maneira que encontramos de quebrar uma barreira do mercado que faz do vinho um produto de consumo apenas em ocasiões especiais e o digital é a maneira de expandirmos ainda mais isso”, diz.
Fora a durabilidade, outro benefício dos vinhos na caixa está ligado à sustentabilidade. As embalagens são biodegradáveis e consomem cerca de 50% menos carbono em sua produção, segundo o fundador.
Em outra frente, o desejo da Fabenne também é atrair uma nova geração de consumidores. “Acreditamos que esse será o primeiro vetor para novos consumidores no mercado de vinho como um todo, com novos formatos que também farão novos consumidores entrarem”, diz.
Daqui para a frente, manter o crescimento de 300% ao ano vai depender do fato de o centro das atenções continuar sendo o e-commerce. “Uma coisa está ligada à outra. Vamos expandir nosso alcance e falar diretamente com o consumidor”, diz. A volta dos restaurantes também deve trazer um fôlego a mais para que a startup cresça em 2021 e cumpra o objetivo de ser a principal empresa do segmento. "Queremos ser a principal startup de vinhos do país. É uma meta ousada, mas possível".