SoftBank (Issei Kato/Reuters)
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2020 às 13h27.
Última atualização em 27 de janeiro de 2020 às 13h43.
O fundo latino-americano do grupo japonês Softbank deu a largada para 2020. O Softbank divulgou nesta segunda-feira que a empresa fechou um acordo para aportar 125 milhões de dólares em um aporte série B na fintech mexicana AlphaCredit.
O negócio da startup consiste em oferecer soluções de crédito a pequenas e médias empresas na América Latina. Mexicana e fundada em 2010, a AlphaCredit atua no México e na Colômbia. Além das PMEs, a empresa tem também um braço voltado a crédito para o consumidor final.
Com nove anos de atuação, a startup afirma já ter chegado à cifra de 1 bilhão de dólares em empréstimos concedidos a mais de 500.000 clientes. Por meio de tecnologia, a empresa consegue melhor analisar comportamentos dos consumidores e chegar a baixas taxas de inadimplência, o que a possibilita oferecer taxas de juros menores do que grandes instituições financeiras. "Sua abordagem é superior a todos os que pertencem ao seu ecossistema", disse em nota sobre a AlphaCredit o diretor de investimentos do SoftBank International, Paulo Rossini.
Além do Softbank, outros investidores de capital de risco participaram da rodada, mas os grupos não foram divulgados. O aporte ainda está sujeito à aprovação de órgãos reguladores do México.
“Este investimento nos permitirá seguir fornecendo empréstimos rápidos, fáceis e flexíveis para indivíduos e pequenas empresas, ajudando-os a melhorar sua qualidade de vida e promover o crescimento econômico”, disse o co-fundador e co-presidente (CEO) da AlphaCredit, José Luis Orozco, em comunicado divulgado pelo Softbank. Orozco comanda a empresa ao lado do também co-fundador e co-presidente Augusto Alvarez.
Este é o primeiro aporte divulgado publicamente pelo fundo latino-americano do Softbank em 2020. O Vision Fund para a América Latina, fundo anunciado pelo grupo japonês no ano passado, tem como objetivo destinar 5 bilhões de dólares ao financiamento de startups na região.
Em 2019, o Softbank aportou na América Latina entre 6 e 10 bilhões de reais (o equivaleria a mais da metade do valor do fundo em dólares), segundo afirmou em dezembro o diretor da operação brasileira, André Maciel.
O Softbank fez 14 investimentos divulgados na região, dez deles no Brasil, segundo Maciel. O número não inclui eventuais investimentos não revelados publicamente.
No México, outra fintech que recebeu investimentos do grupo foi a Konfio, também de crédito para empresas e que promete aprovar financiamentos de forma mais rápida. A startup recebeu 100 milhões de dólares, segundo confirmado em dezembro do ano passado.
Fora do Brasil, outras startups financiadas na América Latina são a empresa de entregas colombiana Rappi (que recebeu um gordo cheque de 1 bilhão de dólares em 2019) e a fintech argentina Ualá (que recebeu 150 milhões de dólares, sendo o primeiro aporte público da empresa na Argentina)
Dentre as empresas brasileiras que receberam aportes, estão a empresa de logística Loggi, a fintech Creditas, a empresa de aluguéis QuintoAndar, o Gympass, de passes de academias, a Buser, de viagens de ônibus, a Vtex, de plataforma de e-commerce, a MadeiraMadeira, de venda de móveis, a Volanty, de venda de carros, e o banco Inter, a única com capital aberto.
O Softbank é uma das estrelas de um movimento sem precedentes na história do ecossistema de startups brasileiro. A estimativa é que a América Latina tenha fechado 2019 com 3,5 bilhões de dólares em aportes feitos por fundos de venture capital na região, segundo estimativas da empresa de inteligência sobre startups Distrito com base em dados da Lavca, associação latino-americana de venture capital. Desse montante, o Brasil recebeu 2,7 bilhões de dólares, segundo outro relatório da Distrito divulgado neste mês. Há três anos, em 2016, a América Latina inteira havia recebido 500.000 dólares.
No fim do ano passado, Maciel, do Softbank, afirmou que as apostas do grupo no Brasil seriam menos "óbvias" em 2020 na comparação com os investimentos feitos até agora, mas que ainda havia “muito mato a ser cortado” no país e na região. O executivo afirmou que ainda não havia feito os maiores investimentos do Softbank no Brasil, mas que o número de aportes iria diminuir. A ver quais novas empresas o Softbank escolherá em terras latino-americanas nos próximos meses.