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Recém-chegado ao Brasil, rival do Uber recebe US$ 120 mi

Aporte foi liderado pela empresa de serviços de internet Rakuten, baseada no Japão. O foco, como em outros investimentos, será na expansão pela América Latina.

Cabify: serviço chegará à São Paulo em maio, mas estava de olho no Brasil desde o ano passado (Cabify/Divulgação)

Mariana Fonseca

Publicado em 26 de abril de 2016 às 06h00.

São Paulo - O mercado de transporte individual ficará ainda mais concorrido no Brasil. Além do Uber, outra startup entra para esse ramo no país: a espanhola Cabify, que irá chegar à cidade de São Paulo em maio deste ano.

Recursos não faltam. A empresa acabou de anunciar que recebeu um investimento de 120 milhões de dólares, liderado pela empresa de serviços de internet Rakuten, baseada no Japão.

Esse valor será usado para financiar a expansão do serviço na América Latina, o que já havia acontecido em aportes anteriores. Dessa vez, porém, o Brasil entrou efetivamente no radar de atuação da Cabify.

"Vimos uma grande oportunidade no mercado das grandes metrópoles da América Latina, por conta de uma grande diferença de qualidade nos serviços de transporte individual e da presença da informalidade", explica Daniel Velazco Bedoya, chefe de operações da Cabify no Brasil. "Quisemos trazer mais segurança e qualidade ao setor, e tivemos uma grande aceitação tanto por parte dos consumidores quanto por parte dos que dirigem."

Série de investimentos

A Cabify já acumula uma história de aportes. Fundada na Espanha em 2011, a startup costumava focar mais no transporte corporativo e logo atraiu o interesse de investidores do Vale do Silício. No ano seguinte, a startup conquistou um aporte de 3 milhões de dólares e chegou a países como Chile, México e Peru.

Em 2014, a Cabify fechou uma rodada de investimento-semente e série A, liderada pelo fundo Seaya Ventures. No segundo semestre de 2015, houve outra rodada, dessa vez de série B, liderada pela Rakuten - a mesma empresa que liderou o aporte divulgado agora.

O investimento de 2015 marcou o começo do interesse da Cabify pelo Brasil, conta Bedoya. "Uma vez que consolidamos bem os mercados da Colômbia e do México, conseguimos esse aporte. A gente estava em um plano de expansão interessante e, com essa entrada de recursos, o Brasil ficou no nosso radar. O investimento de 2016 é um impulso maior ainda para entrar no país, e estamos muito confiantes."

Hoje, o negócio está presente em 14 cidades, em 5 países diferentes. Mesmo assim, o executivo já havia contado ontem à EXAME.com que o negócio está longe de equilibrar receitas e despesas. Isso porque a Cabify ainda está investindo pesado em expansão. "O burn [queima] de capital é muito grande, ainda mais em operações jovens", afirma.

Concorrência e funcionamento

Bedoya também já havia adiantado alguns detalhes de como o serviço irá operar no Brasil. Duas categorias do serviço de transporte chegarão neste ano: o Cabify Light e o Cabify Executivo. Assim como ocorre com o UberX e o Uber Black, a diferença está na qualidade dos veículos (e no preço).

A startup já enfrenta a concorrência do Uber em diversos mercados e "entende suas diferenças", diz o chefe de operações. "Temos condições mais interessantes para os passageiros e para os motoristas. Estipulamos nossa tarifa apenas com base na distância, e não também com o tempo. Isso dá mais transparência e gera confiança no usuário, que sabe exatamente quanto vai pagar. Ao mesmo tempo, o motorista sabe com mais precisão quanto irá tirar da corrida."

Porém, ainda não está definida qual será a tarifa que a Cabify praticará, nem como será a divisão da receita das viagens entre startup e motorista. Em outros mercados, a empresa cobra do condutor de 15% a 25% do valor de cada corrida. A Cabify já está fazendo uma pré-seleção de motoristas brasileiros de forma online.

Além da definição do preço da corrida, outro ponto que Bedoya ressalta é a negociação com a Prefeitura de São Paulo sobre como será a entrada da startup na cidade. "Nós só entramos nos países como uma empresa legal, fazendo todos os processos e pagando impostos, sem conflitos com o governo. Tivemos algumas conversas e teremos outras em breve."

Um dos temas desses encontros será a entrada dos " táxis pretos " no aplicativo, por exemplo. "Eles cabem com a nossa proposta de intermediar um serviço de transporte individual de alta qualidade e, na Espanha, já trabalhamos com uma categoria de táxis mais sofisticados."

Expansão

Por enquanto, a Cabify operará 100% em São Paulo. "Queremos entrar muito bem na cidade primeiro, e até o final deste ano já devemos ter uma expansão, de acordo com nossos planos", diz o executivo.

"Temos uma meta de expansão super agressiva, com milhares de motoristas até o fim do ano e centenas de milhares de usuários. Vemos São Paulo como uma grande oportunidade para conseguir alcançar essas metas, além da entrada de grandes cidades nos próximos meses."

São Paulo - Montar uma startup e ter sucesso com ela não é uma missão simples. Para ajudá-lo nesta tarefa, EXAME.com consultou especialistas que elencaram as principais dicas para quem está começando a trilhar este caminho. Os conselhos abrangem assuntos que vão do amadurecimento da sua ideia de negócio até a melhor forma de buscar ajuda de investidores. Veja as dicas nas fotos acima.
  • 2. 1 – Critique a sua ideia

    2 /12(Foto/Thinkstock)

  • Veja também

    Se você teve uma ideia de negócio para uma startup, precisa estar preparado para colocá-la à prova. “É importante o empreendedor tentar entender se essa ideia é consistente, se existe um mercado para isso e se as pessoas estão dispostas a pagar por aquilo”, afirma Giuliano Baptistella, COO da Gema Ventures, uma aceleradora de startups. Como fazer isso? Converse com o máximo de pessoas possíveis e coloque-se na pele do seu possível cliente, tente imaginar como ele se comportaria usando esse produto e busque identificar se aquela solução vai de fato facilitar a vida dele. Essa é a fase de validação da sua startup.
  • 3. 2- Seja flexível e, ao mesmo tempo, persistente

    3 /12(Rolphot/iStock)

  • Ao criticar a sua ideia, você provavelmente vai precisar fazer ajustes para que ela amadureça. Portanto, não se apegue. “Você vai consultar as pessoas e, a partir dos feedbacks que receber, vai precisar adaptar seu produto. Sendo assim, você não pode ter aquele apego muito forte ao seu negócio”, afirma Luisa Ribeiro, CEO da Gema Ventures. Porém, ao mesmo tempo em que o empreendedor deve ter flexibilidade, ele também precisa ser persistente – e muito. “Se perceber que sua ideia não é tão boa assim, não precisa desistir. O empreendedor precisa ser resiliente, ter garra para continuar”, ressalta.
  • 4. 3 – Conheça suas limitações

    4 /12(Getty Images)

    Não queira colocar sua ideia em prática sozinho. “Quando você tem uma ideia, deve pensar: Quem vai fazer isso comigo?”, afirma Marcilio Riegert CEO da aceleradora Start You Up. Segundo Riegert, é importante buscar pessoas que te complementem, ou seja, que tenham habilidades que você não tem. Outra coisa: essas pessoas precisam estar engajadas com o projeto. “A equipe precisa estar jogando junto, precisa querer fazer acontecer”, resume.
  • 5. 4 - Resolva os problemas como se fossem seus

    5 /12(Thinkstock)

    A máxima “Trate os outros como gostaria de ser tratado” também vale para os negócios. Frederico Flores, consultor e CEO da startup Ecommet, recomenda que, para ter sucesso com a sua startup, você precisa “resolver o problema dos outros da mesma forma que gostaria que resolvessem os seus”. “Essa máxima tem norteado todas as nossas ações na E-commet, e com isso conseguimos ótimos resultados. A gente se coloca no lugar do cliente e vê como gostaríamos que aquilo fosse feito. Um conhecimento avançado do seu produto e do seu público é o que resume esse princípio. Não faça simplesmente o que o mercado está fazendo”, aconselha.
  • 6. 5 - Mantenha o foco

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    Focar sua energia no seu produto inicial é uma das chaves para não se perder no começo da sua startup. “No início, você tem pouco recurso, poucos clientes e pouco nome no mercado. Se começar a atirar para todos os lados, isso será muito prejudicial. É melhor focar e uma ou duas coisas que você faz melhor”, recomenda Flores. Isso não significa que você não poderá diversificar seus produtos no futuro. “Depois que estiver mais desenvolvido, com mais clientes e mais nome no mercado, você pode começar a ir para outros produtos”, afirma o empresário.
  • 7. 6 – Valorize os talentos

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    O CEO da Ecommet conta que, no início, sua startup não tinha dinheiro para valorizar os bons profissionais com aumento salarial. Assim, a empresa buscou outras formas de reter esses funcionários. “Oferecemos um ambiente de trabalho super agradável, com videogame e sala de jogos. A ideia era: faça seu próprio horário e venha com a roupa que quiser”, conta. “Em sua jornada, você vai encontrar pessoas ruins, pessoas medianas, e algumas muito boas. Essas precisam ser valorizadas, seja com dinheiro, seja com um ambiente favorável para trabalharem”, resume Flores.
  • 8. 7 – Controle suas contas com rigor

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    O início de uma startup costuma ser um tempo de vacas magras. Sendo assim, para fazer com que sua empresa sobreviva, a dica é: economize ao máximo. Verifique a necessidade de cada gasto e, se necessário, dispense serviços que considerar supérfluos. “Se você não pode contratar uma faxineira, peça a colaboração da equipe para manter o local de trabalho limpo”, sugere Frederico Flores da Ecommet. Além de economizar, é preciso saber separar as suas contas pessoias das contas da empresa. “É comum acontecer dos donos de um negócio tirarem dinheiro da empresa para gastos pessoais. E se o custo de vida dele aumenta, às vezes ele tira mais dinheiro. Isso é muito cancerígeno para a empresa”, afirma Flores.
  • 9. 8 – Torne-se conhecido

    9 /12(Thinkstock/alphaspirit)

    Investir em marketing é fundamental. E para startups em início de carreira, as redes sociais e mídias digitais podem ser um bom caminho, já que são mais baratas do que as mídias tradicionais. “Não adianta você criar um produto fantástico e as pessoas não saberem que ele existe. Então é preciso divulgar, comunicar, as pessoas precisam te achar”, ressalta Luisa Ribeiro, CEO da Gema Ventures.
  • 10. 9 – Não tenha pressa de buscar investidores

    10 /12(weerapatkiatdumrong/ThinkStock)

    Não é uma boa ideia buscar investidores numa fase muito inicial da startup, aconselha Luisa. “É preciso lembrar que cada investimento é um percentual da empresa que você está entregando para alguém. Você deve buscar em primeiro lugar gerar receita própria, e aí buscar dinheiro de investidor para um plano específico”, afirma a CEO da Gema Ventures. Outra dica é buscar investimentos apenas quando houver um objetivo claro do que fazer com o dinheiro. “Vemos muitos empreendedores querendo o dinheiro como um fim”, afirma.
  • 11. 10 – Quer dinheiro? Mostre resultados

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    Depois que você já amadureceu a sua ideia e conseguiu andar com as próprias pernas por um tempo, pode ser o momento de buscar investimento fora. E como fazer isso? “Mostre resultado. Não adianta apresentar um conceito para o investidor brasileiro, ele não está acostumado”, afirma Marcilio Riegert da aceleradora Start You Up. O investidor quer saber como o dinheiro dele vai render ali, ele precisa visualizar que aquele valor pode ser multiplicado, lembra Riegert.
  • 12. Veja agora dicas para largar o emprego

    12 /12(gpointstudio/Thinkstock)

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