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Happy Code, escola de programação brasileira, chega à Espanha

Rede brasileira, fundada em 2015, tem 130 franquias e vendeu seu método de ensino para mais de 150 escolas no Brasil

Happy Code: a escola de programação para crianças e adolescentes tem aproximadamente 25 mil alunos no Brasil (Happy Code/Divulgação)
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Carolina Ingizza

Publicado em 14 de fevereiro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 14 de fevereiro de 2020 às 12h41.

A Happy Code, rede brasileira de franquias de escolas de programação , anunciou que está iniciando sua expansão para a Espanha. Na semana passada, em parceria com sócios locais, a empresa abriu sua primeira escola em Barcelona. O objetivo é ter três unidades na cidade catalã até o final deste ano. Em 2021, a meta é ter 50 operações no país.

Essa não é a primeira experiência da empresa fora do Brasil. Em 2017, os sócios da rede decidiram abrir uma unidade própria em Lisboa, capital de Portugal. Hoje são 15 unidades no país, mas as dificuldades de entrar em um mercado completamente diferente do brasileiro os fizeram buscar um empresário local para assumir a operação de franquias na região.

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Como na Europa os alunos ficam até as 15h nas escolas, o modelo de aulas extracurriculares, similar ao usado por escolas de ensino de idiomas no Brasil, não funcionou muito bem. A Happy Code percebeu que o melhor negócio por lá seria fazer parcerias com os colégios tradicionais para oferecer o ensino de programação aos alunos matriculados. Atualmente, a empresa tem 54 escolas clientes nesse formato.

A ideia é repetir a fórmula de sucesso na operação espanhola. Com ajuda do sócio local, a empresa planeja impulsionar a venda do seu método de ensino aos colégios espanhóis. Assim, as escolas próprias da Happy Code não serão o foco da operação. Elas ficarão posicionadas em áreas centrais da cidade e vão atuar como centros de distribuição e treinamento dos professores.

A empresa planeja usar os aprendizados na Espanha para poder entrar nos países latino-americanos e em outros mercados potenciais, como França e Índia, a partir de 2021.Para eles, o idioma do país não é um problema, já que em ciência da computação a maior parte dos comandos são em inglês. O desafio para a empresa é entender a cultura e os comportamentos locais.

História da empresa

A Happy Code foi criada a partir de uma ideia surgida durante um período sabático do empresário Rodrigo Santos nos Estados Unidos com a família em 2014. Ele, que fez carreira na Natura, empreendeu três vezes antes de criar a rede de escolas de programação.

A ideia do negócio surgiu quando sua filha, Júlia, pediu para participar de um acampamento de férias do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) que ensina programação para crianças e adolescentes. Pesquisando sobre o modelo, o empreendedor percebeu que o negócio era interessante, teria impacto no mercado brasileiro e estava relacionado com sua carreira em tecnologia.

Em 2015, de volta ao Brasil, ele fundou a Happy Code com o sócio César Martins. O projeto inicial era vender o ensino de programação para escolas brasileiras, mas não teve boa recepção no mercado. Santos conta que, na época, a maior parte das escolas não entendia a importância da programação para os alunos.

Rapidamente os sócios mudaram o modelo de negócio para trabalhar com escolas próprias. A primeira unidade foi inaugurada em julho de 2015 na região de Campinas, no interior de São Paulo, para validar o negócio. O modelo funcionou e a operação atingiu seu ponto de equilíbrio financeiro no primeiro mês. Em novembro daquele ano, a segunda unidade foi aberta.

Com o sucesso, os sócios começaram a ser procurados por pessoas interessadas em abrir franquias das escolas. Com ajuda de uma consultoria especializada emfranchising, eles venderam a primeira franquia em maio de 2016. No final daquele ano, cerca de 40 franquias haviam sido vendidas. Atualmente, há 130 franquias de escolas da Happy Code no Brasil.

Cinco anos depois da criação da empresa, os sócios finalmente conseguiram realizar o projeto inicial de vender o método de ensino para as escolas tradicionais. A partir deste ano, 150 colégios brasileiros estão oferecendo aulas de programação da Happy Code aos seus alunos.

O preço dos cursos variam entre as unidades franqueadas, mas oscilam entre 200 e 350 reais por mês. Para os colégios que oferecem os cursos, o preço por aluno varia entre 25 e 30 reais, a depender do volume.

Método de ensino

A Happy Code trabalha com cursos voltados para toda a educação básica, atendendo pessoas de 6 a 18 anos. Santos explica que a formação em programação acompanha os anos escolares. Os conteúdos não são sequenciais, então um aluno não precisa ter cursado um módulo anterior para entrar em uma turma adequada a sua idade. “Para cada ano da escola temos um conteúdo específico”.

Além de ensinar programação, a escola se propõe a trabalhar outras habilidades requisitadas pelo mercado de trabalho. “Em vez de ensinar só a desenvolver aplicativos, a gente apresenta missões para os alunos. Eles precisam propor soluções, usar metodologias ativas e design thinking, trabalhar em pares”, explica o fundador.

A rede tem hoje 400 professores ativos, todos formados em ciência da computação, engenharia da computação ou jogos digitais. O treinamento desses profissionais ainda é o maior desafio da empresa. “Temos que ensinar pedagogia para uma pessoa técnica, é complexo”, diz Santos.

Para poder dar aulas nas escolas, os profissionais precisam passar por um treinamento inicial de 80 horas e fazer aperfeiçoamentos continuamente. A equipe de pedagogia da rede dá suporte aos profissionais durante o progresso das aulas.

Planos para 2020

Desde a sua fundação até agora, mais de 60 mil alunos já passaram pela Happy Code. A rede, que faturou 30 milhões de reais em 2019, planeja chegar a 52 milhões de faturamento em 2020, sem considerar a receita gerada na Espanha.

Ao final deste ano, o objetivo dos sócios é ter o método de ensino aplicado em aproximadamente 450 escolas brasileiras. Apesar do investimento no novo modelo, as franquias continuam sendo importantes. Santos estima que a empresa terá 200 unidades operando no final do ano.

Para ele, o principal desafio este ano será a competição na agenda dos pais, que ainda não encaram as aulas de programação como prioridade. “A gente compete com inglês, judô e ballet”, diz.

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