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Rede colombiana Muy chega ao Brasil e quer ser fast-food do prato feito

Meta é ter até 2025 cerca de mil restaurantes e abrir 10 mil postos de trabalho, com investimentos de US$ 150 milhões

Muy: instalada na região central da capital paulista, vai produzir pratos feitos vendidos pelo sistema de delivery por R$ 15 (Muy/Instagram/Reprodução)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de outubro de 2020 às 11h07.

Em meio à pandemia que provocou uma forte crise no setor de bares e restaurantes, a startup colombiana de alimentação Muy quer disputar o mercado do prato feito, o popular PF, e de comida por quilo no Brasil. Na segunda quinzena do mês, abre a primeira cozinha no país. Instalada na região central da capital paulista, vai produzir pratos feitos vendidos pelo sistema de delivery por R$ 15.

"Vamos iniciar com delivery para começar a entender o mercado. Depois vamos expandir de forma mais agressiva", diz Jose Guillermo Calderón, cofundador e presidente da startup, com 50 restaurantes espalhados na Colômbia e no México.

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A empresa conta com recursos de fundos de risco (venture capital) dos EUA e da Espanha para bancar a expansão. A rede encerrou o primeiro semestre com vendas de US$ 4 milhões, desempenho que foi afetado pelo fechamento de lojas por causa das medidas de isolamento social nos dois países em que atua.

A depender do desenrolar da pandemia, o plano da startup para 2021 é ter entre 20 e 30 restaurantes e cozinhas que preparam pratos para delivery na cidade de São Paulo, nas regiões das avenidas Paulista e Faria Lima. Nessa primeira rodada, serão investidos US$ 5 milhões e abertos 300 postos de trabalho.

Inicialmente a empresa vai operar com as entregas feitas por meio do aplicativo iFood. Depois terá também logística própria.

Para 2022, a intenção é chegar na a cidade do Rio de Janeiro e em Porto Alegre (RS). A meta é ter até 2025 cerca de mil restaurantes e abrir 10 mil postos de trabalho, com investimentos de US$ 150 milhões.

O fechamento em massa de restaurantes e bares por causa da pandemia não fez Calderón desistir de vir para o País. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, 30% de 1 milhão de estabelecimentos encerraram as atividades no País.

O que atrai a companhia é o potencial do mercado. O Brasil responde por 50% das vendas de fast-food na América Latina, que giram US$ 280 bilhões por ano e devem atingir US$ 308 bilhões em 2025.

Além disso, a consolidação é muito baixa. As dez maiores redes de fast-food respondem por 6% do mercado nacional. Se forem incluídas as demais, essa fatia pode chegar a 15%. "O restante é um mercado informal, que não tem grandes processos de tecnologia. É esse segmento que nós queremos atacar, com um restaurante por quilo mais eficiente."

Cardápio

A entrada no país ocorre após estudos sobre o cardápio local, voltado para a classe média. "Vamos oferecer um PF saudável por um bom preço", diz Calderón, que encontrou PFs sendo vendidos por R$ 13 no mercado informal. Ao todo, serão sete pratos, entre os quais estão feijão com arroz, feijoada, por exemplo. Também será possível montar o prato.

Para Cristina Souza, presidente da Gouvêa Foodservice, a investida da rede faz sentido, especialmente num momento em que houve quebradeira nos restaurantes por quilo. "Eles devem ter um bom espaço, sim." Ela destaca também que o valor, de R$ 15, é atraente. Ela diz que começar atuando pela região central da cidade de São Paulo e com uma estratégia digital forte são pontos adequados.

No entanto, a especialista alerta que a vida dessa nova companhia pode não ser tão fácil. Isso porque outras empresas que já atuam com rede de restaurantes também estão com o foco em refeições de baixo custo. "Eles não vão encontrar um oceano vermelho, mas não será totalmente azul. Há competidores se movimentando."

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