O poder dos heróis: irmãos apostam na moda nerd e criam rede de R$ 147 mi
Felipe e Vinícius Rossetti criaram a Piticas em 2008, inspirados na cultura pop americana. A estratégia de licenciamento rende cada vez mais frutos
Mariana Fonseca
Publicado em 28 de junho de 2019 às 06h00.
Última atualização em 28 de junho de 2019 às 06h00.
Há negócios que nascem a partir de uma paixão, enquanto outros nascem a partir de uma oportunidade de mercado. No caso da Piticas, rede de acessórios e vestuário de heróis e séries, foi uma união das duas motivações.
Os irmãos Felipe e Vinícius Rossetti criaram o negócio em 2008, quando pouco se falava no mercado nerd. A aposta em criar produtos de marcas licenciadas, como Marvel e Nickelodeon, provou-se acertada com os anos. A Piticas se tornou uma rede de 362 franquias e, apenas em 2018, vendeu 2,4 milhões de itens de vestuário e faturou 147 milhões de reais.
Oportunidade de negócio
Felipe e Vinícius tiveram a ideia para a Piticas durante seus estudos de ensino superior nos Estados Unidos. “Somos fãs de heróis e séries e a cultura pop é muito forte por lá. Voltamos querendo abrir uma empresa nesse nicho de mercado”, afirma Felipe.
Por uma pesquisa de mercado, os empreendedores perceberam a oportunidade de vender vestuário licenciado de heróis e séries. Sem capital nem volume para negociar o licenciamento, os irmãos começaram desenhando camisetas autorais e vendendo-as em uma loja em Itu (São Paulo).
Cinco anos depois, tinham cinco pontos de venda e uma unidade franqueada em teste. Diante da expansão do negócio, obtiveram seu primeiro contrato de licenciamento: personagens da série Bob Esponja, do canal pago de televisão Nickelodeon.
“O mercado se abriu depois dessa licença. Finalmente pudemos nos tornar uma rede de produtos pop licenciados”, diz Felipe. O fechamento dos contratos acompanhou o crescimento de interesse em heróis e séries. “Em 2008, era um mercado apagado e ser nerd não era algo reconhecido. O crescimento dos eventos e a mudança na estratégia dos estúdios de filmes, com uma expansão além dos antigos fãs, ajudaram esse mercado a crescer.”
Hoje, a Piticas opera apenas por unidades franqueadas -- são 362 franquias, 60% lojas e 40% quiosques. O aumento do mix de produtos (acessórios, bonecos colecionáveis, bonés, canecas e jaquetas) forçou um aumento de metragem, e portanto mais lojas. As camisetas ainda representam de 70 a 75% do faturamento da Piticas, mas os outros itens são uma boa forma de ampliar o tíquete médio gasto nas unidades.
Para dar conta da produção, a Piticas ampliou sua fábrica de 3,8 mil metros quadrados para uma de 11 mil metros quadrados, em Guarulhos (São Paulo). A rede produz de 17 a 19 mil peças de vestuário por dia, empregando 640 funcionários na fábrica. Em 2018, a rede da Piticas vendeu 2,4 milhões de itens de vestuário e faturou 147 milhões de reais.
Os Vingadores e sucesso pelo licenciamento
O maior sucesso da Piticas foi o licenciamento dos heróis da marca Marvel. Com o mais recente filme da Marvel, Vingadores: Ultimato, a coleção dos Vingadores da Piticas representou 30% do faturamento de abril de 2019 e ainda está nas cinco coleções mais vendidas.
Foram mais de 300 mil peças vendidas só nesta coleção. Ela também impulsionou itens antigos da marca Marvel fabricados pela Piticas, como a coleção dos heróis Guardiões da Galáxia, gerando uma venda total de 500 mil itens da Marvel desde a estreia do filme.
“Nunca tivemos uma coleção com tanto retorno. Foi o segundo melhor mês da história da empresa, tirando o Natal do ano passado, que é uma data difícil de bater”, afirma Felipe.
Até o final de 2019, a Piticas espera abrir mais 100 a 120 unidades, vender três milhões de itens de vestuário e apresentar um faturamento total de 200 milhões de reais. Além das novas lojas, lançará outras linhas de produtos, como pijamas, meias e produtos de marca própria da Piticas, voltando às suas origens pré-licenciamento. Desta vez, porém, Piticas já se tornou um nome reconhecido pelos clientes.