Fabian Valverde, CEO da Paketá: fintech mira empresas que querem oferecer crédito consignado como benefício corporativo (Paketá/Divulgação)
Em operação há pouco mais de dois anos, a startup Paketá, fintech de crédito consignado, anuncia nesta segunda-feira, 13, um aporte de 27 milhões de reais para expandir a oferta do produto financeiro para um número ainda maior de funcionários registrados das empresas do país. A rodada série A foi liderada pela Kinea Ventures, fundo de venture capital do grupo Itaú Unibanco, e também teve a participação da Shift Capital, gestora que já havia liderado a rodada seed da empresa, em novembro do ano passado.
“Somos uma empresa de tecnologia que empresta para funcionários CLT um valor em crédito consignado a partir de uma necessidade muito pessoal. Mas nossa verdadeira missão é mostrar a empresas que esse crédito pode ser um benefício corporativo muito valioso”, diz Fabian Valverde, CEO e fundador da Paketá.
O modelo de negócio da Paketá está centrado nas empresas. A fintech oferece uma plataforma digital para que o setor de recursos humanos de companhias de diferentes portes e segmentos possam monitorar, administrar e oferecer crédito consignado para os funcionários em forma de benefício corporativo.
A proposta, porém, é ir além do paradigma do crédito e atuar como uma plataforma de educação financeira. Na prática, isso é possível com um ambiente no qual funcionários podem simular os valores a tomar, mas também têm acesso a conteúdo informativos, em texto ou vídeos, com dicas de gestão financeira. Todas essas informações servem de insumo para que a fintech personalize comunicados e crie produtos de crédito que acompanhem o momento de vida de cada pessoa, do nome negativado ao crédito para capital de giro pessoal.
“Os RHs não sabem qual é de fato o momento de vida dos seus funcionários e não acertam os caminhos para ajudá-los”, diz Valverde. “A Paketá pode ser um termômetro para empresas que querem saber mais sobre o bem-estar financeiro dos colaboradores”.
As estratégias que vêm daí são muitas. Um exemplo está na criação de um programa de crédito com taxas inferiores para funcionários com menores níveis de absenteísmo em uma empresa com índices preocupantes no assunto — algo que já foi feito pela startup.
A Paketá passou a operar em agosto de 2019, e de lá para cá vem crescendo em ritmo acelerado. Segundo Valverde, a fintech transacionou um volume seis vezes maior em 2020 em comparação com os empréstimos concedidos em 2019 (A empresa não divulga os resultados). No total, são mais de 1.300 companhias conveniadas à fintech.
Da porta da dentro, o crescimento também aconteceu: a startup começou o ano de 2020 com 34 funcionários, agora são 70.
Fundada em 2018 por Fabian Valverde e Rafael Queiroz, a empresa nasceu com o propósito de simplificar a rotina dos profissionais de recursos humanos ao disponibilizar uma ferramenta que auxilia na gestão do benefício de crédito consignado e, na outra ponta, democratiza o acesso para os colaboradores com taxas mais baixas e condições melhores de pagamento.
A startup tem dois modelos de negócio. Um deles atua de ponta a ponta, desde o contato com as empresas até a concessão do crédito e o relacionamento com os funcionários. Já o segundo é de software as a service (SaaS), que permite o empréstimo da plataforma, em formato white label, para family offices, bancos e investidores pessoa física que desejam emprestar capital para funcionários de empresas consideradas estratégicas.
Com o aporte, a empresa vai investir em tecnologia, contratações e novos produtos. Serão contratados novos engenheiros e especialistas em produto. A meta é chegar a um time de 100 colaboradores até o final do ano.
Já do lado dos produtos, a fintech analisa lançamentos de giro rápido e que permitam desconto em folha de pagamento, como antecipação de salário e assinatura de crédito, por exemplo. “Ainda neste ano devemos lançar um novo produto nessa linha, mas mantendo a nossa consistência de crédito para funcionários CLT”, diz.
A meta da empresa é aumentar o número de pessoas que utilizam a plataforma para tomar crédito. Hoje são 200.000 funcionários atendidos em todo país, e a intenção é ter 1,5 milhão de pessoas nesa conta nos próximos dois anos. No longo prazo, a Paketá tem a ambição de emprestar 5 bilhões de reais até 2025.
“A nossa proposta sempre foi democratizar o acesso ao crédito e estamos numa jornada de crescimento que comprova que o público-alvo da Paketá é uma boa aposta para isso”, diz o CEO.
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