Os tipos de negócio que mais crescem hoje em dia
Entenda quais os negócios em que vale a pena investir para ter uma startup de sucesso.
Da Redação
Publicado em 24 de agosto de 2016 às 16h00.
Dúvida do leitor: Quais os tipos de startups que mais crescem atualmente?
Respondido por Cristian Welsh Miguens, especialista em empreendedorismo
A primeira coisa que surgiu na minha cabeça ao ler a pergunta do leitor foi: por que alguém deseja saber quais os tipos de startups que mais crescem?
Surgiram então diversos questionamentos: será que há diferentes “tipos” de startups? Será que o leitor na verdade deseja saber quais os tipos de negócios que mais atraem os empreendedores hoje em dia?
Ou talvez ele deseje saber que negócios são os que o público mais demanda nos dias de hoje e então estejam gerando o maior volume de receitas?
A verdade é que o Brasil não se destaca por produzir estatísticas confiáveis sobre negócios. Se você pesquisar no Google “startups que mais crescem no Brasil” encontrará muitos artigos, com dados genéricos e poucas séries estatísticas. Diante destas limitações, como responder ao leitor?
Pois bem, meu enfoque será sobre os produtos que, acredito, apresentam as maiores oportunidades para os empreendedores.
Vivemos a era da informação (ou do conhecimento) que, em termos de negócios, significa fornecer serviços. Sob o ponto de vista da rentabilidade, empresas do setor de serviços apresentam os maiores índices de rentabilidade se comparadas com as dos setores agrícola e industrial e também são as que crescem mais, e mais rápido.
Qualquer um que prestar atenção ao seu entorno perceberá que as pessoas esperam por receber mais e novos serviços. E quase todos os serviços novos oferecidos envolvem o uso de dados e informações em massa e de tecnologia da informação (TI).
Os exemplos mais notáveis são Easy Taxi, Uber, sites de comércio eletrônico, de reservas de passagens e hotéis, etc.
Quais as características destes negócios?
1) Geram novos modelos de negócio;
2) Não estão regulamentados, portanto geram uma grande inquietação nos governos, sindicatos etc., ou seja no “establishment”;
3) Crescem muito rápido, tanto em volume como em receitas;
4) Usam intensivamente a tecnologia de informação, especialmente as que envolvem os dispositivos “mobile”;
5) São colaborativos, ou seja, o cliente participa das soluções.
O exemplo mais típico é o do Uber e sua briga com os taxistas.
Enquanto acompanhava pela imprensa os diferentes episódios em São Paulo e outras cidades do mundo, comecei a perceber que era uma briga inútil. Isso porque, em pouco tempo, quando o carro sem motorista se tornar uma coisa corriqueira -- o que vai acontecer logo -- nenhum dos dois modelos de negócio vai sobreviver.
Ou seja, o modelo de negócio dos táxis existe desde que o automóvel substituiu a carroça, há mais ou menos cem anos. O modelo de negócio do Uber vai durar menos de dez anos. Será que os empreendedores estão compreendendo isto?
Outras consequências disruptivas decorrentes da disseminação desse tipo de serviço se espalham pela sociedade e deverão afetar profundamente o comportamento das pessoas.
Recorrendo ainda ao exemplo dos serviços que envolvem o transporte individual e os efeitos associados: vocês já imaginaram que, com o carro sem motorista, associado à disponibilidade quase instantânea de um automóvel na porta da sua casa por meio de um Uber ou um Easy Taxi ou similar ninguém mais vai querer possuir um carro?
Quem vai precisar de ter uma garagem em casa? Como isso vai afetar a construção civil? E os impactos sobre o transporte coletivo atual?
E na área da saúde? O que vai acontecer quando todo cidadão possuir num pen-drive ou na memória do seu celular o mapeamento do seu DNA?
A prevenção será a tônica deste setor. Como será que isso vai afetar o funcionamento e a demanda dos hospitais? E a dos laboratórios que produzem e desenvolvem medicamentos?
Esse é o mundo que as novas startups devem encarar. As oportunidades são inúmeras. Entretanto, os desafios também. O empreendedor deve lembrar que, seja qual for o seu novo modelo de negócios, ele será superado em cada vez menos tempo.
Se ele não for capaz de se reinventar acompanhando o ritmo da inovação, ele também será superado em curto espaço de tempo. O desconhecido chega até nós cada vez mais rápido.
Cristian Welsh Miguens é professor do curso de negócios da Universidade Anhembi Morumbi.
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