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Operação no limite: a Black Friday para as startups de logística

Novos centro de distribuição, mais funcionários e motoristas. É assim que as logtechs se preparam para a data mais importante do ano para o e-commerce

Sem as lojas físicas, empresas de entrega precisam acolher e surpreender (Germano Lüders/Exame)

Sem as lojas físicas, empresas de entrega precisam acolher e surpreender (Germano Lüders/Exame)

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Carolina Ingizza

Publicado em 26 de novembro de 2020 às 09h25.

Última atualização em 26 de novembro de 2020 às 19h36.

A “Black Friday das Black Fridays”: essa é a expectativa das startups e empresas de logística para a data mais importante do varejo em 2020. Em um ano marcado pela pandemia, o e-commerce deu um salto, crescendo em meses o que era esperado para anos. Com isso, todo o sistema logístico já vinha em ritmo de final de ano desde março. 

Com mais consumidores habituados a comprar online, a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico projeta que a Black Friday de 2020 deva movimentar 6,9 bilhões de reais, 77% a mais que em 2019. Segundo pesquisa da consultoria Conversion, 75% dos consumidores vão recorrer a compras online por medo de uma possível segunda onda da covid-19.

O desafio diante desse aumento no volume de compras é a entrega. Marcelo Terrazzan, diretor da empresa de logística Pier8 para a Black Friday, espera que só nas três primeiras horas sejam gerados entre 8.000 e 10.000 pedidos por hora. No total, a empresa espera transacionar 16 milhões de reais na data — um quarto do faturamento mensal médio da companhia.

Para conseguir administrar o pico na operação, as empresas do setor se preparam há meses para a tão aguardada sexta-feira, 27. No unicórnio brasileiro Loggi, muito foi investido desde a última Black Friday. Para reforçar sua malha nacional, a empresa inaugurou seis novos cross-dockings no país até no novembro. No galpão de Cajamar, a empresa duplicou o número de máquinas que direcionam os pacotes para poder processar mais pedidos. Hoje, a capacidade de processamento é de 500.000 pedidos por dia.

Segundo Ariel Herszenhorn, vice-presidente de expansão, os volumes operados ao longo do ano pela Loggi cresceram 500%. Agora, nos últimos dois meses de 2020, a expectativa da logtech é crescer mais 60%, impulsionada pela Black Friday e pelo Natal. “Agora é a final da Copa do Mundo. Estamos preparados para executar o plano, mas em períodos de pico sempre acontecem imprevistos, vamos trabalhar para solucioná-los rapidamente”, diz o vice-presidente. 

Os volumes maiores de pedidos forçam muitas empresas a contratar no final do ano. A Diálogo Logística, por exemplo, aumentou em 45% seu quadro de funcionários nos últimos dois meses, chegando a 310 colaboradores. Ricardo Hoerde, presidente da companhia, espera movimentar 2,5 milhões de volumes na Black Friday de 2020, em um crescimento de 180% na comparação com 2019. “É um momento que exige muito planejamento e organização entre o varejo e a logística”, afirma.

A tecnologia pode ser outro gargalo. Para garantir que os sistemas aguentarão o pico de pedidos, startups realizam investem em melhorias nas suas plataformas. Na Melhor Envio, que faz a gestão de frete, os sistemas foram aprimorados para aguentar até três vezes mais pedidos que o projetado para a Black Friday — a empresa espera crescer 522% em relação ao ano passado. “Não iremos deixar nenhum parceiro sem cotação de fretes ou geração de etiquetas de frete”, diz o presidente Éder Medeiros.

Last mile: até a casa do consumidor

Na outra ponta, há startups especializadas apenas no processo final de entrega, que garante que o produto chegue até o consumidor final. A chinesa Lalamove, que entrou no Brasil em meados de 2019, espera dobrar o número de pedidos entregues por mês no último bimestre deste ano. Em outubro, ela entregou 50.000 pacotes. Seu modelo de negócio é como um “Uber das entregas”, em que o cliente paga por envio feito dentro da cidade. Hoje, ela opera nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro.

Luiz Giordani, gerente geral da Lalamove no Brasil, diz que a empresa está falando com os motoristas parceiros e clientes desde julho para reforçar o potencial da data. “Investimos em atendimento ao cliente e suporte, temos equipes prontas para resolver problemas e tirar dúvidas de maneira rápida. Queremos ajudar o cliente a vender mais”, diz o gerente.

Já a Motoboy.com, que é especializada em fretes rápidos, a expectativa é de alta de 50% na demanda durante a Black Friday em relação ao ano passado, quando 30.000 entregas foram feitas. De acordo com Jonathan Pirovano, a empresa conquistou novos motoboys parceiros nas 150 cidades em que atua para suportar a alta demanda esperada. 

Na Kangu, que oferece uma alternativa ao last mile tradicional, usando o comércio de bairro como ponto de entrega e retirada de mercadorias, a expectativa é grande. A empresa, que recebeu um investimento do Mercado Livre este ano, projeta chegar a 10.000 novos clientes no mês de novembro, impulsionada pela Black Friday. “Se compararmos aos meses precedentes, a expectativa é um aumento de 30% em relação ao volume de outubro de 2020”, diz Ricardo Araujo, cofundador. 

Pensando em evitar erros em novembro, a startup aumentou sua frota em 25% no começo de outubro para garantir que os motoristas novos estivessem habituados aos procedimentos de entrega nos 2.700 estabelecimentos comerciais que são pontos da Kangu. A rede de lojas parceiras também se prepara para conseguir administrar as entregas. “Muitas ampliaram o período de abertura das lojas, inclusive de sábado e domingo, para conseguir capturar toda a demanda que virá”, diz Araujo.

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