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Como a Loggi tenta conectar o país após sete anos e US$ 295 mi em aportes

Com apenas sete anos de existência, a Loggi está se tornando a maior empresa privada de entregas do Brasil

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Cross-docking da Loggi em Cajamar, São Paulo: o modelo vai ser repetido em seis novos centros  (Germano Lüders/Exame)

Cross-docking da Loggi em Cajamar, São Paulo: o modelo vai ser repetido em seis novos centros (Germano Lüders/Exame)

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Denyse Godoy

Publicado em 22 de outubro de 2020, 05h08.

A imagem que vem à cabeça dos paulistanos quando ouvem o nome Loggi é de uma lebre branca estampando o baú azul-celeste na garupa dos motoboys que riscam a cidade de cima a baixo levando pacotes e documentos. Foi assim que nasceu a startup em 2013, uma ideia do francês Fabien Mendez e do brasileiro Arthur Debert. Sete anos e 295 milhões de dólares em aportes de investidores depois, o retrato mudou. Quer abrir a sua própria startup? Saiba como com os fundadores da ACE Startups

Um galpão de 26.000 metros quadrados, lotado de embrulhos e equipamentos de última geração que os separam, organizam e despacham, simboliza melhor a Loggi agora. Está nascendo a maior empresa privada de entregas do Brasil, com capacidade para processar 500.000 encomendas por dia e com a meta de transportar qualquer produto de um ponto a outro do país em um dia. “Atual­mente, um pacote demora, em média, 11 dias para ser entregue no país”, afirma Mendez. “Nossa missão é conectar o Brasil fisicamente. A logística falha e cara faz com que muitos cidadãos não tenham acesso a produtos e bens como todos.”

A capacidade de processamento de pacotes da startup está passando de 300.000 para 500.000 por dia (Germano Lüders/Exame)

O primeiro galpão — na verdade, um cross-docking, onde as encomendas recebidas dos remetentes são colocadas no caminho dos destinatários — da Loggi foi erguido em Cajamar, na região metropolitana de São Paulo, em 2018, quando a startup começou a operar nacionalmente. Até o final do ano passado, processava cerca de 100.000 pacotes por dia. Durante a pandemia, esse volume triplicou.

Bem a tempo da Black Friday, a sexta-feira de promoções em novembro na qual os varejistas brasileiros estão apostando para sair da crise provocada pela pandemia de covid-19, a ­Loggi vai inaugurar mais seis cross-dockings: no Rio de Janeiro, em Recife, no Distrito Federal, em Belo Horizonte, em Porto Alegre e em Salvador.

Para construir os novos pontos de distribuição, a start­up gastou 150 milhões de reais de seu polpudo caixa, que foi reforçado ao longo dos anos por investidores como a companhia americana de informática Microsoft e o grupo japonês de tecnologia SoftBank.

Se esse termo existisse, a Loggi poderia ser chamada de “logtech” — uma empresa de tecnologia logística. Seu grande trunfo, segundo Mendez, é o sistema automático que guia as coletas e as transferências de pacotes, separa segundo o destino no cross-docking e traça rotas inteligentes para as entregas.

Nos municípios, a startup abre agências próprias e também as chamadas Leves, administradas por associados da Loggi, pequenos empreendedores que têm veículos — moto, caminhão, carro ou van — usados no último trecho do trajeto: o endereço do destinatário. “São esses parceiros que conhecem melhor a localidade, e a Loggi os digitaliza”, diz Mendez. “Essa é a nossa proposta de valor, o grande catalisador para o varejo do país: entrega rápida e barata.”

Hoje, a startup leva 1,3 dia para entregar uma encomenda. O software foi criado pela equipe interna de desenvolvedores e técnicos da startup, que hoje conta com 350 colaboradores, e é aprimorado constantemente. Todos os equipamentos dos cross-dockings, como as esteiras de distribuição dos embrulhos, foram desenvolvidos pelos fornecedores especialmente para a Loggi.

(Arte/Exame)

Além dos dez principais varejistas eletrônicos do Brasil, entre os quais estão o Magazine Luiza e o Mercado Livre, a Loggi também entrega correspondência e equipamentos bancários, como cartões de crédito e maquininhas. O sistema de rotas inteligentes também traça em tempo real caminhos para evitar as vias mais perigosas. Nos próximos dois anos, gastando 600 milhões de reais, a startup vai inaugurar outros 20 cross-dockings.

Além dos grandes grupos, a empresa quer se apresentar como uma alternativa viável para centenas de milhares de micro e pequenos comerciantes que vendem seus artigos — muitas vezes artesanais — em marketplaces. O desafio é que os próprios gigantes varejistas e os marketplaces têm serviços de entrega próprios.

    O Magazine Luiza costuma apontar o Magalu Entregas, com uma rede de entregadores autônomos parceiros, como um dos diferenciais que fizeram dele o maior grupo de comércio do país, com valor de mercado de 166,5 bilhões de reais. O Mercado Livre tem o Mercado Envios e três centros de distribuição, dois em São Paulo e um na Bahia. Os varejistas estão abrindo estoques e centros de distribuição perto do consumidor para agilizar a entrega.

    “Essa relação com os grandes varejistas é paradoxal, mas convivemos bem”, afirma Mendez. “O que vemos no mundo inteiro é que esses clientes vão verticalizar [usar estrutura própria] até certo ponto, e deixar cerca de 50% do volume de entregas para o mercado. Temos de ser os mais rápidos.” Por ora, o foco total está no Brasil, mas no futuro a Loggi pode pensar em se expandir em outros países. No começo deste ano, já abriu um escritório em Portugal. Se conseguir de fato conectar um país de tamanho continental, como o Brasil, o céu vai ser o próximo limite.

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