Leandro Caldeira: com a equipe da Flaner, Gympass quer usar tecnologia para melhorar experiência das empresas, academias e usuários da plataforma (Flavio Santana/Exame)
Carolina Ingizza
Publicado em 16 de dezembro de 2019 às 19h36.
Última atualização em 17 de dezembro de 2019 às 11h26.
Depois de receber um aporte de 300 milhões de dólares em junho, a plataforma corporativa de atividade física Gympass comprou a startup portuguesa Flaner. Com a aquisição, a empresa brasileira inaugura um escritório de tecnologia em Lisboa, focado no desenvolvimento ferramentas de inteligência artificial, seguindo o lançamento do escritório de Nova York em novembro.
A aquisição, de valor não revelado, foi feita para que o Gympass pudesse trazer para sua equipe pessoas com experiência em aprendizado de máquina, mecanismos de busca e inteligência artificial. A Flaner, fundada pelos brasileiros Alice Magalhães, Cinthia Assali, Ivan Ribeiro-Rocha e Victor Ribeiro em 2018, tinha como objetivo desenvolver uma ferramenta digital que fosse uma extensão da memória humana, ajudando os usuários a explorar cidades.
Com a compra, os projetos originais da Flaner serão deixados de lado e a equipe de tecnologia irá focar no desenvolvimento de soluções inteligentes para a plataforma do Gympass. Ribeiro, que passou por empresas como Google e UOL, irá comandar o novo espaço de tecnologia da plataforma de atividade física em Lisboa.
O Gympass quer utilizar a inteligência artificial para dar escala global ao negócio e melhorar o atendimento aos usuários, às academias e aos departamentos de recursos humanos das empresas contratantes do serviço.
Leandro Caldeira, presidente do Gympass no Brasil, diz que, com o time da Flaner, será possível, por exemplo, refinar a busca de academias na plataforma, mostrando resultados customizados para os usuários com base nos seus gostos e preferências.
“80% dos nossos usuários não frequentavam academia antes do Gympass. Nosso desafio é entender qual o jeito certo de comunicar com as pessoas para tirá-las do sofá e combater o sedentarismo”, diz Caldeira. Para poder personalizar as indicações, como fazem companhias de streaming de música e vídeo, a empresa precisa entender mais sobre os usuários, conhecer seu perfil, idade, saber onde trabalham, do que gostam.
No caso do RH, a tecnologia pode ajudar a melhorar a experiência de uso da plataforma, trazendo mais dados para os gestores de como os funcionários estão usando os serviços do Gympass por localização ou tipo de atividade.
Em relação às academias, a tecnologia pode ajudar o Gympass a se consolidar como um parceiro estratégico de negócio. O objetivo da empresa é ajudar as pequenas academias com dicas de como oferecer seus serviços, fidelizar o cliente.
“Há outras aplicações possíveis com inteligência artificial, relacionadas a vendas, prevenção de fraudes, engajamento do usuário. Queremos utilizar isso para poder crescer cada vez mais rápido e de forma otimizada”, conta o presidente.
2019 foi um ano positivo para o Gympass. Além de atingir valor de mercado de mais de 1 bilhão de dólares e se tornar um unicórnio, a companhia conseguiu multiplicar seus clientes, fechou uma parceria com a rede de academias Bodytech e lançou o serviço corporativo para pequenas e médias empresas.
A empresa fecha o ano com 1.100 funcionários, 600 no Brasil. Para o ano que vem, a missão é continuar a expansão e contratar mais pessoas para as áreas de tecnologia. A entrada no mercado asiático é um próximo passo que está sendo estudado. “Estar na região é super importante, mas ainda estamos estudando os prós e contras de cada país”, diz Caldeira.
Quanto à competição no mercado brasileiro, com concorrentes como a recém-chegada norte-americana Classpass e a TotalPass, das redes SmartFit e Bio Ritmo, o presidente diz estar tranquilo. “Confiamos nos fundamentos no nosso negócio e acreditamos que a concorrência não consegue atender as demandas das grandes corporações com nossa proposta de multimodalidade esportiva”.
Criado pelos empreendedores Cesar Carvalho, Vinicius Ferriani e João Thayro em 2012, o Gympass já atende 2 mil empresas para oferecer sua plataforma com 52 mil academias em 8 mil cidades de 14 países como um benefício corporativo. Só no Brasil, são mais de 22 mil academias atendidas.
A startup costuma atender grandes corporações, como o grupo de jogos Activision Blizzard; o grupo de call centers Atento; a gigante de papéis Klabin; o banco Santander; e a multinacional de bens de consumo Unilever.