Exame Logo

Franquias baratas crescem e exigem cuidados para investir

As microfranquias, com investimento de até 50 mil reais, já representam 4% do faturamento do setor de franquias brasileiro e atraem novos empreendedores

Mais dinheiro no bolso: as microfranquias são opção para quem quer complementar a renda (Dreamstime.com)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2012 às 06h00.

São Paulo – Há cerca de dois anos, as franquias de até 50 mil reais de investimento, também chamadas microfranquias, praticamente não tinham representatividade no faturamento das redes brasileiras. Nesta faixa de investimento, só 3 marcas estão no mercado há mais de 20 anos. O setor cresceu e hoje representa 17% do total de marcas e 4% do faturamento do setor, ou seja, 3,7 bilhões de reais, segundo os dados mais atualizados da Associação Brasileira de Franchising (ABF). São 336 marcas oferecendo microfranquias , que faturam, em média, 30 mil reais.

Hoje, quase 30% das marcas têm até 2 anos de vida. A divisão por segmento não é tão diversa e mais da metade das redes se concentra em quatro áreas: educação, serviços, informática e beleza. Com o crescimento, a ABF criou inclusive um Comitê de Microfranquias, em setembro do ano passado, para organizar e desenvolver o setor. “Esse é um mercado crescente. Temos em operação 12 560 microfranquias, a maioria de serviços, que geram 37 mil empregos diretos”, diz Ricardo Camargo, diretor executivo da ABF.

Veja também

Para muitos empreendedores , essa categoria mostrou ao mercado que franquia pode ser negócio para quem não tem milhões a investir. É o caso de Roberta Castro, dona de uma unidade da Praquemarido e máster franqueadora da Multicanalidade, duas microfranquias da holding SMZTO. “O mais importante foi a satisfação de ter um negócio que iria me trazer um retorno profissional. Eu fiquei bastante tempo fora do mercado e quando voltei achei que seria bacana ter um negócio próprio”, diz Roberta.

Durante o boom destes negócios, Marcelo Gomes Rodrigues também arriscou investir e comprou uma unidade da Dr. Faz Tudo, no Rio de Janeiro. “Eu sempre quis ter o meu próprio negócio. Eu tinha uma lan house, mas não deu certo. Fiz uma pesquisa de mercado e vi que o mercado de construção civil estava em alta”, conta Rodrigues. Com 25 mil reais, ele começou a atuar em um mercado totalmente novo. “Foi atrativo ser barato e eu pude refinanciar meu carro. O valor é muito bom, mas é um serviço que precisa 100% de você”, diz.

Na maior parte dos casos, as franquias baratas não exigem ponto comercial, por isso, os franqueados instalam a unidade em casa mesmo. O empreendedor tem, muitas vezes, uma rotina parecida com a de microempresários ou profissionais autônomos. “O dia-a-dia não é uma coisa tranquila. É muito correria, é acelerado”, diz Roberta.


Rodrigues conta que já teve o retorno do seu investimento, mas que não pode descuidar do negócio um só minuto. “A mão de obra é cara e, por sermos uma empresa, temos muitos impostos a pagar”, diz. Por isso, é importante que o franqueado saiba que vai fazer sozinho muitas tarefas. “Ele vai conduzir pessoalmente e executar as tarefas porque é difícil montar uma equipe”, opina Marcos Nascimento, presidente da Cia de Franchising.

A microfranquia serve para você?

O primeiro cuidado indicado por especialistas é analisar o próprio perfil. “A principal recomendação é a pessoa fazer uma auto avalição para saber se ela tem um perfil para microfranqueado. É uma típica franquia de prestação de serviços, para trabalhar sozinho, home based e ele tem que vender e entregar o serviço”, diz André Friedheim, diretor da Francap. Motivação é um ponto crucial para se dar bem neste negócio. “Você precisa ter uma motivação muito grande, uma veia comercial muito forte e uma capacidade financeira”, complementa.

Além disso, é preciso estar pronto para trabalhar sozinho, mas seguir as regras da franqueadora. “O aspecto pessoal é importante. O candidato deve estar motivado para entrar no negócio e seguir as regras do contrato de franquias”, opina Claudia Bittencourt, diretora geral do Grupo Bittencourt. Outro ponto importante é verificar o território de atuação. “Tem que estar muito claro para o franqueado se existe e qual é o seu território”, diz Friedheim.

Conhecer a marca é crucial

Avaliar quem está por trás do negócio deve ser o ponto de partida para evitar problemas no futuro. “Saiba quem é a franqueadora e o quanto ela está capacitada para apoiar o franqueado. Por ser algo que está muito na moda, precisa ver a partir de qual experiência ela projetou esse negócio, se já tem franquia e se está dando resultado”, ensina Claudia.

Aspectos como a definição da área de trabalho devem ser perguntados para a franqueadora e fazem parte de um processo para conhecer a marca. “Em primeiro lugar, o candidato deve fazer uma leitura detalhada do contrato para saber que tipo de suporte o franqueador oferece. Como o negócio é de baixo investimento, às vezes, as pessoas não dão tanto valor para o dinheiro. Para o franqueador pode ser pouco, mas para o franqueado pode ser a economia de uma vida”, explica Camargo, da ABF.


Além disso, o franqueador deve dar informações sobre o negócio, desde qual o seu papel na operação até a parte financeira. “Tem algumas franquias que não definem o que o franqueado tem que fazer, se ele vai ter que ir atrás do cliente, o tipo de suporte e o que cada um deve fazer”, diz Camargo.

Para Claudia, a análise das contas é indispensável para projetar expectativas para o investimento. “Avaliar muito bem a parte financeira para saber se ele vai ter condições de gerar resultados e que tipo de apoio a franqueadora vai dar para alavancar esse negócio, como treinamento de vendas”, afirma.

O franqueador fornece essas informações e cabe ao franqueado avaliar o material e conversar com quem já faz parte da rede para conhecer melhor o negócio.

Baixo investimento, baixo retorno?

Depois de olhar as finanças da franqueadora, é hora de pensar no próprio bolso. “Investimentos pequenos correspondem a resultados pequenos. Não adianta escolher pelo baixo custo, porque vai ter resultados equivalentes ao investimento”, alerta Nascimento.

Por isso, a proposta de ter o negócio próprio por 50 mil reais pode ser tentadora, mas precisa ser analisada com calma, na opinião dos especialistas. “Investimento na faixa de 30 mil reais são franquias que completam a receita e dão até 3 mil reais de resultado. Não pode entrar com expectativa errada de ganho”, reforça Claudia.

Outro fator importante é entender o risco das microfranquias. “Muitos empreendedores entram neste negócio por ser barato, pela empolgação e pela leitura errada de que o risco é menor porque está investindo menos. Às vezes, tem retorno melhor se não entrar na franquia”, diz Friedheim.

Acompanhe tudo sobre:EmpreendedoresEmpreendedorismoFranquiasFranquias baratasPequenas empresas

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de PME

Mais na Exame