Fintech que dá renda extra a quem atender desbancarizados recebe R$ 23 mi
A startup permite que pequenos negócios e autônomos atuem como agentes financeiros. Hoje são mais de 33.000 agentes espalhados pelo Brasil
Carolina Ingizza
Publicado em 16 de outubro de 2020 às 12h12.
Última atualização em 16 de outubro de 2020 às 14h05.
A fintech brasileira Celcoin anuncia nesta sexta-feira, 16, ter recebido uma rodada de 23 milhões de reais liderada pelo fundo Vox Capital e com participação do boostLAB, hub de negócios do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) para empresas tecnologia.
Esse não é o primeiro investimento do Vox Capital na empresa. Em maio de 2019, o fundo liderou um aporte de 6 milhões de reais no negócio. A nova rodada, em plena pandemia, acontece para que a fintech tenha capital para criar novos serviços e conseguir a licença de Instituição de Pagamento no Banco Central.
A startup , fundada em 2016, é uma das poucas empresas que se beneficiaram da crise causada pela pandemia. Suas duas frentes de negócio foram aceleradas nos últimos meses com a digitalização maior da sociedade.
A startup brasileira conecta bancos e fintechs a uma rede de órgãos públicos, operadoras de celular e concessionárias de água e luz, permitindo que esses agentes ofereçam pagamentos de contas a seus clientes, por exemplo. Com essa infraestrutura, a empresa também consegue transformar pequenos varejistas de bairro em agentes financeiros para sua região. Hoje, são cerca de 33.000 agentes cadastrados espalhados pelo país.
Como a maior parte dos estabelecimentos cadastrados atua em serviços essenciais, como farmácias e mercearias, eles ficaram abertos durante a pandemia. Assim, o volume de transações na rede cresceu 50%. “Grande parte da população desbancarizada passou a evitar aglomerações nas lotéricas depois que descobriu que era possível pagar contas e fazer recargas nas farmácias e mercados do bairro”, diz Adriano Meirinho, cofundador e diretor de marketing da fintech.
Com isso, a startup cresce mensalmente cerca de 15% e processa hoje um volume de 1,2 bilhão de reais por mês, atingindo 7 milhões de pessoas. “O aplicativo vem transformando a vida de muita gente. A rede de agentes já atende milhões de pessoas que, muitas vezes, não têm acesso para pagar suas contas, nem a alguns serviços básicos", diz Daniel Izzo, presidente da Vox Capital.
A expectativa dos sócios é que o investimento ajude a alavancar o crescimento da empresa. Frederico Pompeu, sócio do BTG Pactual responsável pelo boostLAB, afirma estar animado com o potencial da Celcoin. Atualmente, outras dez empresas que passaram pelo programa do boostLAB são clientes da fintech.
Trajetória da empresa
A Celcoin foi criada por Marcelo França, que fez carreira no segmento de tecnologia financeira e trabalhou em bancos, principalmente desenvolvendo redes de correspondentes bancários com atuação forte em interiores e periferias. “Percebi a penetração crescente de smartphones e a ideia era que cada usuário pagasse suas contas e fizesse recargas de celular”, afirma o empreendedor.
Em março de 2016, a experiência se transformou na Celcoin. Seis meses depois, o negócio pivotou do atendimento autossuficiente para um modelo de agentes. Revendedores porta a porta, motoristas de aplicativo e pessoas com pequenas comércios usam seus smartphones como terminais de serviços como pagar contas, recarregar celulares e vender créditos para a plataforma de streaming Netflix ou para a loja de aplicativos Google Play. O comprovante da transação é enviado por SMS ou WhatsApp.
A rede de agentes da Celcoin também funciona como um ponto de saque e depósito para as fintechs e bancos digitais. “Transformamos comerciantes em ‘correspondentes digitais’ para levar acesso à população desbancarizada e permitir que fintechs e Bancos tenham capilaridade e presença física”, afirma França. Hoje, mais de 110 instituições financeiras são clientes da empresa.