PME

Filho de comerciante, ele criou startup que repõe estoques em um clique

A Dolado quer ajudar o dia a dia de comerciantes de pequeno porte com digitalização e compras facilitadas; empresa levantou R$ 53 milhões em série A

Guilherme Freire, Marcelo Loureiro e Khalil Yassine, fundadores da Dolado: startup captou R$ 53 mi para ajudar pequenos comerciantes (Paulo Vitale/Divulgação)

Guilherme Freire, Marcelo Loureiro e Khalil Yassine, fundadores da Dolado: startup captou R$ 53 mi para ajudar pequenos comerciantes (Paulo Vitale/Divulgação)

A startup Dolado nasceu para solucionar uma das principais dores entre os pequenos comerciantes: a reposição de estoque. E faz isso com a ajuda de tecnologia. Depois de dois anos no mercado e com uma atuação focada no eixo Rio-São Paulo, a empresa anunciou uma captação de R$ 53 milhões que deve ajudar na expansão dessa proposta Brasil adentro. A rodada série A anunciada nesta quarta-feira, 6, foi liderada pelo fundo americano Valor Capital Group, com participação dos fundos Flourish (Grupo Omidyar Network), GFC, Clocktower Ventures, IDB e Endeavor.

Fundada em 2020 por Guilherme Freire, Khalil Yassine e Marcelo Loureiro, a Dolado quer ajudar comerciantes nos processos de compra e venda, além da reposição inteligente do estoque de produtos. Para isto, a startup criou um marketplace que conecta fornecedores a comerciantes de pequeno porte localizados nas periferias.

Além das horas perdidas com as idas constantes aos centros urbanos para a compra de mercadorias, o argumento é de que com a pressa da rotina, esses lojistas não podem expandir o olhar para novos fornecedores, promoções vantajosas e pensar em estratégias a longo prazo. “Não há tempo para ter um senso crítico sobre as compras”, diz Yassine, um dos fundadores da empresa e também filho de comerciante — o que, segundo ele, contribuiu para encontrar o problema que a Dolado pretende solucionar.

Com a pandemia, porém, o modelo foi posto em xeque. A dor mapeada pelos fundadores deixou de ser prioridade para os comerciantes, que diante do fechamento intermitente dos estabelecimentos, passaram a se preocupar em queimar logo o estoque para manter a sobrevivência do negócio. "Ninguém olhava para novas reposições. Tivemos de recalcular a rota”, conta.

A solução foi criar um serviço para que esses vendedores abraçassem o digital, — uma exigência indiscutível em função da pandemia —mas de maneira mais amigável. “Criamos uma maneira para que eles tivessem sua loja digital, mas de maneira humanizada”, conta.

Na prática, o que a Dolado passou a fazer foi ir até esses comércios para entender suas dificuldades e educar os comerciantes sobre as ações mais triviais, como tirar fotos dos produtos. “Esses comerciantes não tinham tanta informação para se digitalizar da maneira e na velocidade que era exigida em função da pandemia”. O primeiro produto oferecido em larga escala pela Dolado foi o catálogo online de produtos.

Depois de alguns meses, a startup voltou a concentrar os esforços no produto de marketplace para compras digitais. “Só invertemos as ordem, de olho no que era mais urgente para os comerciantes naquele momento, e fez muito sentido”, diz o empreendedor. Com a criação do recurso e a extensão para outros estados do Brasil, em março de 2021, a empresa saltou de 5 mil para 20 mil usuários na plataforma entre março de 2021 e abril de 2022. No mesmo período, o time de funcionários foi de 20 para 100 pessoas.

Assine a EMPREENDA e receba, gratuitamente, uma série de conteúdos que vão te ajudar a impulsionar o seu negócio

A plataforma digital é focada em pequenos comércios do setor de acessórios para celular e assistência técnica. A escolha pelo segmento, segundo Yassine, está justificada pelo fato de que os empreendedores desses negócios eram o público que era o mais afetado pela ausência de canais para acesso a mercadorias, principalmente por se tratar de um nicho muito novo e nada tradicional.

Com o investimento, a Dolado deve mirar outros segmentos a partir do segundo semestre deste ano. Também está no radar o desenvolvimento de novas soluções para tornar as compras mais inteligentes. Segundo Yassine, hoje esses comerciantes compram com a ajuda de uma lista. Mas a ideia é ter recursos que melhoram a inteligência de gestão de compras, como a análise preditiva dos carrinhos.

Com os novos recursos, a expansão do quadro de funcionários e as novas categorias, a intenção é alcançar uma base de 100 mil clientes até o final do ano.

Acompanhe tudo sobre:Investimentos de empresasStartups

Mais de PME

ROI: o que é o indicador que mede o retorno sobre investimento nas empresas?

Qual é o significado de preço e como adicionar valor em cima de um produto?

O que é CNAE e como identificar o mais adequado para a sua empresa?

Design thinking: o que é a metodologia que coloca o usuário em primeiro lugar

Mais na Exame