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A ex-engenheira da Nasa que criou uma fintech com DNA brasileiro

A empreendedora Ludmila Pontremolez decidiu fundar a fintech Zippi, de soluções financeiras para pequenas empresas, depois de atuar como engenheira na Nasa e em companhias como Microsoft e Square

Ludmila Pontremolez, cofundadora e CTO da Zippi (Zippi/Divulgação)
MC

Maria Clara Dias

Publicado em 29 de abril de 2022 às 15h28.

Última atualização em 2 de maio de 2022 às 14h29.

A história da empreendedora Ludmila Pontremolez, fundadora da fintech Zippi, foge à regra — a começar pela sua formação. Engenheira da computação formada pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), ela tem passagens por empresas como Microsoft, Square e até mesmo a Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, onde atuou como engenheira de software no instituto dedicado ao monitoramento dos dados recebidos pelo telescópio Hubble, em órbita há 32 anos.

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Hoje, além de engenheira, Ludmila é fundadora da Zippi, uma fintech que oferece cartões de crédito com faturas semanais para profissionais autônomos e pequenos empreendedores em busca de mais capital de giro. Ela é também responsável pela área de tecnologia, produto e ciência de dados da startup.

Nascida em São José dos Campos, em São Paulo, Ludmila conta que a paixão pela engenharia é de família. “Nossa mãe sempre fez questão de incentivar nossa paixão pela ciência e pela área de exatas”, diz. A empreendedora tem outras duas irmãs, também engenheiras.

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Depois da Nasa e Microsoft, Ludmila mudou-se para o Vale do Silício, berço da inovação tecnológica do mundo e terra natal de grandes startups. Pouco tempo depois, foi a primeira funcionária de uma startup fundada por um amigo e que passou por um processo de aceleração e incubação em São Francisco. “Fiquei apaixonada pelo fato de que aquele universo empreendedor não exigir idade ou qualificação, apenas uma boa ideia e muita força de vontade”, diz.

Durante sua estadia nos Estados Unidos, ela também trabalhou na fintech Square, que cria ferramentas de software para pequenas empresas. Foi quando decidiu que desenvolver produtos de tecnologia voltados para o empoderamento econômico de pequenos empresários seria o melhor nicho para empreender, especialmente no Brasil. “Conheci meus atuais sócios André Bernardes e Bruno Lucas, que na época queriam muito abrir uma startup no Brasil que promovesse impacto. Foi o casamento perfeito”, conta.

Em 2019, Ludmila retornou ao Brasil para fundar a Zippi com o propósito central de gerar impacto no ecossistema empreendedor do país. “No Vale do Silício, eu era apenas mais uma engenheira entre outras centenas de engenheiros qualificados. No Brasil, o barulho que eu poderia fazer era muito maior, seja pela minha qualificação, seja pela necessidade que as PMEs brasileiras têm de serem atendidas por ferramentas que as ajude a crescer”, diz.

A empreendedora também esteve à frente da operação enquanto a startup era aceita pelo programa de aceleração da Y Combinator, um dos maiores do mundo e com passagens de empresas como Airbnb, Dropbox e Reddit. “Fomos a quinta empresa brasileira a passar pela aceleração. Foi um marco muito importante”.

A proposta de valor da Zippi está baseada na oferta de cartão de crédito com limites e faturas semanais. O propósito é gerar capital de giro e ajudar empreendedores e profissionais autônomos a movimentar de forma mais ágil as finanças da empresa, fugindo dos ciclos mensais de pagamentos e recebimentos. No futuro, a Zippi pretende lançar um recurso que permite o uso das linhas de crédito com pagamento via Pix.

A importância da diversidade

Ainda na Nasa, a empreendedora percebeu a relevância da diversidade e inclusão. Apesar de ter equipes (quase) totalmente masculinas, uma característica comum no universo da tecnologia, a política da agência espacial priorizava times igualitários, divididos também igualmente, entre homens e mulheres. “A maioria dos cientistas era composta de homens, mas havia uma preocupação muito grande em compensar esse desequilíbrio em todas as outras áreas do instituto”, diz.

Hoje, como líder de tecnologia em uma empresa financeira, Ludmila representa ainda uma pequena parcela do contingente empreendedor feminino no setor. Dados do Female Founders Report, elaborado pela plataforma de inovação aberta Distrito, mostram que apenas 8,2% das mulheres líderes no ecossistema de inovação do Brasil estão em empresas de serviços financeiros.

Ela conta que trabalhar em áreas marjoritariamente masculinas despertou nela um desejo de fomentar a diversidade de gênero dentro da própria Zippi, incentivando a contratação de times diversos e incentivando o protagonismo feminino. "O exemplo vem da liderança. Nós sempre buscamos um exemplo, um modelo no qual podemos nos inspirar e sentir que somos capazes", diz. "Tive muita insegurança ao empreender, por exemplo, porque me vi sem nenhuma referência, por isso percebo o quanto isso é relevante".

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