Creche Dog Solution, em São Paulo: horários e atividades de socialização (Divulgação/Dog Solution)
Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2014 às 07h00.
São Paulo – Caça ao tesouro, massagem, hora da soneca e da brincadeira com os outros alunos. Parece a rotina de uma escola infantil, mas é o dia a dia de creches para gatos e cachorros. A explosão no mercado pet aconteceu há alguns anos. Milhares de pet shops foram abertos para atender a demanda de cães e gatos, especialmente em serviços de banho e venda de produtos específicos para este mercado. Agora, o segmento pet começa a crescer em outros lados.
Hoje, o Brasil é o segundo maior mercado mundial de itens pet. São mais de 50 milhões de cães e gatos, a segunda maior população do tipo no mundo. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o setor faturou 15,2 bilhões de reais em 2013, um crescimento de 7,3% em relação a 2012.
Alimentação ainda responde por mais da metade do faturamento, mas a área que mais cresce é a de serviços, com 19% do mercado e avanço de 26% entre 2012 e 2013. É neste segmento que o empresário Aldo Macellaro Jr atua.
Veterinário e fundador do Clube de Cãompo, o empreendedor começou o negócio em 1996, oferecendo hospedagem do tipo “hotel fazenda” para os animais. “Eu fui viajar e precisei de um lugar para deixar meu cachorro. Só encontrei lugares apertados, sem espaço em clínicas veterinárias. Na volta da viagem, veio a ideia de fazer um hotel no interior”, explica.
Localizado em Itu, interior de São Paulo, o Clube de Cãompo tem 60 mil metros quadrados e até planos de hospedagem permanente para os animais. “A gente funciona como um clube, com recreação, creche, esportes, educação básica e hospedagem. Hoje, temos 20 cães moradores aqui, de pessoas que se mudam e não podem mais ficar com o cachorro”, diz Marcellaro.
Com crescimento de 18% ao ano, o negócio fatura 1,2 milhão de reais. O plano “vip”, que inclui creche e hospedagem sem limites de diárias, custa 900 reais mensais. “O perfil do público aqui é bastante variado, normalmente são pessoas que prezam muito pelo cachorro e procuram o melhor para ele”, conta o empresário.
A dedicação e o cuidado com os animais foram determinantes para impulsionar o mercado de creches. Com atividades hora a hora, os animais são estimulados a socializar e fazer exercícios durante a rotina diária.
Na creche Dog Solution, na zona sul de São Paulo, a agenda inclui caça ao tesouro, massagem, exercícios físicos e desenvolvimento dos cinco sentidos. “Não é um espaço para correr atrás de bola o dia inteiro. Nem todos os cães gostam de ficar brincando de bolinha ou mesmo com outros cães. Você tem que saber o que cada um precisa”, explica Renato Zanetti, dono da creche, que fatura 600 mil reais ao ano.
No mercado há quatro anos, Zanetti resolveu aproveitar o bom resultado da creche para dar origem a um novo negócio, a Dog Consult. “Eu percebi que tinha uma demanda muito grande que queria abrir um negócio parecido e veio a ideia de montar uma consultoria”, diz.
Com formação em zootécnica, gestão e marketing, Zanetti já desenvolveu 22 projetos de creches para outros empreendedores. Sua dica para quem pensa em entrar neste mercado é buscar informação e ir além do amor pelos animais. “Tem que conhecer sobre o comportamento dos cães. Não adianta só gostar de cachorros, tem que saber de linguagem corporal e bem estar animal”, ensina.
É para disseminar informação que os sócios Lucas Almeida, Adriano Borges, Rodrigo Arjonas e Ricardo Tubaldini criaram o portal CachorroGato. A plataforma online de textos e dicas para donos de animais ajuda também a encontrar produtos e serviços.
Criado em julho de 2013, o negócio nasceu com um investimento de 400 mil reais, feito por um grupo de veterinários. “Somos um marketplace para donos encontrarem serviços do segmento pet”, define Almeida.
Segundo o empreendedor, quase 90% dos proprietários de pequenas empresas do mercado pet não têm presença online. “Ele consegue trazer novos clientes do bairro e fidelizar com ferramentas de lembretes de vacinas, por exemplo. A gente tem mil fornecedores cadastrados e usando a plataforma diariamente para controlar seus negócios”, diz.
A startup fatura com assinaturas dos donos de estabelecimentos. “A gente pretende lançar na Argentina e em mais cinco países até o final do ano. Já geramos quatro mil negócios para esses mil fornecedores e atingimos o ponto de equilíbrio em sete meses. Agora, vamos atrás de conseguir um investidor para a expansão internacional”, conta Almeida.
Dicas para entrar no mercado
Ainda em expansão, o mercado pet pode ser uma opção para muitos empreendedores que se identificam com o segmento. Os desafios, no entanto, são diários. “Tem que ter muita paixão pelo negócio e tem que estar todo dia acessível. Cachorro demanda todos os dias e tem que ter tempo em feriado, final de semana”, diz Zanetti.
Para Almeida, convencer o mercado de que vale a pena estar online ainda é um problema. “Nosso desafio é realmente evangelizar o mercado no que tange à parte tecnológica. Outro desafio é acabar com o amadorismo tanto na parte social, de cachorros perdidos na rua, quanto na de negócios”, opina.
Pesquisar o mercado e estar em dia com todas as regras legais é essencial. “A pessoa tem que se informar muito antes porque realmente existem muitas variáveis neste negócio. É preciso ter um veterinário presente, manter a equipe treinada e motivada e seguir a legislação, que vem apertando em muitos sentidos”, diz Macellaro.