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Eles vendem seu carro usado por 20% mais do que a concessionária

A Volanty é uma startup que intermedeia a compra e venda de automóveis usados entre pessoas físicas – e, com isso, a margem dos donos (e do negócio) aumenta

Maurício Feldman e Antonio Avellar, da Volanty: startup espera aumentar seu volume em ao menos dez vezes neste ano (Volanty/Divulgação)

Mariana Fonseca

Publicado em 2 de março de 2018 às 06h00.

Última atualização em 9 de agosto de 2019 às 10h06.

São Paulo – Vender um carro usado ou seminovo não é uma tarefa simples – e, muitas vezes, seus donos têm de se conformar com preços abaixo do valor de mercado ou com meses de espera e de trabalho para achar o comprador ideal.

Os amigos Antonio Avellar e Maurício Feldman passam por essa história ao venderem seus automóveis. Anos depois, refletindo sobre tais dores e olhando para o tamanho do setor de automóveis no Brasil, resolveram empreender .

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Assim nasceu a Volanty , um marketplace de compra e venda de carros usados entre pessoas físicas. No início de 2017, a ideia de negócio recebeu um investimento do conhecido fundo de investimento Canary, no valor de 2,5 milhões de reais. Hoje, comercializa mensalmente 30 automóveis em cada um de seus centros de inspeção veicular.

Criação do negócio e dores de mercado

Feldman e Avellar são amigos de infância e fizeram graduação e MBA na mesma época. Feldman fez um MBA na Universidade de Stanford e foi trabalhar na área de tecnologia, sendo diretor regional de um marketplace de ingressos chamado Viagogo. Enquanto isso, Avellar fez um MBA da Universidade de Nova York e foi trabalhar na área de projetos e operações da consultoria McKinsey.

Feldman queria abrir sua própria empresa e convidou o amigo para montar um negócio próprio. Os empreendedores se lembraram de um problema antigo: a dificuldade de venderem seus automóveis, logo antes de viajarem aos Estados Unidos e cursarem seus respectivos MBAs.

“Não há muito opção. A primeira alternativa é levar seu automóvel em uma loja de carros usados e vende na hora, mas com uma depreciação de 30% do valor. A outra opção é você mesmo tirar fotos, anunciar na OLX, fazer a precificação, atender ligações, agendar visitas com estranhos para receber o valor de mercado. É um processo que dá muita dor de cabeça, incluindo possíveis fraudes”, afirma Feldman.

Segundo os empreendedores, o mercado de automóveis é gigante, movimentando 200 bilhões de reais por ano. Mais de 10 milhões de carros usados são vendidos todos os anos, sendo que os automóveis com até seis anos de vida representam metade desse número.

Enquanto Feldman tinha experiência em marketplaces e interação entre compradores e vendedores pela internet, Avellar tinha parentes que trabalharam em áreas como seguros automotivos. “É um mercado grande e em que existem problemas claros. Pela nossa experiência, fazia sentido empreendermos nisso”, afirma Avellar.

Feldman se lembrou de como três colegas de Stanford haviam lançado projetos de startups na área de carros usados. Conversando com tais colegas na Califórnia (Estados Unidos), os amigos fizeram estágios nessas empresas e perceberam como o modelo funcionaria ainda melhor no Brasil, pelas maiores dores e menores players no mercado.

Os empreendedores passaram o ano de 2016 desenvolvendo o novo negócio e montando uma apresentação de PowerPoint. No início de 2017, um investimento semente ( seed ) transformou a ideia em empresa formalizada.

O fundo de investimento Canary, capitaneado por empreendedores de empresas como Peixe Urbano e Printi, aportou 2,5 milhões de reais. O empreendimento, que recebeu o nome Volanty, investiu em desenvolvimento tecnológico, time e infraestrutura e começou a funcionar em maio de 2017.

Centro de inspeção da Volanty (Volanty/Divulgação)

Como funciona?

Quem quer vender seu automóvel usado deve entrar no site, cadastrar-se e agendar uma visita em um dos centros de inspeção da Volanty – o negócio possui imóveis na Barra da Tijuca e no Botafogo, ambos no Rio de Janeiro.

No horário marcado, a startup checa 150 pontos do automóvel em até 25 minutos, definindo o estado em que este se encontra. Se aprovado, o carro passa para um estúdio e são feitas cerca de 20 fotos – que mostram, inclusive, possíveis defeitos.

“A gente quer dar o máximo possível de informação aos possíveis compradores, justamente porque o grande defeito dos players atuais é a assimetria de informações”, afirma Feldman.

Só entram na plataforma automóveis com até seis anos de vida e com estado razoável de conservação. De 30 a 35% dos carros que se candidatam são negados após a avaliação, seja por estética, por problemas mecânicos ou por procedência duvidosa.

Interior de centro de inspeção da Volanty (Volanty/Divulgação)

Realizada a inspeção, a Volanty faz uso de algoritmos para analisar seu banco de dados e sugerir um preço de acordo com o mercado. Definido o valor cobrado, o dono do veículo assina contratos de propriedade, volta para casa e aguarda as propostas intermediadas pela startup.

A Volanty é responsável por cadastrar o veículo em sete sites de venda (como MercadoLivre e OLX), por tirar dúvidas e selecionar quem realmente possui intenção de compra no valor definido pelo usuário – nada de oferecer terreno ou imóvel com financiamento pendente.

Só após tal filtro o automóvel pode ser vendido pela internet (para compradores distantes do Rio de Janeiro) ou chamado novamente para uma apresentação física no centro de inspeção. Toda a troca de dinheiro e de documentos é feita pela plataforma, evitando possíveis golpes. Há garantia de motor e câmbio por três meses para o comprador.

A comissão cobrada pela Volanty é de 7% sobre o valor total da venda do carro usado. Por isso, a startup defende que não sugere um preço abaixo do mercado, como fazem as concessionárias – que querem pagar menos pelo veículo para aumentar suas margens de lucro na revenda.

Em troca, o cliente deverá esperar alguns dias para ter o dinheiro na carteira, diferente de uma venda imediata na loja de automóveis usados. Assim, o valor pago pode ser de 15 a 20% maior do que a média oferecida por lojas de usados e seminovos. “O nosso consumidor é aquele que não está com a corda no pescoço”, resume Avellar.

A grande maioria dos vendedores de automóveis são da Zona Sul do Rio de Janeiro, mas existem diversos compradores de outros estados brasileiros.

Os veículos mais vendidos seguem a tendência do mercado, com veículos como Chevrolet Onix, Fiat Palio e Hyundai HB20. O negócio possui 80 carros anunciados atualmente na plataforma e vende cerca de 30 automóveis mensalmente por centro de inspeção.

A expectativa da Volanty é vender mais de 500 carros até o fim de 2018. Outros planos incluem a abertura de novos centros de inspeção e a chegada à cidade de São Paulo.

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