Ele largou a engenharia para fazer sapatos e já tem 23 lojas
Breno Bulus sentia a necessidade de ter calçados com um design mais atual. A ideia virou um negócio chamado Outer Shoes – que, hoje, fatura R$ 33 milhões. Veja:
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2016 às 07h00.
São Paulo – O engenheiro Breno Bulus enfrentava um problema que não tinha nada a ver com sua profissão: achar calçados que fossem confortáveis, mas com um visual diferente do comum. Com essa inquietação em mente, ele colocou a mão na massa para encontrar uma solução não apenas para si próprio, mas para outros que sentiam essa mesma falta. A loja criada a partir do problema, chamada Outer Shoes, deu tão certo que se tornou uma rede de franquias com faturamento de 33 milhões de reais em 2015.
“Eu sempre tive a vontade de ter um negócio próprio. Ao mesmo tempo, no papel de consumidor eu sentia falta de calçados com um design mais contemporâneo. Via como o setor de calçados estava mais parado no tempo em relação a outros setores, que já tinham desenvolvido uma pegada conectada ao momento atual”, conta o empreendedor .
Ainda que gostasse da sua carreira na construção civil e tivesse sucesso nisso, Bulus conta que tinha uma veia criativa muito forte. Seu desejo por sapatos diferentes foi a oportunidade perfeita para execitar essa vontade. Após viajar e visitar fábricas e conhecer diferentes modelos de negócio, o empreendedor usou suas próprias reservas financeiras para montar a primeira unidade da Outer Shoes, em 2005.
No começo, Bulus admite que as pessoas não estavam com muita vontade de apostar em produtos diferentes do usual – ainda mais quando se fala em calçados, que são essenciais para o dia a dia. Porém, à medida que os consumidores experimentavam os produtos, o processo de fidelização tornou-se mais intenso, chegando à expansão por franquias.
Filosofia
O engenheiro tinha a ideia de criar não só uma loja, mas uma marca-conceito. Ou seja: uma empresa que ofereça não apenas produtos, mas também valores. No caso da Outer Shoes, a proposta é valorizar os “jardins urbanos”.
“Propomos que é muito bom viver nessa era de informação e de tecnologia, mas que também é preciso buscar uma maior integração com a natureza, seja por meio do contato com o meio ambiente ou pelas nossas próprias vontades”, explica Bulus. O público que compra na Outer Shoes é variado: são artistas e personalidades, pessoas que apoiam o conceito de jardinagem urbana e até mesmo aqueles que buscam apenas um calçado confortável.
Todas as lojas possuem um projeto arquitetônico moderno, associado à jardinagem – com contêineres, caixotes de plástico ou goma, por exemplo. Além disso, os calçados são mais largos e arredondados, o que evidenciaria um design mais conectado à forma natural dos pés, e priorizam um material mais “autêntico”, diz Bulus. “Muitos trabalham com um couro tão tingido em seus sapatos que as pessoas mal percebem que é couro. Nós valorizamos as imperfeições do couro e temos acabamentos próprios”. Veja, nas fotos acima, o ambiente das lojas e alguns modelos de calçados.
Diferente do que muitos pensam, moda não é algo fútil, defende o empreendedor. “Nós a entendemos como uma forma de expressão da vivência da sociedade, assim como todos os tipos de arte. Antes de lançarmos a coleção, por exemplo, estudamos o momento em que a sociedade estará e todas as nossas coleções são pautadas nessa atmosfera. Achamos que o produto entra em moda quanto mais conectado é ao que está acontecendo no momento”.
Por exemplo, a moda das sandálias “gladiadoras” nos Estados Unidos e na Europa em 2008 foi, em parte, por conta de um contexto de crise econômica: havia uma demanda por sapatos fortes, mas também cômodos, afirma Bulus.
Franquias
Um ano após a abertura da primeira loja da Outer Shoes, o negócio ganhou sua segunda unidade. Reinvestindo os ganhos, Bulus chegou a ter quatro unidades próprias no final de 2010. Foi aí que escolheu o franqueamento como modelo de expansão.
“Vimos que a franquia casava muito bem com nosso modelo de passar a visão de dono para todos os membros do nosso negócio. Assim como nas nossas lojas próprias, nas franquias é preciso ter alguém realmente comprometido à frente do negócio”, diz o diretor de expansão Felipe Lamin.
O diretor financeiro da Outer Shoes virou o primeiro franqueado da rede. Poucos meses depois, ele abriu sua segunda unidade. “Vimos que realmente dava certo e contratamos uma consultoria para formatação financeira e jurídica, desenhamos nosso novo modelo de expansão”.
Hoje, há 23 unidades operando e todas são franqueadas – inclusive os quatro negócios criados por Bulus, que ocupa hoje funções de construção de marca e de desenvolvimento de produtos. Os estados em que a Outer Shoes atua são Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
O momento de crise não é impedimento para a Outer Shoes: o faturamento da rede no ano passado foi de 33 milhões de reais, um crescimento de 30% em relação a 2014. Vale lembrar também que o setor de acessórios pessoais e calçados foi o que mais cresceu em 2015, no universo das franquias.
“Desde que começamos a expandir, as oportunidades nunca foram tão interessantes. É bom tanto para melhorar quem já está na rede quanto para trazer gente nova. Nós incrementamos a gestão das lojas existentes e vemos maiores chances em conseguir pontos comerciais do que em outros tempos, o que ajuda quem quer e está preparado para empreender”, explica Lamin.
Para este ano, o plano da Outer Shoes é abrir de oito a dez novas lojas e crescer 30% em seu faturamento, assim como ocorreu no resultado do ano passado. Até 2020, a expectativa é alcançar 80 lojas.
Veja os valores para obter uma unidade franqueada:
Outer Shoes
Investimento inicial: 330 mil reais
Prazo de retorno: 24 meses