Nesses tempos em que quase tudo é feito online, ao alcance de um toque no celular, o cliente não quer esperar (Reprodução/Thinkstock)
Mariana Fonseca
Publicado em 7 de janeiro de 2018 às 08h00.
Última atualização em 8 de janeiro de 2018 às 17h12.
São Paulo – Início do ano não é apenas um período para tirar férias e relaxar: para muitos brasileiros, é o início da corrida por um novo emprego. Não é para menos: a taxa de desocupação no Brasil ficou em 12% no último trimestre de 2017, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. É a maior taxa para o período analisado desde o início do estudo, em 2012.
Assim que começa a busca por vagas, os candidatos enfrentam os problemas recorrentes na área de recrutamento: sair distribuindo currículos ou cadastrar-se em diversos sites para obter retorno praticamente nulo.
O empreendedor Macio Furtado resolveu criar uma startup para solucionar tais dores. Assim nasceu a Empreguei: um negócio que funciona de forma similar ao Tinder, mas dando matches em oportunidades de trabalho.
A ideia do Empreguei surgiu em 2015, a partir da análise de Furtado sobre os problemas que não apenas os candidatos enfrentam, mas também as empresas que recrutam. “Enquanto o processo usual de busca de emprego é frustrante, as empresas recebem uma enxurrada de currículos apenas para ter 85% de inadequação entre candidatos e vagas.”
Esse não é um mercado pequeno: segundo o empreendedor, há 75 milhões de pessoas na força de trabalho brasileira, além de 7 milhões de empresas. O mercado de recrutamento e seleção com foco em vagas administrativas e operacionais – que são também a escolha da Empreguei – gera em torno de 40 bilhões de reais por ano.
Furtado já empreendia desde 2008, sendo na época responsável por um software financeiro na nuvem para grandes e médias empresas. Para fundar a Empreguei, chamou outros dois sócios da área de tecnologia: Felipe Israel e Fernando Gomes.
O negócio foi fundado em agosto de 2016, sete meses após eles deixarem seus respectivos empregos para desenvolver um mínimo produto viável (MVP). O investimento até agora foi de 700 mil reais, aportado tanto pelos sócios quanto por amigos e familiares.
Para criar o Empreguei, os empreendedores se inspiraram em outras empresas de tecnologia, como LinkedIn, Salesforce e Tinder. “Assim como na Salesforce, a empresa pode montar da forma que quiser o serviço contratado – no caso, o processo seletivo. Do lado dos usuários, como no LinkedIn, eles preenchem o seu próprio perfil. Por fim, como no Tinder, há um match feito pela plataforma entre as duas partes.”
O candidato pode se cadastrar gratuitamente e visualizar as vagas disponíveis – tanto na versão para desktop quanto para Android. O diferencial do Empreguei para qualquer outro site de vagas está em encontrar as melhores oportunidades para o perfil de cada usuário.
Para isso, além de preencher informações como especializações, local de residência, experiências anteriores e pretensão salarial, o visitante também passa por um teste vocacional, com aspectos comportamentais – e pode descobrir, por exemplo, se possui um perfil mais gerencial ou mais técnico.
As empresas, então, recebem uma lista de candidatos para cada processo seletivo criado. Os usuários são ranqueados com base tanto nas informações inseridas quanto no teste vocacional. Dentro do Empreguei, o processo é 100% online e não é preciso enviar anexos, como os famigerados currículos. Quem tem mais identificação com a vaga pode seguir adiante no processo – para uma entrevista presencial, por exemplo.
Além da curadoria de candidatos, o Empreguei afirma que outro benefício da plataforma é a rapidez de seleção. “Nossa meta é fechar uma vaga em até 24h, contando a partir do momento em que a empresa publica a vaga e recebe os candidatos correspondentes”, diz Furtado.
Nos primeiros meses de operação, o Empreguei já havia alcançado 4 mil candidatos e 400 empresas. Hoje, são 16 mil candidatos e 1.600 empresas – a média de 10 candidatos por empresa é a ideal para gerar a quantidade de competição necessária, afirma Furtado. No momento, há 200 vagas ativas.
Alguns negócios que estão na plataforma são a rede de padarias Benjamin Abrahão, a imobiliária Lopes e a Porto Seguro. Como monetização, a startup cobra uma taxa de 79 reais por vaga publicada.
O Empreguei resolveu focar em oportunidades de trabalho como auxiliar administrativo, atendimento ao cliente, secretária e vendedor. “Isso porque as empresas possuem pouco orçamento para processos seletivos em vagas como essas, de salário reduzido. Assim, há diversos problemas de contratação e muita ineficiência nesse mercado.”
Nos um ano e quatro meses de vida do negócio, 220 candidatos foram contratados, após passarem por 2.000 entrevistas e 4.000 matches gerados pela plataforma.
Para 2018, a meta do Empreguei é triplicar seus números: ter entre 50 e 60 mil candidatos e de 500 a 600 empresas. O ponto de equilíbrio ainda não foi atingido, mas a expectativa é chegar a ele ainda no primeiro trimestre.
Assim que as contas se equilibrarem, o plano é buscar um novo investimento. Isso porque o Empreguei quer expandir para outros estados brasileiros além de São Paulo, onde opera hoje. “Temos demanda para isso. Vários candidatos de outros estados já se cadastraram na nossa plataforma”, diz Furtado.