Conheça a empresa em que o dono da BioRitmo topou investir
O empresário do mundo fitness Edgard Corona participou como convidado especial do Shark Tank e entrou como sócio em uma empresa de bicicletas elétricas
Mariana Fonseca
Publicado em 18 de agosto de 2017 às 14h58.
Última atualização em 18 de agosto de 2017 às 21h10.
São Paulo - Defender sua ideia na frente de potenciais investidores nunca é uma tarefa fácil, ainda mais sabendo que o " pitch " será exibido para milhões de telespectadores nos canais de televisão Sony e Band no programa Shark Tank Brasil.
Para a dupla de empreendedores paulistas Kleber Piedade e Gabriel Arcon, fundadores da E-moving, startup que aluga e vende bicicletas elétricas em São Paulo, o desafio valeu a pena.
Eles receberam um investimento de 400 mil reais de dois empresários: Edgard Corona, fundador da rede de academias BioRitmo e Smartfit, e Caito Maia, fundador da rede de lojas de óculos Chilli Beans. Corona e Maia se tornaram sócios da E-moving, com um total de 12% de participação.
No nono episódio da segunda temporada do programa, exibido nesta quinta-feira, outras duas empresas também apresentaram suas ideias, mas o melhor negócio foi fechado com a E-moving. A empresa também foi disputada por todos os jurados (ou tubarões, como são chamados) – uma cena rara no programa – e foi a única em que Corona topou investir.
A Bubble Mix Tea, franquia de bebida asiática, recebeu 300 mil reais em investimentos de João Appolinário, dono da Polishop, mas por 25% de participação. Dos 36 empreendedores que apresentaram suas ideias até agora, apenas 16 receberam algum aporte, resultando em mais de 5 milhões de reais investidos. Kleber Piedade falou e EXAME sobre sua participação no programa e os planos para empresa:
EXAME — Como surgiu a ideia de criar a empresa?
Piedade — A E-moving está no mercado há dois anos e meio. Eu e o Gabriel iniciamos a empresa porque percebemos que as grandes cidades, em especial São Paulo, careciam de alternativas de transporte. Um deslocamento de 5 quilômetros dentro da cidade pode levar horas. Começamos a buscar opções para nós mesmos fugirmos do trânsito. Gostamos de bicicleta, mas tinha o problema de chegar suado no trabalho. Foi então que experimentamos a bicicleta elétrica e adoramos a experiência. Começamos importando e hoje já temos uma fábrica de montagem. Compramos o kit elétrico na China e usamos o restante de peças brasileiras. A ideia é alugar e não vender, mas se o cliente quiser comprar, também oferecemos essa opção.
EXAME — Qual é o modelo de negócio?
Alugamos bicicletas elétricas por período de longa duração, mínimo de 30 dias. Os planos variam de 199 a 399 reais por mês. O valor de 199 reais equivale a um tanque e meio de gasolina – e não tem multas, pedágios, estacionamento e outros gastos. Temos quatro tipos de clientes: indivíduos (70% dos nossos clientes hoje), empresas que oferecem essa possibilidade a funcionários, hotéis que alugam para os hóspedes conhecerem a cidade e também delivery, como um substituto às motos de entrega de comida e outras coisas. Hoje são 190 bicicletas só em são Paulo.
EXAME — Para que usarão o dinheiro?
Vamos investir em mais bicicletas. Nosso faturamento cresce conforme cresce o número de equipamentos disponíveis. O aporte vem para aumentar nossa capacidade produtiva. Devemos fechar o ano com pelo menos 450 bicicletas. No ano passado, faturamos 340 mil reais, mas a meta para este ano, com a entrada dos tubarões, é de 1,5 milhão de reais.
EXAME — Como foi participar do Shark Tank?
Nós já gostávamos do programa americano e achamos que seria uma grande oportunidade para a E-moving ganhar visibilidade e crescer. Tentamos na primeira temporada, mas não fomos chamados. Deu certo na segunda. Passamos por várias etapas de seleção: tivemos de fazer um vídeo, enviar um plano de negócio e outros tantos documentos sobre os sócios e a empresa.
EXAME — É preciso se preparar para participar?
Sim. Pensamos em respostas sobre como calcular o valor da empresa, quanto tempo deve demorar até o investimento dar retorno. Ficamos surpresos quando todos os jurados mostraram interesse e tivemos que escolher que time aceitar como investidor. Fomos pelo que estava mais alinhado com nosso interesse, que poderia nos ajudar a expandir a empresa para outros mercados por de franquias e até internacionalização.
EXAME — Receber 400 mil reais por 12% de participação da empresa era o valor que tinham em mente quando se inscreveram no programa?
Nossa proposta inicial era de 400 mil reais por 8% da empresa. Recebemos primeiro uma proposta de 400 mil por 15% da empresa. Nós fomos negociando até fechar por 12%. Nosso limite era vender 15% porque já fizemos uma rodada com investidores-anjo e não queríamos ser mais diluídos. O empreendedor não tem que pensar só no dinheiro e network do tubarão, tem que escolher parceiros alinhados com sua estratégia e com o que quer ser no futuro.