São Paulo – A nova geração de empreendedores enxerga a internet como um terreno bastante fértil para começar um negócio. E não é para menos. Hoje, existem mais de 645 milhões de sites ativos no mundo, segundo dados da Netcraft. No Brasil, o número de pessoas com acesso à rede chegou a 82,4 milhões no primeiro trimestre de 2012, segundo pesquisa do Ibope, ou seja, 43% dos brasileiros estão conectados. Quando o assunto é redes sociais, o país também não deixa a desejar. Segundo o site de pesquisas Social Bakers, são 46 milhões de brasileiros curtindo, compartilhando e comentando no Facebook, o que coloca o Brasil como o segundo país com mais usuários da rede social. Os negócios na web costumam exigir pouco capital inicial, a possibilidade de ser escalável e muito trabalho. Com a ajuda de oito jovens empreendedores, EXAME.com reuniu dicas preciosas para quem pensa em abrir um negócio na web antes dos 25 anos. 

Aos 20 anos, Marco Gomes começou a tirar do papel sua ideia para desenvolver uma tecnologia em publicidade para mídias sociais. Sua empresa, a boo-box, já recebeu um aporte da Monashees Capital e, desde 2007, virou referência na área. A dica de Gomes para quem quer trilhar o mesmo caminho é ver o sócio como melhor amigo e evitar contratações de parentes. “O excesso de intimidade pode atrapalhar a produtividade e uma eventual demissão pode prejudicar o relacionamento pessoal”, explica. Para ele, é difícil que um empreendedor seja completo, com todas as capacidades necessárias. “Para suprir estes pontos em que você tem deficiência, invista em bons sócios. A confiança e a transparência devem ser totais e mútuas. De vez em quando, vale até fazer aquelas reuniões para lavar a roupa suja”, diz.

Aos 27 anos, Olivier Grinda já tem experiências como empreendedor em dois negócios. Aos 24, fundou o Brandsclub, um e-commerce de moda, e, no ano passado, abriu o Shoes4You, site de venda de sapatos e acessórios por assinatura. Os dois negócios receberam aportes de fundos, como o Redpoint. Para ele, quem pensa em empreender ainda jovem precisa se preparar. “Você precisa sustentar sua ideia com números, estudos e exemplos. Isso dará a credibilidade que você ainda não tem”, opina. 

Fundada em Manaus, a startup Ingresse comercializa tickets para eventos independentes. A empresa foi considerada uma das mais promissoras de 2012 pela aceleradora 500 Startups. Para Gabriel Benarrós, um dos sócios, a chave para o sucesso é investir em pessoas bem capacitadas. “Se o produto for bom e a equipe por trás dessa ideia também for boa, as chances de se obter sucesso e conseguir arrecadar capital aumentam”, conta. Para ele, um empreendedor precisa estar disposto a correr mais riscos. “Você não tem tanto a perder quanto acha que tem. Quanto mais novo você for, mais fácil será recuperar aquilo que perdeu”, explica.

Em agosto do ano passado, o empreendedor Tallis Gomes investiu na Easy Taxi e desenvolveu um aplicativo para facilitar os pedidos de taxi. Com formação em marketing e aos 24 anos, Gomes acredita que os empreendedores precisam planejar menos e fazer mais. “O ritmo da internet é muito acelerado. Quando você estiver finalizando seu plano de negócios, alguém provavelmente já vai ter executado e estará ganhando dinheiro antes de você”, diz. Para ele, as coisas nunca serão exatamente como planejadas. “Executar é a alma do negócio”, opina. 

O guia gastronômico Donde Voy funciona com a colaboração dos usuários. No ar desde 2012, a ideia foi desenvolvida por quatro sócios com idades entre 22 e 25 anos. Para Renan Alves, um dos fundadores, o planejamento foi essencial para o negócio. “Saber administrar o tempo é fundamental na hora de abrir seu próprio negócio. Ajuda a desmembrar os afazeres em tarefas menores e mais simples”, explica. Aos novos empreendedores, Alves diz que a melhor coisa a fazer é pensar primeiro no consumidor. “É importante sempre tentar pensar como o usuário pensaria, colocar-se no lugar dele pra enxergar certas dificuldades. É sempre bom estar atento às mudanças que acontecem no mercado e, principalmente, saber o que você pode mudar ou melhorar para satisfazer seus usuários”, diz. 

Hoje com 27 anos, os sócios Frank Martin e Franco Silvetti, do Restorando, começaram a empresa há dois anos. O site para reservas de restaurantes já recebeu aportes de capital de diversos fundos como o Atomico e o Kazsek. Para eles, esconder a ideia é um erro comum no começo do negócio. “Ocultar uma ideia é um erro fácil que pode anular a sua visão sobre o impacto potencial do negócio. Enfrente a realidade do mercado e teste com os usuários antes fazer grandes desenvolvimentos ou investimentos de tempo e dinheiro”, diz Martin. Outro ponto importante é escolher bem que tipo de negócio que você quer montar. “É importante que você saiba o porquê de estar empreendendo. Isto irá mantê-lo vivo para o sucesso”, sugere. 

Alan Meira, 24 anos, recebeu investimento de investidores-anjo para tirar o Engarte do papel, um site para conectar engenheiros em busca de emprego e empresas com oportunidades disponíveis. Com sua experiência até agora, Meira diz que as startups precisam colocar a mão na massa. “Se você teve uma ideia genial, comece a desenvolvê-la. O custo é baixo e o feedback é instantâneo”, sugere. Uma forma de se desenvolver é aproveitar os contatos da sua rede para promover o negócio. “Família, amigos e ex-colegas de trabalho e faculdade são excelentes oportunidades para validar sua ideia. Não custa nada e, se a ideia for ruim, você vai saber na hora”, explica. 

Com investimento próprio, os empreendedores Yussif Ali Mere Neto, Felipe Oranges, Victor Morandini Stabile e Lourenço Sant' Anna criaram um site de customização de cartões postais, o iPostal. No ar desde maio de 2011, a empresa investe na força no marketing online. “Estude marketing online. É muito diferente de tudo que se faz nas grandes empresas e muito mais difícil do que parece. Fazer com que o consumidor conheça e se engaje com a sua empresa em meio a tantas outras é um grande desafio”, diz Neto. Para conseguir se manter no mercado, a dica é estar preparado para abrir mão da sua remuneração fixa no início, se for preciso. “Se você quiser tirar do seu negócio um salário equivalente ao que você teria em uma grande empresa, você corre o risco de acabar com a empresa”, explica.