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Como a 99 quer enfrentar a concorrência de apps como o Uber

O serviço de transporte por táxis se reestruturou e está apostando no posicionamento de marca para fazer frente à concorrência.

Taxi (Thinkstock/Divulgação)

Taxi (Thinkstock/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 9 de julho de 2016 às 09h00.

São Paulo – A 99 está em plena expansão – no último trimestre, contratou 70 novos funcionários e mudou-se para uma sede maior (confira as fotos acima). Dez milhões de pessoas usam seu aplicativo, que é também o mais lembrado por quem recorre ao celular para pedir transporte, segundo uma pesquisa de consumo móvel da Panorama Mobile Time/Opinion Box.

Mesmo assim, não dá para desconsiderar o recente avanço de serviços no molde do Uber no país: aplicativos que apostam em motoristas desvinculados da classe dos taxistas e que, assim, costumam apresentar um preço final menor ao usuário. 

Neste cenário, avaliar como será o futuro do transporte individual abre margem para muita incerteza. A 99, porém, afirma que não está muito preocupada com as novas startups, ainda que as olhe com atenção. Para continuar sua expansão, a empresa resolveu reestruturar sua marca e apostar em frentes estratégicas, ressaltando sua brasilidade como diferencial.

Reestruturação e mudança

Desde janeiro deste ano, a startup está trabalhando em uma reorganização de marca – algo que começou com a mudança de nome, de 99taxis para apenas 99, abrindo margem para novas possibilidades de transporte em longo prazo.

Nesta semana, anunciou uma reestruturação dos valores do negócio. “Sentimos que precisávamos sintetizar tudo isso de novo. Os valores que a gente escreveu há quatro anos eram sentidos mais pelos fundadores – na época, nosso time tinha dez pessoas”, conta o co-fundador Ariel Lambrecht. “Precisávamos incluir outros valores que as pessoas sentem hoje. Mantivemos os essenciais, mas fizemos uma releitura.”

Para isso, a 99 usou uma tática que tem a cara das startups: perguntou aos próprios membros o que eles veem na empresa. Um formulário foi enviado a todos os funcionários, pedindo para que eles elencassem quais valores enxergavam na 99. 

Depois, houve uma reunião com representantes de cada área da empresa para ler as sugestões e sintetizá-las em dez itens. Eles são: “seja genuinamente preocupado com as pessoas”; “faça mais com menos”; “trabalhe com paixão e diversão”; “questione padrões”; “seja você mesmo”; “cause a maior diferença no mundo”; “faça a coisa certa”; “desenvolva você e os outros”; “todos no mesmo barco” e “seja transparente”.

“Foi muito legal, porque não foi feito de cima para baixo. Os próprios funcionários transpiraram esses valores e os colocaram na parede”, diz Lambrecht. A parede aqui não é só uma expressão: os funcionários da 99 de fato pintaram um muro na sede da empresa com imagens de cada um dos valores, após uma palestra sobre a reorganização.

Falando em sede, outra mudança da 99 foi ir para outro local de trabalho – é a quarta mudança desde a criação da startup, que está há quatro anos no mercado. “A 99 começou em uma casa pequenininha – inclusive, a casa onde eu morava. Sempre mudamos de lugar com o objetivo de acomodar novas pessoas e permitir que façamos tudo que queremos fazer”.

No novo endereço, o andar térreo possui uma área para os funcionários relaxarem: pufes com personagens como Garfield e Minions, bolas de futebol, equipamentos para badminton e golfe, tabuleiros e livros. O terceiro andar do prédio está completamente vazio, esperando novos membros. No último andar há mesas para almoçar e apreciar a vista do bairro Brooklin, em São Paulo.

Posicionamento

Para se diferenciar da nova concorrência, a 99 defende a utilização dos táxis e também ressalta sua brasilidade. “Nós queremos deixar muito claro o benefício de andar de táxi – você chega mais cedo em São Paulo, usando os corredores, e conta com motoristas profissionais e qualidade no serviço [por meio de avaliações]. Participamos ativamente de todas as discussões com as autoridades sobre regulamentação [do setor de transporte individual]. Inclusive, já deixamos de fazer parcerias estratégicas porque elas não correspondiam aos nossos valores”, defende Maria Elisa Silva, diretora de marketing da 99. 

“Essa é a nossa diferença para outras empresas que vêm de fora: nós construímos nossa forma de trabalho a partir dos nossos funcionários daqui mesmo. Queremos mostrar que somos uma startup brasileira, que também pode trazer algo diferente ao mercado”, completa. 

Futuro

A meta de 99 para este ano é reforçar duas frentes: a de serviço corporativo e a 99TOP - transporte de alto padrão que utiliza os táxis pretos.

Os serviços corporativos da 99 foram criados há dois anos e atendem desde pequenos e médios negócios até grandes empresas, como a Natura. A ideia é que a empresa delegue os serviços de transporte e consiga ter um controle mais transparente dos gastos nessa área, reduzindo custos. A 99 pretende crescer 300% na área corporativa este ano, em comparação com 2015 – a startup não revela o número absoluto de requisições feitas por empresas. 

Já o 99TOP é um serviço que começou neste ano e tem a proposta de ser mais sofisticado, semelhante ao Uber Black – porém, operando com os registrados táxis pretos. Por enquanto, o 99TOP opera apenas em São Paulo. Para 2016, a ideia é expandir para outras regiões, até que o serviço de luxo cubra todo o país. Por fim, a 99 pretende dobrar seu número de usuários até dezembro, chegando a 20 milhões de pessoas. 

Navegue pelas fotos acima para ver um pouco de como é o dia a dia na 99.

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