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Com delivery de frutas e legumes, empresa cresce cinco vezes na quarentena

A demanda por produtos orgânicos entregues pela Raízs cresceu mais de cinco vezes durante a crise causada pelo novo coronavírus no Brasil

Raízs: empresa de tecnologia foi criada em 2014 para conectar o produtor rural com o consumidor final (Raízs/Divulgação)
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Carolina Ingizza

Publicado em 11 de abril de 2020 às 06h00.

Última atualização em 11 de abril de 2020 às 06h00.

As empresas de delivery nunca viveram um momento tão bom. Com menos pessoas saindo de casa por causa da pandemia de coronavírus , aumentou a procura por entregas de todo tipo: refeições, alimentos para pets, remédios. Gigantes do setor de transporte por aplicativo , como Uber, 99 e Cabify, correm para adaptar suas plataformas ao novo contexto.

Companhias menores do setor também se beneficiam. A brasileira Raízs, que faz entregas de vegetais orgânicos para consumidores e empresas, viu sua demanda saltar cinco vezes desde o começo da crise causada pelo covid-19 no país. A empresa precisou dobrar as contratações na equipe operacional para poder atender a todos os clientes no prazo.

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Fundada pelo empreendedor Tomás Abrahão, a Raízs usa tecnologia para conectar o pequeno produtor rural diretamente com o consumidor final. Com cerca de 12 mil clientes ativos por mês, a empresa faturou 5 milhões de reais em 2019, em um crescimento de mais de 200% em relação ao ano anterior.

Como funciona

A Raízs trabalha com uma base de 800 pequenos agricultores certificados em sua plataforma, que disponibilizam diariamente frutas, verduras, legumes, ovos e produtos não perecíveis para os clientes. Por enquanto, as entregas só são feitas na grande São Paulo, já que a maior parte dos produtores está a 50 quilômetros da cidade.

Para os clientes, há dois modelos de compra. Pelo site da empresa, o consumidor pode montar um pedido avulso com os mais de 3.000 itens disponibilizados pelos produtores ou optar pela assinatura de cestas sortidas, entregues periodicamente com o volume de itens desejados.

As assinaturas podem ser personalizadas para serem entregues no dia que for mais conveniente ao cliente. No caso das compras avulsas, elas podem chegar na casa do consumidor em até 24 horas se o pedido for realizado antes das 11h da manhã.

A Raízs se encarrega de coordenar os pedidos e fazer a gestão logística — o delivery da empresa funciona todos os dias da semana, exceto aos domingos. Os produtores e as cooperativas seguem trabalhando de forma independente e os veículos utilitários que realizam a entrega são de parceiros.

De acordo com Abrahão, mais de 50% dos pedidos na plataforma atualmente vem do modelo de assinatura. Em média, uma cesta semanal para uma família de quatro pessoas custa 85 reais. “Vem sempre coisas diferentes da estação, a pessoa não precisa se preocupar em ir ao supermercado”, diz o fundador e presidente da startup.

Desde 2019, a Raízs também vende para outras empresas. O modelo corporativo foi criado para atender uma procura dos estabelecimentos por produtos orgânicos certificados, que pudessem ser rastreados até o produtor. Mais de 50 restaurantes paulistanos já são clientes, como Le Manjue, Sesc e Casa de Francisca, mas a demanda ainda é menor que no modelo voltado para o consumidor final.

Valorizar o pequeno produtor

A empresa nasceu de um desejo de Abrahão de conectar as duas pontas da cadeia de produção de alimentos. Em 2014, o engenheiro, que começou a carreira em empresas de consultoria e sustentabilidade estratégia, não sei via mais trabalhando em companhias de tecnologia tradicionais. Na época, ele havia voltado de uma viagem para Bangladesh, onde conheceu o conceito de "negócio social": um empreendimento que tem compromisso com o desenvolvimento da sociedade.

A Raíz, então, surgiu como um projeto do empreendedor para valorizar o trabalho do pequeno produtor rural. Sua primeira tentativa de negócio tentava viabilizar o consumo de produtos orgânicos para comunidades periféricas, mas a conta não fechava. Seis meses depois, com alguns ajustes na ideia inicial, Abrahão percebeu que a saída seria o modelo de venda online direta.

“Antigamente foi um trabalho de formiguinha, de ir no campo e ganhar confiança dos pequenos produtores”, diz Abrahão. Agora, são eles que procuram a empresa querendo fazer parte do processo de venda digital, porque conseguem uma margem de lucro maior eliminando alguns intermediários. Para o cliente, a compra também faz sentido, pois o produto sai por até 25% menos do que o preço nos supermercados.

Para alavancar o negócio, a empresa recebeu aportes na casa de 3,5 milhões de reais de investidores anjos. Em 2017, por exemplo, Pedro Navio, da Kraft Heinz, e Antonia Teixeira, que era da Abril Educação, apostaram na startup. A companhia também ganhou prêmios como Red Bull Amaphiko, Choice UP Artemisia, ONU Accelerate 2030 e Creators Awards.

Futuro da empresa

Os planos para o futuro são ampliar a operação da Raízs em 2021 para novas cidades, como Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. Para isso, os sócios pretendem investir em tecnologia e nos sistemas internos de contato com os produtores. “A gente já tem um modelo de negócio estruturado, mais de 90% dos clientes recompram. Na assinatura, mais de 75% dos clientes continuam com a gente depois de um ano. A meta agora é crescer”, diz Abrahão.

O objetivo da empresa é ter 27 mil clientes ativos por mês até final deste ano. O desafio para a empresa conseguir atingir a meta é continuar entregando produtos de qualidade em uma operação complexa, enquanto compete com outros aplicativos de delivery e grandes redes de supermercado. “Apostamos na qualidade do produto e na certificação dos produtores de orgânico”, afirma o presidente.

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