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Com camisetas feitas de PET, esta PME quer fazer a diferença

Fazer a diferença no mundo, sem deixar o lucro de lado, é a base da Camiseta feita de PET, uma empresa que utiliza garrafas de plástico para produzir roupas

Silvia Prado, sócia da Camiseta feita de PET: “não é utopia vender camiseta de qualidade por preço justo” (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2015 às 17h20.

São Paulo - Uma pequena empresa da Zona Leste de São Paulo está fazendo sucesso com camisetas feitas de materiais reciclados. A Camiseta feita de PET, fundada em 2008, usa garrafas PET e algodão reciclados para produzir as roupas. A partir de fevereiro de 2016, a empresa também vai vender calças jeans.

Silvia Prado e Vanda Ferreira, as sócias, acharam interessante começar uma empresa amiga do ambiente. Silvia conta que já conhecia camisetas feitas da mesma forma, mas que não eram comercializadas. “Tínhamos um produto universal aliado à questão ambiental. Concluímos que era algo que tinha condições de dar certo. E deu”, diz Silvia.

As duas começaram o negócio com um investimento de 16 mil reais, que veio da venda de um carro e da rescisão trabalhista de Vanda. As empreendedoras ainda precisaram abandonar suas áreas de atuação: Silvia era especialista em e-commerce e Vanda era biomédica. Não foi fácil aliar o trabalho em duas áreas tão distintas e também do mercado em que elas entrariam. “No começo, batemos cabeça, perdemos dinheiro, fomos bastante prejudicadas por falta de conhecimento técnico”, diz Silvia.

Além disso, havia uma dependência do fornecedor do material, o que deixava a produção mais cara. A partir de 2010, a Camiseta feita de PET passou a controlar todo o processo produtivo.

Mudança

Desde 2010, foram investidos 800 mil reais em novas estruturas, equipamento, consultoria e outras melhorias. O faturamento médio mensal está na casa dos 250 mil reais neste ano - um crescimento de 35% sobre 2014. “Este foi o nosso melhor ano de vendas, apesar da crise”, afirma Silvia. Após estudarem o produto e o processo industrial, as sócias agora dominam a produção e, até o final do ano, a empresa pagará esse investimento.

A média de produção mensal é de 15 mil peças. Além do site, os produtos são vendidos em 15 pontos oficiais, localizados em cidades como Belém (PA), Fortaleza (CE) e Recife (PE). O preço de uma camiseta está em torno de 35 reais.

Foi inaugurada também a primeira revenda internacional, em Buenos Aires, e no próximo ano será lançado, com a ajuda do Sebrae, o sistema de franquias da empresa. Até o fim de 2016, são previstas ao menos 50 franquias da Camiseta feita de PET, que pode, em breve, abranger mais do que roupas. “Estamos formando um novo grupo, com uma marca que vai oferecer um guarda-chuva de produtos”, diz Silvia.

Não é utopia

A empresa tem engajamento ambiental e social, mas sem deixar o lucro de lado. No ano passado, foram recolhidas dez toneladas de garrafas PET, pelo projeto “Eu faço a diferença no mundo”, que organiza gincanas em escolas para recolhimento de matéria-prima. As camisetas têm durabilidade de aproximadamente 15 anos e levam apenas tinta à base d’agua, menos agressiva ao meio ambiente .

Do lado social, Silvia conta que a empresa já teve e tem funcionários que são ex-presidiários, transexuais e gays. Além disso, o comércio local é priorizado nas compras de produtos. Retalhos são doados para projetos sociais.

Isso mostra que é possível uma empresa ser social, ambiental e economicamente viável, de acordo com Silvia. “Se a empresa for séria, transparente e tiver todo o processo produtivo controlado, ela pode ter lucratividade sem agredir outras empresas ou o meio ambiente. Mostramos ao mercado que não é utopia vender uma camiseta de qualidade por um preço justo”, diz.

Os consumidores também compartilham dessa ideia. “Nosso público hoje é o consumidor mais ativista, ligado às causas ambientais, pessoas em que estão enraizadas as questões de ética e transparência. Queremos que o consumidor que usa nossa camiseta seja mais consciente e ajude a mudar o mundo.”

São Paulo - Quais os seus desejos para 2016? Se um dos itens dessa lista for abrir sua própria empresa, saiba que não há porque esperar a virada do ano para começar a trabalhar nesse sonho. E muito menos esperar os efeitos da crise econômica passarem. "Acho que a melhor forma de fugir da crise é empreendendo, ou seja, buscando soluções inovadoras", diz o empreendedor e palestrante Luan Lima. Marcelo Moreira, coordenador da área de pesquisas do Sebrae-SP, também destaca a inovação como forma de se destacar nesse cenário. "Em momentos mais adversos, aspectos como bom atendimento e diferenciação ajudam a obter sucesso." Mesmo assim, é preciso prestar muita atenção no ano que virá, porque os riscos continuam grandes, afirma o professor de empreendedorismo e inovação do Ibmec/DF, Marcelo Minutti. "O bom é que você pode aproveitar e enfrentar uma concorrência menor. Assim, você já está posicionado em épocas melhores, quando outros ainda nem começaram." Todo negócio aberto em ano de crise dará certo? Não. "É como no futebol: você tem o Neymar, claro, mas também milhares que não são o Neymar", explica Ana Fontes, da Rede Mulher Empreendedora. "Ter um negócio no Brasil não é tarefa fácil." Quer saber como aproveitar o resto do ano para criar uma empresa de sucesso? Navegue pelos slides acima e confira 15 dicas dadas pelos quatro especialistas para quem quer começar 2016 com o pé direito na área do empreendedorismo.
  • 2. 1. Aprenda como funciona esse novo mundo

    2 /17(Thinkstock)

  • Veja também

    Assim como o mundo das grandes empresas e multinacionais tem sua própria maneira de trabalho, o mundo dos empreendedores também funciona por regras específicas. Ana recomenda que o futuro empreendedor aproveite a época para participar de eventos e ler sobre o assunto ( veja como abrir um negócio se você não possui experiência ). "Familiarize-se com o mínimo: saiba como abrir uma empresa, como montar um modelo de negócio, como aprender com a execução da ideia", afirma a empreendedora. "Temos de estar dentro desse mundo para entender suas variáveis e sair da visão romantizada do empreendedorismo. Isso não o impede de errar, mas faz errar menos. Facilita o caminho."
  • 3. 2. Desenvolva um comportamento empreendedor

    3 /17(Thinkstock)

  • Ser empreendedor é ter uma jornada de trabalho sem rotinas. É buscar formas diferentes de realizar as mesmas tarefas. É não ter garantia de resultado. Se essas frases causaram um frio na barriga, é bom aproveitar o fim do ano para desenvolver um comportamento empreendedor, aconselha Ana. "Somos muito treinados para se acostumar ao mundo de funcionário, de receber seu salário todo mês. Entenda que você está construindo algo e que isso exige dedicação e apreço ao risco. Ao mesmo tempo, é absolutamente compensador construir algo que faça diferença para seus clientes e para sua própria vida", afirma a empreendedora. Para isso, é preciso ter autoconhecimento e focar em desenvolver sua inteligência intrapessoal, afirma Lima. "Faça exercícios para administrar a pressão, para lidar com riscos, para saber seus limites. Essas competências podem ser adquiridas ao longo dos dias. Comece a buscar hoje, porque no futuro será importante." Ana recomenda fazer o procedimento inverso: olhar fora do ambiente onde você se encontra, como a empresa onde você trabalha. "Ter aquela visão pequena do mundo e não saber o que acontece fora do seu universo não adianta para quem quer ser empreendedor."
  • 4. 3. Pense em qual problema sua empresa quer resolver

    4 /17(Thinkstock)

    É natural para um empreendedor buscar resolver problemas e isso deve ser o norte do seu futuro negócio, afirma Lima. Às vezes, essa solução já existe, mas uma nova tecnologia pode permitir que o processo seja melhorado. O que interessa é achar qual o objetivo da sua empresa. "Você precisa ter um propósito, algo que justifique o fato de você acordar na segunda-feira. O empreendedor que não sabe o que quer não chega a lugar algum", afirma o empreendedor. "Por mais que a vida seja dura, isso fará com que você enfrente qualquer obstáculo."
  • 5. 4. Tenha em mente qual o diferencial da sua empresa

    5 /17(Thinkstock/solidcolours)

    Agora que você sabe o propósito do seu negócio, pense em qual diferencial seu produto ou serviço oferecerá para o cliente. E lembre-se: o preço não é mais um fator decisivo para o sucesso nas vendas, afirma Moreira. "Não adianta abrir um negócio e achar que só o preço menor atrai mais compradores. Ou eu tenho um melhor produto e serviço, que vem do entendimento do mercado, ou eu não atraio ninguém. Entenda o consumidor e atenda a expectativa dele."
  • 6. 5. Pesquise o mercado no qual você pretende atuar

    6 /17(Thinkstock)

    Como já foi antecipado no item anterior, você pode tirar o final do ano para saber um pouco mais do setor em que você pretende atuar. Se 2016 será um ano ainda difícil, procure áreas mais inelásticas - ou seja, que se mantêm fortes mesmo com uma mudança de cenário ( veja 11 ideias de negócio voltadas para a crise ). Para saber onde atuar, olhe para o comportamento do seu público-alvo, recomenda Minutti. "O comportamento do consumidor dita o que irá funcionar ou não. Se você errar aí, todos os outros itens não ajudam em nada. Você pode estar correndo, mas estará no sentido oposto. Analise atentamente os melhores setores: oportunidades há. O mundo não parou." Na mesma linha, Ana afirma que o empreendedor deve prestar atenção nas necessidades. "Veja o que as pessoas precisam: elas não deixam de comer, não deixam de pagar a escola do filho e ainda querem ter cuidados com a beleza, por exemplo. Ou então o mercado de luxo: a classe AAA não vai deixar de consumir durante a crise econômica. Foi o que aconteceu com as empresas que atendiam problemas com hipotecas nos Estados Unidos, durante a crise de 2008", afirma Ana.
  • 7. 6. Preste atenção no cenário macroeconômico e suas consequências

    7 /17(Foto/Thinkstock)

    Além de prestar atenção na sua futura área de atuação, é preciso também ter uma visão macroeconômica, afirma Moreira. Isso porque decisões que estão aparentemente longe do negócio podem impactar as decisões mais internas da empresa. "Por exemplo, devemos considerar que a Taxa Selic continua alta, embora tenha recuado. Com isso, você deve tomar cuidado ao tomar dinheiro emprestado: tenha muita certeza de como você irá devolver esse dinheiro."
  • 8. 7. Planeje seu negócio e estabeleça metas

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    Se você já decidiu qual é a ideia do seu negócio, o próximo passo é o planejamento da empresa, que marca o começo prático do seu empreendimento. Esse período até o fim do ano é importantíssimo para planejar, afirma Moreira. "Comece o negócio já com um planejamento bem estruturado. Entenda quem é seu consumidor, que produto você vai vender, se ele já foi testado, se há concorrentes, quais os custos envolvidos", recomenda o coordenador. Porém, não basta apenas planejar o futuro próximo: inclua também metas de longo prazo. "Assim, de tempos em tempos, você pode checar se você está onde gostaria. Caso não esteja, pode corrigir suas ações ou corrigir o objetivo", afirma Moreira. Isso é importante porque tomar decisões como investimento e demissões no calor do momento pode impactar negativamente sua empresa no futuro, completa Minutti. Tome decisões hoje pensando nos desdobramentos.
  • 9. 8. Se possível, corte gastos e faça um pé de meia

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    Fim de ano tem uma série de eventos que podem acabar com seu orçamento: Black Friday, Natal e Ano Novo, por exemplo. Mas, se você realmente quer passar a virada inaugurando sua própria empresa, guardar dinheiro é uma boa opção ( veja outros erros de finanças que devem ser evitados ). "Isso não diminui o risco implícito em qualquer negócio, mas pode garantir sua sobrevivência nos primeiros meses de empresa. Também corte gastos: não adianta viver como se fosse um empregado, com um salário garantido todo final de mês", afirma Ana. "Todo empreendimento leva de 3 a 5 anos em média para dar retorno. Achar que nos primeiros meses você terá dinheiro para sustentar suas despesas não é uma realidade: os que levam menos tempo são pontos fora da curva."
  • 10. 9. Invista em networking

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    Além de trabalhar nas suas competências intrapessoais, é preciso desenvolver o interpessoal: sua habilidade em estabelecer conexões com as pessoas, afirma Lima. Ou seja, fazer networking é essencial para crescer. "Não adianta ter só boas ideias, as pessoas precisam de contatos. Os grandes negócios têm como diferencial e ponto de segurança suas grandes parcerias. Saber criar empatia é fundamental para quem quer empreender."
  • 11. 10. Negocie com seus fornecedores

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    Independente do tipo de negócio que você está abrindo, procurar parcerias com seus fornecedores é fundamental e parte do seu processo de networking, que vimos anteriormente. Essa pode ser uma boa hora para buscar vantagens, já que você possui prazo para negociar, afirma Moreira. "Você pode fazer o acerto da compra de uma matéria-prima, mas jogar o pagamento para perto do período de venda, por exemplo."
  • 12. 11. Aprenda teorias e ganhe experiências

    12 /17(ThinkStock/Wavebreakmedia Ltd)

    Segundo Minutti, essa é a hora perfeita para o empreendedor se capacitar. Não só porque o negócio ainda não entrou em operação, mas também pelo momento econômico pelo qual o país está passando. "O empreendedor nunca pode parar de se desenvolver, mas em épocas de crise isso é ainda mais mandatório. Isso porque você tem menos direito a errar em uma recessão do que em tempos de bonança", explica. Para isso, tanto estudar quanto adquirir experiências profissionais são atividades essenciais.
  • 13. 12. Olhe o fracasso dos outros e tire lições

    13 /17(STUDIO GRAND OUEST/Thinkstock)

    Aprender com seus próprios erros é fundamental. Mas também é importante entender que o fracasso dos outros pode servir como lição, especialmente se você ainda não tem experiência com um negócio próprio. "No Vale do Silício, as pessoas enxergam o fracasso como processo e expõem de forma natural. É uma forma de contribuir para que outras pessoas não cometam o mesmo erro. Encare essa falha como uma aprendizagem natural à jornada", recomenda Lima.
  • 14. 13. Pense em quem pode suprir suas deficiências

    14 /17(ThinkStock)

    Pare e pense: no que você é bom? E no que você realmente não leva jeito? Essa é uma boa hora para pensar nas suas principais competências e, assim, saber quais sócios ou funcionários seriam os ideais para seu negócio, afirma Minutti ( veja como montar uma equipe de sucesso ). "Por exemplo, você pode ser bom na área comercial e não tão bom na área financeira. Traga para sua empresa aqueles que possam suprir suas deficiências em áreas cruciais do negócio."
  • 15. 14. Pense mais em dar seu melhor e menos em alcançar um ideal

    15 /17(Thinkstock)

    A frase "feito é melhor que perfeito" é uma máxima que os empreendedores mais perfeccionistas devem absorver para seu futuro. "Não é eliminar o planejamento, pelo contrário: é entender que é preciso dar seu melhor todos os dias, entregar e saber que a melhora vem com o tempo", afirma Luan. "Não busque algo inalcançável. A entrega de produtos ou serviços abre novas portas e também ensina a administrar a pressão diária."
  • 16. 15. Seja otimista!

    16 /17(Flickr/Creative Commons/jessicahtam)

    A última lição é que os empreendedores são otimistas com bom senso. Ou seja: espere muito da sua empresa, tendo como base todas as experiências que você e seu negócio vivenciaram. "Quem alcançou grandes objetivos já tinha em seu DNA o otimismo como força motriz de todas as suas ações. Isso é fundamental", afirma Minutti.
  • 17. Veja agora erros de principante para evitar a qualquer custo:

    17 /17(BrianAJackson/Thinkstock)

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