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Com apps parceiros, Gympass vai além das academias para sobreviver à crise

Por causa da pandemia de coronavírus, GymPass trouxe nutricionistas, personal trainers e psicólogos para sua plataforma de benefícios corporativos

Priscila Siqueira, presidente do Gympass no Brasil: empresa mudou operação para continuar gerando valor para academias, clientes e usuários (Paulo Vitale/Gympass/Divulgação)
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Carolina Ingizza

Publicado em 9 de junho de 2020 às 05h00.

Última atualização em 9 de junho de 2020 às 11h33.

Três semanas antes de o coronavírus se tornar um problema de saúde pública no Brasil, o Gympass soube que a pandemia traria uma crise econômica grave. Com operações em 14 países, a startup brasileira notou que seu modelo de negócio, de oferecer um benefício corporativo para funcionários utilizarem academias e estúdios de ginástica, seria duramente impactado pelas medidas de isolamento social. Dois meses e meio depois do início da crise, e após uma leva de demissões, a empresa apresenta uma nova proposta de valor para sua plataforma.

Além das mais de 20.000 academias cadastradas no aplicativo, o Gympass agora oferece para os funcionários de empresas clientes serviços como terapia online, consultas com nutricionistas e treinos particulares com personal trainers. Ao todo, são mais de 40 aplicativos parceiros que os usuários podem utilizar dentro da plataforma. “Deixamos de olhar só para qualidade de saúde física para olhar toda a questão de bem-estar”, diz Priscila Siqueira, presidente do Gympass no Brasil.

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Para a empresa, o novo posicionamento como solução completa de bem-estar ajuda a conquistar e reter os clientes corporativos, cada vez mais preocupados com temas como saúde mental e qualidade de vida dos funcionários. Na prática, a startup passa a fazer parte de mais momentos do dia do usuário. Se ao ir academia a pessoa utilizava o Gympass uma vez ao dia, agora, com meditação, apoio nutricional e terapia, o número de interações com o aplicativo aumenta.

O Gympass também se propõe a ser mais consultivo daqui para frente. A startup unicórnio, avaliada em 2019 em mais de 1 bilhão de dólares, irá ajudar os gestores das companhias clientes com planos de apoio para necessidades específicas, como cuidado com gestantes ou com funcionários hipertensos. “Ao olhar as necessidades de forma mais holística, consigo apoiar mais as empresas”, afirma Siqueira.

O principal desafio da mudança de posicionamento foi o tempo, segundo a presidente. A empresa precisou organizar a nova estratégia e colocar no ar em menos de dois meses. Agora, a executiva trabalha para garantir que todos os clientes e ex-clientes saibam das novidades disponibilizadas na plataforma da empresa.

Para divulgar o novo conceito, a empresa contratou mais de 500 influenciadores, entre eles nomes como Bruno Gagliasso, Rafaella Kalimann e Camila Queiroz. Além disso, durante o mês de junho, os clientes do plano básico Gympass poderão experimentar as aulas online, usar os aplicativos, fazer quatro sessões de terapia e oito aulas com um personal trainer.

O coronavírus para o Gympass

Na segunda quinzena de março, o principal produto do Gympass deixou de existir. Os usuários deixaram de frequentar academias e a empresa ainda não havia desenvolvido uma plataforma de aulas online. “Nesse período, tivemos um nível de cancelamento e de pausa de planos bastante grande”, diz Leandro Caldeira, presidente para América Latina do Gympass.

A incerteza sobre a duração da crise, somada a queda no volume de faturamento, levou a empresa a demitir cerca de 20% de seus funcionários. As áreas relacionadas com ações presenciais foram as mais afetadas pelo corte. “Cuidamos das pessoas, oferecemos um pacote de saída com condições diferenciadas, não foi um desligamento seco. Foi a última alternativa que encontramos depois de considerar uma série de cenários”, diz Caldeira.

Para minimizar os efeitos da crise, a startup também desenvolveu um plano de ação para ajudar as academias parceiras a oferecer aulas online para os usuários. A iniciativa, chamada de Gympass Wellness, ajudou a trazer os usuários para dentro da plataforma e estabilizar o número de cancelamentos do serviço.

Caldeira conta que depois de algumas semanas com a proposta de aulas online, algumas empresas começaram a buscar o Gympass para oferecer o serviço a seus funcionários, que estavam em casa sem uma solução boa de atividade física. “Empresas grandes, como B3, Colgate-Palmolive, optaram por lançar o Gympass mesmo com as academias fechadas”, afirma o executivo.

No Wellness, a startup começou a somar serviços oferecidos por parceiros, como a terapia online disponibilizada pelo Zenklub. A estratégia deu certo. Somando as atividades feitas de forma online em abril e maio no Gympass, a empresa já computou mais de 430.000 horas de conteúdo consumidos pelos usuários.

Os clientes também estão explorando mais. A taxa de experimentação de novas academias pelos usuários subiu de 20% para 25% em comparação ao mesmo período de 2019. A frequência de uso da plataforma também subiu. A porcentagem de entradas nas aulas ao vivo chega a 81% atualmente. Nas academias presenciais, o número não passava de 52%.

Os bons resultados fizeram a empresa decidir por consolidar o novo modelo, de gestão completa de bem-estar, como estratégia permanente daqui em diante. “Queremos que esse momento de covid-19 seja um soluço. Um momento de aprender muito e se reinventar. Vamos usar isso ao nosso favor para nos recuperar o máximo possível e esse novo produto vem para nos ajudar”, afirma Priscila Siqueira.

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