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Brasileiras levam startup para o Vale do Silício e contam como é

Donas da Mediação Online, elas foram aceitas em uma das principais aceleradoras do Vale do Silício com sua startup de mediação extrajudicial pela internet.

Camilla Lopes e Melissa Gava, fundadoras da Mediação Online (Foto/Divulgação)

Mariana Desidério

Publicado em 17 de agosto de 2017 às 06h00.

Última atualização em 17 de agosto de 2017 às 06h00.

São Paulo – Levar a sua empresa para o Vale do Silício – a meca das startups – é o sonho de dez entre dez empreendedores que atuam com inovação. E foi o que as empreendedoras Melissa Gava e Camilla Lopes fizeram em julho deste ano, após terem sua startup, a Mediação Online, aceita no programa de aceleração da 500 Startups, uma das mais importantes aceleradoras do Vale.

“É uma oportunidade incrível para o nosso crescimento estar em contato direto com a vanguarda de talentos, tanto tecnológica, quanto de negócios e ideias”, afirma Gava, que está participando do programa em São Francisco, nos Estados Unidos, e falou com EXAME.com por telefone.

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O negócio delas atua num setor problemático no Brasil: a lentidão da Justiça. A proposta da startup é ser uma plataforma de mediação de conflitos pela internet.

Com o objetivo de reduzir a burocracia e acelerar os processos, a mediação é um modelo em que um mediador conduz a negociação entre as partes, mas sem poder de decisão. A procura por essa alternativa vem crescendo no Brasil desde 2015, quando uma nova legislação ampliou as possibilidades de seu uso, o que abriu espaço e deu segurança jurídica para a mediação privada.

Porém, as empreendedoras viram que o processo poderia ser ainda mais facilitado se a mediação não obrigasse as partes a estarem fisicamente no mesmo espaço.

“Muitas vezes a pessoa não usa a mediação por não poder estar presente. Então, em vez de fazer a mediação física, colocamos isso numa plataforma online, com um processo em cinco passos, para trazer eficiência e encurtar distâncias”, afirma Gava, que é a CEO da startup.

5 passos

Pela Mediação Online, todo o processo é feito através da plataforma, em cinco passos: 1) envio do caso, em que uma das partes envia o caso para a plataforma; 2) adesão, em que a plataforma busca a adesão da outra parte; 3) ativação do caso na plataforma, caso a outra parte concorde; 4) sessão de mediação, que é feita por videoconferência ou até por telefone; e 5) assinatura do acordo, ou, se não houver acordo, do termo de tentativa infrutífera de mediação.

A startup tem 40 mediadores cadastrados, que atuam como parceiros da empresa. No caso de uma empresa acionar a Mediação Online para resolver conflitos, é a empresa quem paga uma taxa para a plataforma. Se o caso é iniciado por uma pessoa física, a parte solicitante paga uma taxa de ativação do caso na plataforma, e os dois lados podem dividir os honorários do mediador.

Existem hoje no Brasil 115 milhões de processos abertos na Justiça, sendo que 40% deles poderiam ser resolvidos através da mediação, afirma Gava. Segundo a empreendedora, se todos eles fossem de fato mediados, haveria uma economia de 63 bilhões de reais aos cofres públicos.

Pelos números já é possível ver que estamos falando de um mercado promissor.

“A oportunidade é absolutamente única, com as mudanças regulatórias sobre mediação e um universo de mais de 115 milhões processos tramitando no Brasil. A Mediação Online tem todos os componentes que buscamos em um investimento:equipe, produto, mercado e momento único de crescimento escalado”, afirma Bedy Yang , responsável por Brasil e América Latina na 500 Startups.

O negócio já mediou cerca de 1.500 casos, sendo que 80% deles são corporativos – ou seja, envolvem uma empresa. Gava explica que muitas vezes a empresa insere diversos casos de uma vez na plataforma, como no caso de um banco, por exemplo.

Pronta para crescer

Fundado em 2015, o negócio entrou no início deste ano para o programa de aceleração da Wayra, no Brasil – que investiu 200 mil reais na empresa –, e desde julho está entre as 35 empresas aceleradas este ano pela 500 Startups, que investiu 500 mil reais no negócio. A startup é uma das duas brasileiras no programa, e uma das seis com fundadoras mulheres – a única, porém, em que há só mulheres no comando.

Para Gava, o principal aprendizado no Vale tem sido sobre como fazer sua empresa crescer.

“Essa metodologia de crescimento é uma coisa que eles sabem implementar muito bem. Aqui aprendemos a metrificar tudo, medimos tudo. Eles ensinam também sobre boas práticas em investimento,  em contratações, em processos. Ensinam como entrar em contato com investidores, como estruturar contratos, como receber dinheiro, com gastar o dinheiro. Além de te colocar em contato com o mundo dos negócios”, conta a CEO.

Outra vantagem da aceleração é a possibilidade de troca com outras startups aceleradas. “Esse contato com as outras empresas é muito rico, cada uma vem com uma originalidade. Já estamos fazendo parcerias com três startups daqui para melhorar o nosso produto e queremos voltar para o Brasil com novas tecnologias”.

Agora, a Mediação Online está fechando uma rodada de novos investimentos. A intenção é conseguir dinheiro para escalar o negócio. “O programa dá a metodologia de crescimento. Já estamos com o modelo validado, o produto validado, encontrados nosso market fit, vimos que o mercado precisa e gosta do que fazemos, agora é entrar na trilha da escalabilidade. É isso que estamos fazendo aqui.”

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