Thiago Alvarez, presidente do GuiaBolso: portal seguirá prestando serviço de análise de score e perfil financeiro dos consumidores que acessarem o Just e autorizarem a conexão de conta e análise (Forbes Brasil/Divulgação)
Reuters
Publicado em 19 de dezembro de 2019 às 12h52.
São Paulo - O BV, ex-Banco Votorantim, anunciou nesta quinta-feira (19) a compra do Just, braço do portal de finanças pessoais GuiaBolso, por valor não revelado, mostrando como a atividade de empréstimos pode ser um divisor de águas para a operação das fintechs no Brasil.
O Just oferece crédito pessoal sem garantia usando entre as ferramenta de análise o cruzamento de informações de contas bancárias fornecidas pelos tomadores. Desde seu surgimento em 2016, a plataforma originou cerca de 500 milhões de reais em empréstimos em 65 mil transações. A compra foi feita por meio da BVx, unidade de negócios de inovação do BV, usando recursos de um fundo criado pelo banco para investimento em startups e negócios ligados a inovação. O valor do negócio não foi informado.
Para o BV, o movimento marca a segunda operação de relevo com fintechs no intervalo de um mês. Em meados de novembro, o banco liderou junto com o General Atlantic um aporte de 400 milhões de reais no banco digital Neon. Assim como ocorria com o Neon antes desse investimento, o BV também já era parceiro operacional do GuiaBolso no Just.
Segundo Thiago Alvarez, presidente do GuiaBolso, nesse período os parceiros perceberam que o nível de precisão na análise de risco dos clientes era até 50% maior quando se utilizou a combinação das ferramentas da plataforma com a análise de dados feita pelo BV. Operacionalmente, este desenho continuará. E o Guiabolso seguirá prestando serviço de análise de score e perfil financeiro dos consumidores que acessarem o Just e autorizarem a conexão de conta e análise.
Para Guilherme Horn, diretor de estratégia digital e inovação do BV, o negócio mostra uma nova fase no chamado crédito online, que se popularizou no Brasil nos últimos anos com a expansão dos bancos digitais.
"As fintechs começaram no Brasil oferecendo crédito com base em dados alternativos, mas esse modelo teve resultados diferentes dos que aconteceram em outros mercados, como nos Estados Unidos", disse Horn. "Gradualmente, passaram a usar dados de cadastros positivos e, agora, isso deve ser integrado com dados tradicionais usados pelos bancos", complementou.
O negócio também mostra o desafio de se dar escala a negócios de empréstimos à medida que a expansão das operações conduz à necessidade de captar recursos no mercado a preços competitivos o bastante para manter a oferta de crédito a preços mais baixos do que os cobrados pelos grandes bancos. O BV é o quinto maior banco privado brasileiro em ativos.