Após aporte do SoftBank, Cortex compra a startup ITB360 para avançar no mercado de dados
No ano passado, a Cortex recebeu um aporte de 170 milhões de reais liderado pelo SoftBank, Riverwood Capital e Redpoint eventures
Carolina Ingizza
Publicado em 10 de fevereiro de 2021 às 14h39.
Última atualização em 10 de fevereiro de 2021 às 16h10.
Menos de um ano após ter recebido uma rodada de 170 milhões de reais liderada pelo SoftBank e pela Riverwood Capital, a startup Cortex anuncia sua primeira aquisição . Para acelerar sua frente de inteligência para vendas, a empresa comprou a operação da brasileira ITB360, especializada na coleta de dados sobre outras empresas. O valor da transação não foi divulgado.
Fundada há dez anos pelos empresário Daniel Pires e Leonardo Rangel, a Cortex atua em um mercado que é uma das grandes apostas do SoftBank para o futuro: big data e inteligência artificial.
A empresa é dona de uma plataforma que concentra dados externos e internos das mais de 100 empresas clientes. A Unilever, por exemplo, usa o software para analisar dados de vendas de seus produtos e das concorrentes em mercados, farmácias e outros pontos de venda. Com isso, consegue observar o comportamento do cliente na ponta e garantir que tenha sempre estoque para atendê-lo.
Quando a Cortex foi buscar um investimento no final de 2019, seu objetivo era ter capital para acelerar o crescimento do negócio. Foram os próprios investidores que alertaram os sócios para possibilidade de fazer aquisições. "Imediatamente pensei na ITB360", diz Rangel. As duas empresas, que atuam no mesmo segmento, foram apresentadas pela gestora Redpoint eventures e fazem parcerias desde 2017.
A ITB360, fundada em 2013 por Natan Reiter e Marvin Fiori, tem um sistema que coleta informações públicas sobre empresas, desde o telefone de contato até a participação em licitações públicas. Hoje, sua base tem mais de 17.000 fontes de dados, em 150 países, e é usada por 40 companhias clientes.
Para Reiter, a proposta de aquisição foi uma surpresa. A ITB já havia atingido o ponto de equilíbrio do negócio sem trazer nenhum investidor externo. O que motivou os sócios a cogitar a venda foi a possibilidade de trabalhar junto com uma equipe maior e mais experiente. “As empresas são complementares, têm os mesmos valores. Juntos, conseguimos fazer em dois anos o que nos levaria dez”, diz o cofundador da ITB360.
Os 30 funcionários da ITB serão mantidos e integrados ao time da Cortex, que hoje tem 200 pessoas. Já Reiter e Fiori passam a integrar o quadro de cofundadores da startup e vão tocar um projeto ambicioso: uma plataforma que entrega dados sobre potenciais clientes das empresas, usando as informações que a ITB consegue levantar. "Queremos ser precisos a ponto de dizer para o vendedor quais os 20 clientes que ele deve abordar no dia porque eles têm a maior chance de conversão de venda", diz Rangel.
No ano passado, com a pandemia afetando o faturamento do segundo trimestre, a Cortex cresceu 40% na comparação com 2019, abaixo da meta inicial para ano. Em 2021, com a aquisição da ITB e o aporte milionário no caixa, a empresa planeja dobrar o tamanho da sua operação.
Por enquanto, segundo o presidente Leonardo Rangel, a companhia não está buscando fazer uma série de aquisições. "Nossa estratégia é de crescimento orgânico. Se, no futuro, aparecer uma empresa com dados complementares ou uma solução de ponta para marketing e vendas, podemos considerar", diz.