Escolas: a diminuição na receita foi verificada em 97% dos negócios independentes brasileiros durante a pandemia (Maple Bear/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 18 de novembro de 2020 às 12h00.
Para acompanhar os impactos da covid-19 nas empresas de educação e apresentar caminhos, o Sebrae, em parceria com a Associação Brasileira de Franchising (ABF) e a Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), realizaram uma pesquisa exclusiva. Envolvendo um estrato de empresas do setor educacional, entre negócios independentes e franquias, divididos entre Curso Livre, Educação Infantil e Outros (Ensino Fundamental, Médio, Técnico e Superior), o estudo revela que diante das incertezas do cenário, assegurar a renovação das matrículas para 2021 para a retomada e sobrevivência dos negócios é a maior preocupação para 76% dos representantes da Educação Infantil pesquisados, para 57% dos gestores de Curso Livre e 49% das outras modalidades de ensino. A evasão e suspensão de contratos vêm em segundo lugar.
“O setor de Educação é um dos mais impactados pela crise e os empresários têm que responder aos desafios do presente, como a retomada das aulas presenciais e adoção de protocolos de saúde, e do futuro, como a adoção e intensificação do uso de tecnologias educacionais. O Sebrae tem disponibilizado orientações e atuado para preparar os pequenos negócios do setor para enfrentar estes obstáculos”, explica o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
Para André Friedheim, presidente da ABF, a pandemia evidenciou a resistência e adaptabilidade do setor de educação. “O segmento de Serviços Educacionais, que é pioneiro no franchising brasileiro, tem demonstrado grande resiliência e capacidade de reação nessa crise. Os desafios para as empresas em geral têm sido enormes, daí a importância dessa pesquisa capitaneada pelo Sebrae, com a participação da ABF e da ABED, lançar luz sobre os reais impactos da pandemia nesse setor tão essencial para nós, como pessoas e profissionais”.
Realizada entre 27 de agosto e 14 de setembro, a pesquisa online apontou que 75% dos negócios estavam localizados em municípios em processo de reabertura ou abertos à circulação de pessoas. O levantamento indicou também que 61% das empresas de educação respondentes estavam funcionando e 35% com atividades interrompidas temporariamente.
A pesquisa mostrou, ainda, que o fato de pertencer a uma rede de franquias reduziu o impacto da pandemia no negócio. A diminuição na receita foi verificada em 97% dos negócios independentes (nem franqueado, nem franqueador), em 86% dos franqueados – onde 7% constataram aumento do faturamento –, e houve redução entre 83% dos franqueadores pesquisados.
Um dos setores mais tradicionais do mercado, o de educação percebeu que deveria se adaptar rapidamente à maior inserção tecnológica nas suas atividades pedagógicas. Corroborando com o primeiro Diagnóstico Setorial de Educação, realizado pela ABF em 2019, em que 33% das redes já possuíam modelos digitais ou híbridos de ensino (parte on-line e parte presencial), a Pesquisa Sebrae/ABF/ABED mostra que a digitalização veio para ficar. O Ensino remoto está entre as ações feitas durante a crise sanitário-econômica que se tornarão de longo prazo ou permanentes para 68% dos respondentes de Curso Livre, seguida da Presença digital (56%). Já entre as unidades de Ensino Infantil, predominam Adoção de protocolos de saúde (63%) e Maior Rigor na gestão financeira (59%).
“A pandemia realmente trouxe novas perspectivas para a Educação em seus diversos níveis. Se a Educação a Distância já vinha sendo apontada como uma grande tendência, após covid-19 essa realidade se torna cada vez mais latente e irreversível. A EAD é um caminho sem volta e que todos os membros de nossa sociedade terão que se adaptar a essa modalidade de ensino”, afirma o presidente da ABED (Associação Brasileira de Educação a Distância), Fredric Litto.
O comprometimento e adaptação de alunos e pais foi apontado como um dos maiores desafios para implantação do ensino remoto em 65% das escolas de Educação Infantil e em 56% das unidades de Curso Livre.
Para Sylvia de Moraes Barros, coordenadora da Comissão de Educação da ABF, “o setor educacional demonstrou grande capacidade de se reinventar nessa pandemia. Ele conseguiu se adaptar a essa nova realidade numa velocidade que muitos imaginavam que não fosse possível. O uso das tecnologias tem sido feito de tal modo que, no caso dos estudantes infanto-juvenis, os pais demonstram confiança na metodologia de ensino online”, afirma. Sylvia observa que as aulas presenciais continuarão a ser ministradas, pois são essenciais para o processo de ensino e aprendizagem, e de interação social, mas a educação a distância (EAD) é um avanço que será mantido. “A aula virtual não substitui a interação face a face entre professor e aluno numa sala de aula, mas o aprendizado acontece”, ressalta.
Ainda segundo a coordenadora da ABF, os educadores foram privilegiados com a possibilidade de entrar virtualmente nas casas dos alunos e poder, assim, valorizar a si próprios e a educação como um todo. “Nós tivemos um privilégio muito grande de poder, como educadores, entrar na casa dos alunos e mostrar o nosso trabalho para os pais de uma forma que jamais foi feita antes. Conseguimos mostrar o valor da educação, dos professores, o quanto é importante a escola para as famílias”, conclui.
De acordo com o levantamento, 39% dos negócios pesquisados estão em salas de rua, 28% em outros locais e 21% na própria casa do professor. Ao analisar a empregabilidade das empresas de educação, o estudo indicou que as classificadas na modalidade “Outros” contavam com maior número de pessoas ocupadas, 13,4, seguida de Educação Infantil, com 12,5. A pesquisa apurou, ainda, em quanto tempo os respondentes estimavam que a situação econômica voltaria à normalidade. Para os gestores de Educação Infantil, demorará 14,6 meses, para os de Curso Livre, 12,7, e “Outros”, 12,5.
A Pesquisa “Impactos da Covid-19 nas empresas de educação”, uma parceria entre o Sebrae, a ABF e a ABED, foi realizada online, no período de 27 de agosto a 14 de setembro de 2020, por amostragem, envolvendo 328 empresários formais do ramo de educação dos 23 estados e DF. O levantamento foi composto por: 35% MEI; 43% ME; 14% EPP; e 8% outros (porte declarado na pesquisa).