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7 dicas para sua startup negociar um investimento

É preciso pensar no futuro e ficar atento às cláusulas impostas pelo investidor, dizem especialistas

Dólares em movimento (Joe Raedle/Getty Images)

Dólares em movimento (Joe Raedle/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 27 de fevereiro de 2013 às 06h00.

São Paulo – Para decolar, a maioria das startups sabe a importância de conseguir investidores para o negócio. Seja com dinheiro ou com gestão, os novos sócios podem ajudar a empresa a ganhar mercado e se destacar. Essa expectativa, no entanto, confunde muitos empresários que acabam assinando contratos desvantajosos logo no primeiro investimento.

Para Marcio Filho, associado da Inseed Investimentos, o empreendedor deve se preparar bem para negociar uma participação em sua empresa, pois está adquirindo um novo sócio para seu negócio. “Se o empreendedor perceber que o investidor não vai agregar nada, meu conselho é pular fora. Dinheiro por dinheiro é possível encontrar de outras formas e o principal ativo que um investidor deve trazer para uma empresa é a noção de mercado, governança corporativa, e muitos contatos”, diz.

Para evitar problemas, a primeira providência é ter um advogado bem preparado para amparar os contratos. “É preciso ter muita atenção e um advogado especialista. Existem acordos bem perversos, com pegadinhas, que podem prejudicar novos investidores”, alerta Gustavo Caetano, conselheiro da Associação Brasileira de Startups.

Conhecer bem o investidor foi a principal preocupação de Guilherme Torres, sócio da empresa Íconna. No ano passado, Torres recebeu um aporte de investimento-anjo na empresa, que faz rastreamento de preços online para o varejo e a indústria. “Ele já era um amigo de outra área, um médico que atua como profissional liberal e conheceu nosso projeto em conversas de amigos. Nossa preocupação era com o perfil do investidor do ponto de vista pessoal, como era o tipo de comportamento no dia a dia e a expectativa dele”, conta.

Para preservar a relação, Torres explica que foi importante alinhar bem as expectativas de retorno e as opções de saída. “Hoje, a gente o atualiza em relação ao andamento dos negócios a cada 30 dias, mas de uma maneira informal, em almoços e encontros”, diz o empresário que participa do processo de incubação do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia, o Cietec.

Estar pronto para negociar é importante para evitar desgastes e perda de tempo. “O empreendedor tem que perceber que negociar com investidor é difícil. Não existe investimento em uma empresa na escala do milhão para cima em menos de nove meses”, alerta Sergio Risola, diretor-executivo do Cietec.

1. Smart Money

O principal ponto indicado pelos especialistas é a carga de conhecimento, além do capital financeiro, que o investidor trará ao negócio. “Esse investidor deve colocar estratégia além de dinheiro. Essa estratégia pode ser o próprio anjo que entra para trabalhar na empresa. Se chega com estratégia de mercado, vai colocar a empresa de fato em uma escala que sozinho o empreendedor não teria chance”, afirma Risola.


Avalie se o investidor ou fundo tem o perfil adequado para sua empresa. “Da mesma forma que ele vai investigar você, investigue também e saiba muito bem o histórico de sucesso e de atuação desse investidor antes de qualquer coisa”, indica Filho.

2. Cuidado com chamadas de capital

Um alerta no contrato é com as condições das chamadas de capital. “O empreendedor tem menos dinheiro que o investidor. Tem algumas cláusulas que podem deixar espaço para o investidor fazer chamadas de capital. Se o empreendedor não tem dinheiro, ele é diluído”, indica Caetano. O risco, segundo ele, é perder a empresa por completo porque só um lado coloca capital. “Se ele não tem dinheiro, vai ter que ceder em ações”, completa.

3. Os papéis da cada um

Outro fator relevante antes de fechar o investimento é a definição detalhada do papel de cada um no negócio. “O empreendedor precisa entender os papéis de cada parte antes de partir para uma estratégia de sociedade”, diz Filho. Do investidor, espera-se atuação no conselho, ajuda na gestão estratégica e cobranças de governança. “O empreendedor deve ter claro que o seu objetivo é trabalhar naquele negócio para cumprir as metas, não possuir negócios paralelos e estar focado na criação de valor de sua empresa”, diz.

4. Organizando o conselho

Com a chegada do investidor, costuma-se organizar também um conselho. “Geralmente, as empresas têm que montar um conselho adminsitrativo. Muitas vezes o empreendedor vai ser o CEO, mas acaba a ideia de dono. Ele tem que prestar contas e passa a ser auditado”, diz Caetano.

O investidor costuma indicar o executivo financeiro da empresa, para acompanhar mais de perto como o dinheiro está sendo usado. “Prepare-se para ter de explicar exatamente todos as despesas no fluxo de caixa de sua empresa. O salário dos sócios usualmente é revisto e passa a seguir um modelo mais baseado em performance”, explica Filho.


O cuidado é na hora de dividir os lugares no conselho. Segundo Caetano, com maioria no conselho, o investidor passa a mandar na empresa mesmo que seja um acionista minoritário.

5. Proteção intelectual

Segundo o diretor do Cietec, é importante certificar-se de que seus produtos estão seguros com patentes e registros antes de procurar um investidor. "Ninguém negocia investimento na casa do meio milhão se a questão da propriedade intelectual não estiver bem encaminhada”, explica.

6. Condições contratuais

O acordo de acionistas precisa ser bom para as duas partes. “Esse acordo é uma das peças fundamentais para o empreendedor porque ele vai ditar as regras de convivência”, diz Caetano.

Geralmente, o documento traz regras e indica em que situações, por exemplo, o empreendedor pode ser excluído do negócio. “Tem que ficar atento ao que pode prejudicá-lo no futuro”, sugere o conselheiro da associação.

7. Hora de vender

Entre as várias cláusulas do contrato, uma merece destaque, segundo os especialistas. “É a drag along, que dá direito a uma das partes, geralmente o investidor, a ‘dragar’ a outra parte para uma venda”, diz.

Ou seja, caso exista uma oferta pela empresa correspondente a um múltiplo pré-determinado do investimento e passado certo período, o investidor pode fechar a venda mesmo que o empresário não concorde. 

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