Warren Buffett aprova cortes de vagas em favor de lucros
A parceria de Buffett com a 3G Capital causou nervosismo entre os acionistas da Berkshire Hathaway devido as medidas “brutais” da 3G
Da Redação
Publicado em 4 de maio de 2015 às 20h46.
A parceria de Warren Buffett com a 3G Capital , firma de aquisições conhecida por eliminar postos de trabalho que o ajudou a fechar alguns de seus maiores negócios, causou nervosismo entre os acionistas da Berkshire Hathaway Inc., a empresa do bilionário.
A primeira pergunta realizada na reunião anual da Berkshire, no sábado, veio de um acionista do Texas que disse que estava “tendo azia” por causa das medidas “brutais” da 3G aplicadas às companhias que adquire.
Elas não combinam com a reputação de Buffett de ser um comprador de empresas mais benevolente, segundo o acionista.
“A eficiência é exigida ao longo do tempo no capitalismo”, disse Buffett no evento, em Omaha, Nebraska. “Eu realmente tiro o chapéu para o que o pessoal da 3G tem feito”.
Em pelo menos mais três oportunidades durante a reunião, Buffett, 84, e seu sócio empresarial de longa data, Charles Munger, falaram a respeito das práticas da firma de aquisições e sobre como elas se encaixam na estratégia mais ampla da Berkshire.
A 3G cortou mais de 7.000 postos de trabalho na H.J. Heinz, que paga à Berkshire um dividendo anual de US$ 720 milhões sobre sua participação de US$ 8 bilhões no capital preferencial.
“Nós não acreditamos na manutenção de profissionais extras”, disse Buffett, citando a eficiência da unidade de seguros Geico e o fato de a Berkshire ter apenas em torno de 25 funcionários em sua sede.
Munger o apoiou, dizendo que os cortes de vagas fazem parte do sistema capitalista, no qual a concorrência leva as empresas a aumentarem a produtividade.
“Não há dúvida de que essas ondas de demissões prejudicam as pessoas”, disse ele. Contudo, ele perguntou: “O que seria do nosso país se mantivéssemos todos na fazenda?”.
Heinz, Kraft
A Berkshire se associou pela primeira vez com a 3G, que tem o bilionário brasileiro Jorge Paulo Lemann como um de seus fundadores, para assumir a Heinz em 2013.
Embora cada firma possua metade das ações, Buffett deixou a gestão da fabricante de ketchup para a 3G.
Desde a aquisição, a Heinz eliminou empregos desde o chão de fábrica até a sede administrativa, em Pittsburgh.
Os cortes aumentaram as margens e forçaram outras empresas de alimentos e bebidas a avaliarem se estão suficientemente enxutas.
Em março, a Heinz anunciou que se combinaria com a Kraft Foods Group Inc. em um negócio engendrado pela 3G e por Buffett. A Berkshire será proprietária de cerca de um quarto da empresa combinada, que deverá passar por outra rodada de aperto.
Os administradores da 3G esperam eliminar US$ 1,5 bilhão em custos anuais da Kraft depois de assumirem a empresa.
“A associação deles com a 3G abre um leque de transações com as quais eles jamais seriam capazes de se envolver”, disse Bill Smead, que supervisiona US$ 1,4 bilhão na Smead Capital Management. “O mundo dos negócios é muito feroz”.
Ao longo de sua carreira, a especialidade de Buffett foi a compra de empresas, particularmente familiares, como a Nebraska Furniture Mart e a rede de concessionárias de carros Van Tuyl Group.
A Berkshire tem sido uma escolha atrativa para os vendedores porque Buffett promete manter o que compra e permite que os administradores fiquem à frente das operações.
Tolerância de Buffett
Essa estratégia ajudou Buffett a transformar a Berkshire em uma das maiores empresas do mundo nas últimas cinco décadas. Suas operações atualmente incluem seguradoras, companhias elétricas, fabricantes, empresas de varejo e uma das maiores ferrovias dos EUA.
“Buffett é, em sua essência, um capitalista”, disse Luke Sims, presidente do conselho da Sims Capital Management.
Embora as empresas às vezes precisem reduzir os custos e a folha de pagamento, ele “odeia tomar essas decisões por conta própria”.
Buffett disse no sábado que algumas empresas da Berkshire têm uma folha maior do que precisam.
“Eu não faço nada a respeito”, disse ele. “Mas isso não quer dizer que eu aprove. Eu basicamente tolero isso”.
Valor de participação | US$ 25,4 bilhões |
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Percentual de participação | 8,9% |
A companhia é um dos principais investimentos de Buffett. O banco, o maior dos Estados Unidos, tem valor de mercado de 265 bilhões de dólares.
Valor de participação | US$ 16,9 bilhões |
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Percentual de participação | 9,20% |
Buffett comprou as ações da Coca-Cola há 26 anos. Na época, alguns analistas pensaram que seria apenas questão de tempo para que outras empresas de bebidas reduzissem a participação de mercado da Coca-Cola. Mas estes analistas estavam errados. A Berkshire Hathaway é a maior detentora da Coca-Cola com uma participação de 9% no capital total da companhia.
Valor de participação | US$ 14,4 bilhões |
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Percentual de participação | 14,49% |
Buffett apostou na companhia após a perda de 50% do valor de mercado. Na época, ele observou as pessoas estavam começando a usar cartões de crédito em transações diárias e reconheceu o potencial da empresa para se tornar uma blue chip.
Valor de participação | US$ 12,7 bilhões |
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Percentual de participação | 7,03% |
A IBM é a exceção de Buffett ao investir em empresas de tecnologia. Quando Buffett comprou ações da companhia o mercado ficou surpreso devido a sua aversão as gigantes do setor. Ele já afirmou que não compra nem ações da Apple e nem do Google.
Valor de participação | US$ 4,4 bilhões |
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Percentual de participação | 1,82% |
Apesar da crise que a companhia enfrenta nos últimos anos, Buffett aumentou a sua participação na empresa.
Valor de participação | US$ 4,1 bilhões |
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Percentual de participação | 1,95% |
A companhia faz parte do porfólio da Berkshire Hathaway desde 1989. No anúncio da fusão da Gillette com a Procter & Gamble, Buffett aumentou sua participação na empresa e chegou a acumular 96 milhões de ações da empresa, mas recentemente diminuiu para 52,8 milhões.
Valor de participação | US$ 4,1bilhões |
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Percentual de participação | 0,96% |
Valor de participação | US$ 3,5 bilhões |
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Percentual de participação | 4,44% |
Buffett investe neste banco de maneira lenta e constante há anos. O investidor tem 80 milhões de ações da companhia.
Valor de participação | US$ 2,2 bilhões |
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Percentual de participação | 11,68% |
Valor de participação | US$ 2,1 bilhões |
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Percentual de participação | 2,87% |
Buffett é uma dos maiores acionistas do banco. O direito de se tornar sócio do Goldman surgiu no auge da crise financeira, quando ele investiu em títulos que lhe garantiam subscrever até 43,5 milhões de ações.