Negócios

Walmart é alternativa mais viável para Carrefour

Venda da unidade brasileira para a filial da rede americana evitaria problemas de concentração de mercado, ao contrário da operação com o Pão de Açúcar

Loja do Carrefour em São Paulo (Arquivo/EXAME) (Arquivo EXAME)

Loja do Carrefour em São Paulo (Arquivo/EXAME) (Arquivo EXAME)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de maio de 2011 às 08h42.

São Paulo – Apesar da alta nas vendas do Carrefour, puxadas pela América Latina e Ásia, a filial brasileira ainda enfrenta problemas na rentabilidade – o que levantou novamente especulações sobre a venda da unidade para o Pão de Açúcar, como publicou o jornal francês Le Journal du Dimanche.

Na opinião do consultor José Lupoli Jr., o Conselho Administrativo de Defesa Econômica barraria a operação. “A união das duas empresas geraria uma concentração de mercado muito forte. Por isso, a alternativa mais viável seria uma negociação com o Walmart.” Hoje, as dez maiores varejistas concentram 39% do mercado.

Segundo ele, a união com a filial da rede americana faria o mercado ter em competição dois oligopólios – o Pão de Açúcar e o Carrefour/Walmart. O Pão de Açúcar é a maior rede de supermercados do país com faturamento de 36 bilhões de reais em 2010. Na sequência está o Carrefour, com 29 bilhões de reais em faturamento. O Walmart ocupa a terceira posição com 22,3 bilhões de reais.

Procurados por EXAME.com, as redes se recusaram a comentar o assunto. O Walmart, presente em 11 países, recentemente contratou serviços de uma consultoria europeia para analisar oportunidades de fusões e aquisições. Por aqui, a empresa afirma que está sempre de olho na movimentação do mercado. "O Walmart do Brasil com certeza teria o apoio da rede global para efetuar a negociação com o Carrefour", diz Lupoli.

Na avaliação do consultor, a negociação entre Walmart e Carrefour seria até mais fácil por se tratar de grupos globais. Um dos complicadores da negociação com o Pão de Açúcar seria o grupo francês Casino, que detém 35% da rede brasileira.

“Obviamente seria interessante para a Casino aumentar sua participação no mercado brasileiro com o Carrefour, mas dificilmente as autoridades regulatórias permitirão a conclusão do negócio”, diz. “Seria uma dor de cabeça desnecessária para o grupo que já tem uma posição sólida no mercado do país.”


Depois do rombo de 1,2 bilhão de reais nas contas da operação brasileira do Carrefour, descobertos em novembro, a alta nas vendas locais não foram suficientes para sanar os problemas financeiros. Deixar o Brasil – o segundo maior mercado do grupo no mundo -- está fora dos planos do Carrefour.

A venda para a concorrência seria uma medida desesperada para recuperar suas contas. "Foi divulgado um valor do rombo, mas ele pode ter sido minimizado", pondera Lupoli. "Poderia ser uma quantia maior que levasse o grupo a essa decisão extrema de negociar a operação brasileira".

O próprio presidente da rede, o francês Lars Olofsson, reconheceu, na ocasião, que houve problemas. “O que aconteceu foi claramente um mau funcionamento”, afirmou ele durante teleconferência com analistas e investidores, segundo a agência Dow Jones.

Não seria a primeira vez que o Carrefour abandonaria um mercado. Para reforçar o caixa, a varejista francesa vendeu as operações tailandesas em novembro para, veja só, o concorrente Casino, por considerar que elas não eram rentáveis. Esse foi o oitavo país do qual o Carrefour saiu nos últimos sete anos.

Para justificar a decisão, a rede afirmou que sua perspectiva de crescimento no país não condizia com a estratégia de focar em países onde poderia ocupar a liderança. O caso brasileiro, no entanto, reforçaria a má gestão da empresa -- um ponto criticado por analistas -- e poderia colocar ainda mais em risco o futuro do Carrefour.

Segundo uma fonte consultada por EXAME.com, que conhece profundamente o setor varejista e que prefere manter seu nome em sigilo, seria uma grande estupidez por parte do Carrefour se as operações do grupo fossem desfeitas no país. "É certo que a rede francesa já viveu dias de glória no Brasil, mas o mercado brasileiro é ainda muito importante para a rede, principalmente pelo bom momento econômico que o pais enfrenta", disse.

Acompanhe tudo sobre:CarrefourComércioEmpresasEmpresas abertasEmpresas francesasNegociaçõesPão de AçúcarSupermercadosVarejo

Mais de Negócios

De hábito diário a objeto de desejo: como a Nespresso transformou o café em luxo com suas cápsulas?

Mesbla, Mappin, Arapuã e Jumbo Eletro: o que aconteceu com as grandes lojas que bombaram nos anos 80

O negócio que ele abriu no início da pandemia com R$ 500 fatura R$ 20 milhões em 2024

10 mensagens de Natal para clientes; veja frases